segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

"N9ve" evita excessos, mas não a falta de inspiração


O Que não foi Dito
Opinião de Cd
Título: N9ve
Artista: Ana Carolina
Gravadora: Sony Music
Cotação: ***

N9ve, o disco que comemora os 10 anos de carreira de Ana Carolina, pode não reeditar a beleza dos primeiros álbuns da cantora e compositora mineira, mas é superior ao seu antecessor álbum de estúdio, o excessivo Dois Quartos. N9ve contém apenas 9 faixas, enquanto Dois Quartos continha 24.

O disco conta com a produção Alê Siqueira, Mário Caldato e Kassin, que moldam arranjos luxuosos às canções.

“10 Minutos” é a faixa que abre o disco. O tango eletrônico produzido por Alê Siqueira e composto por Ana Carolina e Chiara Chivello é um dos destaques do álbum. Ana ainda é uma boa compositora, pena que as canções deste novo trabalho não reeditem a beleza e inspiração de seus primeiros álbuns. “Dentro”, por exemplo. A segunda faixa do disco tem bela melodia, mas com letra fraca. Quando Ana compõe sambas ainda se sai bem. Mesmo sem a beleza melódica de “Vestido Estampado” ou a jovialidade de “Cabide”, o samba “Tá Rindo, é?” consegue se destacar na safra de inéditas da cantora. O disco conta com participações especiais de artistas internacionais. John Legend canta com Ana na fraca “Entreolhares”. A canção bilíngüe cantada por Ana e Legend tenta reeditar a fórmula usada por Vanessa da Mata e Ben Harper na canção “Boa Sorte/ Good Luck”, hit de 2006/ 2007.

Ana parece não ter mais inspiração para compor grandes hits pop, mas ainda sabe contar histórias. A prova disso é a interessante “Era”. Mas Ana às vezes passa dos limites e acaba cansando com “8 Estórias”, canção que agrega nome de mulheres numa história chata. Ana abriu um leque de parceiros internacionais, o qual conta com a boa contribuição de Chiara Chivello que, além de compor, participa da belíssima “Resta”. O leque também conta com Gilberto Gil, que colocou letra num samba de Ana e Mombança. “Torpedo” consegue destaque no álbum, apesar da melodia pouco inspirada. A canção que fecha o álbum é a fraca “Traição”, que conta com o piano de Daniel Jobim e com o baixo e voz da jazzista americana Esperanza Spalding. A faixa não é a mais inspirada do álbum, mas também não soa como um dos piores momentos.

N9ve não é um grande disco na carreira de Ana Carolina (que veio de ótimos álbuns como Ana Carolina, Ana, Rita, Joana, Iracema e Carolina e Estampado), mas serve muito bem para tirar a má impressão do último álbum da cantora, o duplo Dois Quartos. O problema de Ana Carolina é que a qualidade das composições vem decaindo com o passar do tempo, fazendo com que a cantora não pareça mais ser aquela compositora inspirada de áureos tempos. Algumas soam até preguiçosas. O que realmente salva N9ve é a falta de excesso (tanto nas faixas quanto nos arroubos vocais da cantora) e na luxuosa produção da troupie Alê, Caldato e Kassin.


Nenhum comentário: