domingo, 29 de maio de 2011

Erasmo prepara "Sexo" com produção de Liminha


Enquanto dá o ponta pé final de sua bem sucedida (e ótima) turnê Rock'n'Roll, Erasmo Carlos encerra a produção de seu novo álbum, Sexo. Com lançamento agendado pela Coqueiro Verde Records para o início do segundo semestre de 2011, o álbum conta com a produção de Liminha (mesmo produtor de Rock'n'Roll, o disco). Aguardar.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

"Marina Lima é para mim o melhor da música pop"


"Marina Lima é para mim o melhor da música pop neste país. Suas harmonias são lindas, sofisticadas e ao mesmo tempo tocam o coração de qualquer classe social. Um dia farei um show só cantando canções de Marina Lima" declarou Fafy Siqueira para mim no facebook. A atriz (que estará no elenco do musical As Bruxas de Eastwick) mostrou-se muito fã da cantora ao ver um link sobre o novo álbum de Marina, Clímax, que chega às lojas dia 08 de junho. Estou batalhando para, em breve, fazer uma entrevista com Fafy para este blog. Torçam por mim.

Boletim Clímax: O disco sai dia 08


E já está confirmado! Sai no dia 08 de junho o álbum Clímax. Com produção de Edu Martins o álbum conta com parceirias de Marina com Samuel Rosa, Karina Buhr e Edgar Scandurra, Adriana Calcanhotto e um dueto com Vanessa da Mata. Só a gravadora ainda não foi divulgada.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Pecaminosa, "Cabaret Luxúria" é peça deliciosa


Opinião de musical
Título: Cabaret Luxúria
Texto: Rachel Ripanni
Versões: Pedro Paulo Bogossian e Guilherme Terra
Elenco: Rosi Campos, Rachel Ripani, Bruno Perillo e banda Tango e Perfume
Direção: Bruno Perillo e Helen Helene
Cotação: *** 1/2

Luxúria, talvez o pecado mais pecaminoso de todos, é o tema de Cabaret Luxúria, espetáculo em cartaz em São Paulo até o mês de junho no Centro do Cultural do Banco do Brasil. O pecaminoso tema é envolto com delicioso clima noir que tem adornos de tango e jazz em ambiência burlesca. Um espetáculo perfeito para as noites frias de São Paulo.

O texto de Rachel Ripani conta a história de uma cabaret localizado no inferno e encabeçado por Lilith (Rosi Campos), primeira esposa de Adão e atual esposa/ mãe/ dona de Memphis (Bruno Perillo), cantor, gigolô e pau-pra-toda-obra. A história se desenrola quando uma garota, Justine (), chega ao cabaret e inspira uma aposta entre Lilith e Memphis. Se ele conseguir conquistar o amor da garota ganha a liberdade. A peça é um tratado sobre a paixão, o sexo e o amor. O texto mostra de forma explicita o quanto estes três itens podem ser iguais e ao mesmo tempo muito distintos. Mas o grande trunfo do espetáculo não está exatamente no texto, mas sim nas canções. Com grandes clássicos que vão de Chico Buarque (“Tango de Nancy” e “Atrás da Porta” – parceria com Francis Hime) até Tom Waits (“Everything Goes to Hell” que ganhou boa versão intitulada, “Tudo vai pro Inferno”). O musical conta também com ótima banda, intitulada de A Banda das Perdidas, o grupo Tango e Perfume mostra-se afiado ao pilotar instrumentos típicos do tango e do jazz. Mas a grande surpresa está em Rosi Campos. A atriz mostra-se muito bem preparada para encarar um musical, principalmente quando apresenta pelo dueto com Rachel Ripani num delicioso medley que une “Atrás da Porta” com a deliciosa “Ne me Quitte Pas” (Jacques Brel). É sublime. As versões de Pedro Paulo Bogossian e Guilherme Terra são ótimas e a direção de Bruno Perilli e Helen Helene é muito competente.

Enfim, Cabaret Luxúria é um espetáculo delicioso que vale à pena ser assistido. Confiram!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Marina pode não lançar "Primórdios", o DVD.


E os fãs de Marina Lima que acompanharam de perto a batalha da cantora pelo lançamento do DVD de seu show Primórdios podem acabar dando com os burros n'água. Acontece que a cantora declarou em seu twitter que o DVD poderá não mais ser lançado, por ter passado do tempo. O DVD foi gravado em 2006 no Auditório do Ibirapuera em São Paulo. Primórdios foi um dos melhores (e maiores) shows da carreira de Marina Lima, que contou com direção de Monique Gardenberg. Aguardar...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Boletim Clímax: Eis as canções


Marina Lima divulgou as 11 canções que irão compor o repertório de Climax, seu álbum que chega às lojas na primeira semana de junho. Eis abaixo o repertório divulgado pela cantora, que conta com participações de Arnaldo Antunes, Samuel Rosa, Vanessa da Mata e Karina Buhr:

1- Não me Venha mais com o Amor
2- Sampa Feelings
3- Lex
4- Keep Walking
5- A Parte que me Cabe (part: Vanessa da Mata)
6- De Todas que Vivi
7- Call Me
8- Doce de Nós
9- Desencanto (part: Karina Buhr)
10- As Ordens do Amor (part: Arnaldo Antunes)
11- Pra Sempre (part: Samuel Rosa)

