segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Relato de uma noite de verão...

Férias. Para uns é sinônimo de festas, para outros é sinônimo de encontrar com amigos distantes, e, para mais alguns, sinônimo de descanso. Bom, para mim as férias têm um único significado... insônia!

As férias fazem com que eu me desligue de tudo. Não tendo pensamentos para problemas, dilemas, coisas a resolver no dia seguinte. Sem trabalhos escolares, provas, coisas a estudar, textos a decorar, laboratório por fazer, pessoas para ver, ensaios para me preparar e apresentações para realizar. Nada ocupa a minha mente. Nem se quer as festas ou presentes. Nem sonhos ou amores. Nem amizades ou inimizades. Tristezas e felicidades, irritação ou paz. Nada ocupa minha mente durante a noite. É uma noite apática com um aparelho de televisão ligada em canais da rede aberta – é impressionante como, na madrugada, a rede de canais aberta consegue ser pior que nas tardes. O problema nesta paz noturna é justamente esse... A PAZ! Não há barulhos, não há preocupações, não há indagações nem dúvidas. Apenas um calor infernal, um ventilador ligado à meus pés, uma televisão quase muda e programada para se auto desligar e, consequentemente, a insônia. Não me vejo mais dormindo antes das 5 ou 6 da manhã. Um verdadeiro caos, já que odeio dormir até tarde. O fato de as férias me retirarem do stress da vida normal por um tempo até é agradável. Descansar por uma ou duas semanas é maravilhosos. Descansar por dois meses é completamente enlouquecedor. Preciso saber que, quando acordar, terei problemas e dilemas para resolver. Preciso das dores de uma paixão para poder dormir. Preciso de uma decepção ou de uma certeza. Preciso que minha mente esteja completamente cheia para que eu deite minha cabeça no travesseiro e possa dormir em paz. Parece que o pesar do stress me dá paz. Pode me enlouquecer durante o dia, mas, à noite, me dá paz. As férias me tiram essa certeza de que há problemas que realmente precisam da minha atenção. Os problemas do dia-a-dia não são tão importantes. A maioria é fácil de relevar. Mas os problemas que só um dia corrido de trabalho nos dá, estes sim me dão paz. A falta destes problemas me traz esse problema. A única namorada que realmente não tem o mínimo desejo de me abandonar é esta: insônia. Não se pode dizer que é de todo o mal, afinal ela me acompanha noite adentro, mas chega um momento que enche o saco! Minha avó não é como eu. A insônia dela é controlada. Ela decide quando quer ou não ter insônia. Ela fica acordada até as 4 da manhã e simplesmente fala: agora é hora de dormir. Ou pior, deita-se meia-noite e apenas diz: hoje não terei insônia! E dorme.

Minha insônia ainda tem vontade própria. Tanto tem que fez com que eu me levantasse da cama, tomasse um copo d’água, colocasse um filme no DVD, ligasse o computador e começasse a digitar este texto. É impressionante, pois os bocejos que m chegam são extremamente fortes. Feitos para derrubar um boi. Mas são apenas bocejos. Contínuos bocejos que se repetem num intervalo de tempo de segundos. Mas nada das pálpebras ficarem pesadas, do olho arder, do corpo ficar cansado a ponto de não conseguir mais se agüentar sentado e precisar deitar. Meu corpo ainda agüenta. Minhas pálpebras continuam leves e meu olho ainda está marejado pelas lágrimas do bocejo. Nada de sono, nada de cansaço, nada de nada. Só este calor infernal que o ventilador tenta amenizar. Tem sucesso em determinados momentos, mas quando o carnaval chegar sei que vou me fuder de verde e amarelo. Detesto verão. Detesto calor. Detesto insônia. Detesto estar acordado às 3:58 da manhã pensando que nenhuma alma viva lerá este texto que será publicado no meu blog. Se isso fosse um testamento eu estaria ferrado. Ninguém leria. Ninguém se quer tomaria conhecimento até o fim das festividades. Veja que maravilha, meu nariz começou a escorrer, deve ser o vento que não está me fazendo bem. Mas antes morrer de frio do que tostar neste calor infernal. Vejam, 3:59, provavelmente este texto só será publicado às 4:3 mais ou menos. Sim, por aí. 4:00 agora. Enfim, vou começar a fuçar internet à fora esperando algum e-mail noturno. Ninguém costuma ficar acordado à essa hora, e os que ficam não pretendem conversar. As luzes da sala se apagaram. A insônia de minha avó já se foi e a minha continua. Vou parar por aqui, antes que isso acabe virando um livro.


Boa noite para aqueles que conseguirem. 4:02 agora. Tenho 1 minuto para publicar este texto. Acho que às 4:05 ele estará publicado.


BC.

Nenhum comentário: