quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A leve e deliciosa "Madrugada" de Mart'nália


Vale à Pena Ouvir de Novo
Opinião de Cd
Título: Madrugada
Artista: Mart'nália
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: ****
Ano de lançamento: 2008

Mart’nália já provou que é uma das sambistas mais interessantes surgidas nessa nova lavra. Mas a cantora não é de agora. A filha de Martinho da Vila já vem tentando conquistar seu lugar ao sol desde 1987, quando lançou seu primeiro disco, Mart’nália. A cantora continuou tentando conquistar espaço e, em 1997, lançou Minha Cara. Mas o reconhecimento veio mesmo apenas em 2002, quando a cantora lançou Pé do meu Samba, um dos discos de destaque daquela época. Daí a cantora partiu pro abraço e lançou, em 2005, Mart’nália Ao Vivo, Menino do Rio em 2006 e Mart’nália Ao Vivo em Berlim no mesmo ano de 2006, contando com as participações de Chico Buarque e Luiz Melodia. A cantora lança, pela Biscoito Fino, Madrugada, seu melhor disco. O álbum traz uma Mart’nália mais solta e voltada para o samba do modo que realmente gosta: livre, leve e solta.

“Alívio” abre o disco. Quem ouvir esta primeira faixa pode tirar conclusões precipitadas do conteúdo do disco como um todo. Acontece apenas que o reggae de Djavan e Arthur Maia não se adaptou com exatidão na voz da sambista. A segunda faixa, “Tava por Aí”, já denuncia a verdadeira essência despretensiosa e gostosa do álbum. Parceria de Arthur Maia, Ronaldo Barcellos e da própria Mart’nália, “Deu Ruim” é uma faixa gostosa do álbum, o qual parece ambientado nas deliciosas noites de samba da Lapa (Rio de Janeiro). “Ela é Minha Cara” é outro ótimo momento do álbum. Mart’nália não tem problema de se entregar a um bom samba, e cai de cabeça em “Não Encontro quem me Queira”, de Thiago Mocotó. “Sai Dessa” é quase como um encerramento de um bloco iniciado com “Deu Ruim”. Costura perfeita. E uma canção com letra e suingues de destaque no álbum. “Batendo a Porta” tem uma ambiência deliciosa, chegando até a roçar a delícia das composições de sambistas dos anos 30. Delícia. “Fé” é outro grande momento de um álbum repleto de grandes momentos. Uma canção hit por si própria. Se “Angola” não consegue destaque (mesmo com seu ritmo inspirado), “Alegre Menina” é belo momento do álbum, que conta, inclusive, com os vocais de Luiza Possi. “Sem Dizer Adeus” é um belo samba-pop. Forte concorrente a hit. Um dos ápices do álbum. Mart’nália já tem sua assinatura e já conseguiu construir seu bom nome. Tanto é verdade que a cantora não se intimida em visitar o repertório do pai, o compositor Martinho da Vila. Mart’nália se arrisca a reviver “Tom Maior”, uma das canções mais belas da safra de Martinho. E a cantora se sai bem na defesa, e encerra o álbum alegre, viva e pra cima na pulsante “Don’t Worry, Be Happy”.

Madrugada é um disco inspirado, leve e interessante. Mercê destaque dentro da (pequena) rica discografia de Mart’nália. Valeu.


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