terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A graça do “Romance” de Orth é diluído no disco.


O Que não foi Dito

Opinião de Cd
Título: Romance Vol. II
Artista: Marisa Orth
Gravadora: Lua Music
Cotação: ** 1/2


Atriz que sempre transitou com intimidade pelo meio musical (mesmo sem ter grandes dotes vocais), Marisa Orth se impôs como uma atriz e cantora performática desde os anos 80, quando fazia parte da banda Luni, e depois, nos anos 90, com a performática banda Vexame. A atriz vem apresentando desde o final de 2008 e, ao longo de 2009, um novo show performático. Romance Vol. II é o título tanto do show quanto do disco, editado entre agosto e setembro deste ano de 2009 pela Lua Music.

O show de Orth tinha seu charme e encanto devido seus dotes cênicos, mas este mesmo show tem seu encanto diluído quando chega ao estúdio. Acontece que as canções são boas, os arranjos são bons, os músicos são bons, mas Marisa Orth é uma cantora apenas mediana.

A primeira parte do disco tem tom de um cabaré cinematográfico. Os arranjos de “Minha Fama de Mau” (Erasmo Carlos/ Roberto Carlos), por exemplo, fazem alusão ao filme de James Bond. Canção lançada na década de 80 pela banda Luni, “The Best” aparece revestida num arranjo jazzístico, enquanto “Fruto Proibido” (Rita Lee) é apresentado num arranjo digno dos filmes à lá anos 40. Pura performance de arranjo. Pena que Marisa não tenha o mesmo talento como cantora. Uma das melhores faixas do disco é “Você não é Capaz”, que reedita (com algum êxito) a idéia performática do show. Uma das músicas de maior sucesso do show, “Insanidade Temporária” perde a graça no disco. Assim como “Obsessão”, que se torna completamente desnecessária.

A falta de dotes vocais de Marisa faz com que grandes músicas como “Lama” e “Demais” soem apáticas. Até a balada dor-de-cotovelo lançada por Tim Maia, “Sofre”, soa chata. O disco só volta a ser interessante (como no início) nas últimas três faixas. “I’m Not in Love” ganha pontos pelo diálogo final ensaiado por Marisa, assim como “Amor” (canção lançada pelo grupo Secos & Molhados na década de 1970) se salva pelo ritmo swingante. A faixa que fecha o disco, “As Dores do Mundo”, tem a beleza da letra ressaltada pelo belo arranjo, que até consegue “camuflar” a falta de decoro vocal de Marisa.

O repertório é bom, a banda é boa, os arranjos são bons, mas só falta uma cantora à altura. O Cd não deve ser levado tão à sério quanto ao show. Aliás, o projeto que Orth concretizou seria bem mais proveitoso se fosse um DVD que registrasse o bom show Romance Vol. II.

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