Vem aí: Som Brasil Marina Lima


Essa é uma notícia que para os fãs de Marina Lima não chega a ser uma grande novidade, mas é sim uma das melhores notícias do mês. A cantora gravará nos dias 28, 29 e 30 de maio o programa Som Brasil dedicado a sua obra. A cantora está em reunião com os executivos da Globo para decidir quais serão os convidados.
Meus eleitos? Ana Cañas, Karina Buhr, Marcelo Jeneci e Tulipa Ruiz.
Aguardar...

terça-feira, 10 de maio de 2011

"O Último Jantar" ganha adaptação teatral


Livro lançado por Vera Lúcia Marinzeck (psicografado para o espírito Antonio Carlos), O Último Jantar ganhará versão para o teatro quase 10 anos após seu lançamento. Com direção de Mário José Cutolo e produção da Alma & Espírito Ltda. a peça tem estreia agendada para o segundo semestre de 2011. O elenco será composto pelos atores da Cia de Artes Alma & Espírito.
O espetáculo conta a história do assassinato de Lia que, após passar para o mundo dos espíritos, não aceita sua morte e culpa a escritora Mary - que na última encarnação escrevia livros policiais - por influenciar com seus livros o assassino. A peça será a segunda estreia da Cia no ano de 2011. Em julho ocorrerá a estreia de Rascunhos Contemporâneo. Aguardar.

Over the Rainbow - Judy Garland

Cláudia Netto será Judy Garland em peça


Caberá a Cláudia Netto (que na foto acima encarna Linda Batista na série Dalva & Herivelto - Uma Canção de Amor) viver Judy Garland na peça Judy - O Fim do Arco-Íris, próxima produção da dupla Möeller e Botelho para este ano de 2011. O espetáculo é a versão brasileira de Judy - End of Rainbow, peça de Peter Quilter que ganhou os palcos em 2010 em Londres. O espetáculo não é exatamente um musical, apesar de contar com algumas canções no roteiro. Cláudio Botelho (versionista e diretor musical do espetáculo) decidiu por inserir algumas canções como "Over the Rainbow", clássico de O Mágico de Oz, eternizado por Garland no papel de Dorothy. A peça conta a história de Judy 6 meses antes de sua morte, já decadente, com contas a pagar e viciada em remédios. A atriz morreu aos 47 anos por overdose de remédios em Londres.
Esta não é a primeira vez que Cláudia vive Judy Garland no teatro. Em 1995, ao lado de Cláudio Botelho, a atriz protagonizou Fred e Judy - As Canções de Fred Astaire e Judy Garland. A estreia do espetáculo aind anão tem uma data confirmada, mas adeve acontecer entre os meses de outubro e novembro de 2011. Aguardar.

"Violinista" estreia dia 20 com grande orçamento


Estreia no Teatro OI Casa Grande (Rio de Janeiro) no dia 20 de maio o musical Um Violinista no Telhado, mais um espetáculo da dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho. Este é o espetáculo mais caro criado pela dupla, que conta com um orçamento de R$ 7 milhões com 41 atores (entre os 6 e 78 anos), 160 figurinos e 13 cenários. O elenco é encabeçado por José Mayer e Soraya Ravenle.

domingo, 8 de maio de 2011

Para as mamães


Uma singelíssima, delicadíssima e especialíssima homenagem a todas as mães deste mundo de meu Deus. Com todo o carinho para todas (principalmente para a minha). Luiza Possi canta para a sua mãe e para todas! "Minha Mãe".


quarta-feira, 4 de maio de 2011

Entrevista com Marina Lima!


Cantora, compositora, instrumentista e hitmaker, Marina Lima é um dos maiores ícones pop das décadas de 80 e 90 e é também a personalidade que encerra o especial de entrevistas de aniversário por aqui. Escolhi a Marina por ela ser a responsável pela minha inclusão no cenário artístico e por ela fazer parte da minha vida com suas canções e declarações, além de ter se tornado uma pessoa muito querida. Marina me concedeu esta entrevista especialmente para comemorar meu aniversário dentro destes projetos das 4 entrevistas. Decidimos por tratar pouco de trabalho e fazer algo mais descontraído. Falamos de Rita Lee, Cabala, Marina atriz, sua relação com fãs e internet, sua vontade de iniciar uma parceria com Vanessa da Mata e muito mais. "O Brasil é uma país extremamente musical, as pessoas sabem apreciar música, independente da classe social" declarou a cantora. Tive o prazer de contar com a ajuda da minha querida amiga e jornalista Priscila Toller, que só decidiu estudar jornalismo para um dia entrevistar Marina. Eis que finalmente o dia chegou. Marina está às voltas com o lançamento de seu novo disco, Clímax, que tem lançamento agendado para a primeira semana de junho. No entanto não tratamos de trabalho tão afundo. A ideia foi outra e, juntos, construímos algo mais leve. Agora com vocês a última entrevista destas 4 com o ícone pop dos anos 80 e 90, cantora de sucesso, compositora de prestígio e amiga querida. Agora com vocês Marina Lima:


Priscila Toller: Nestes mais de 30 anos de carreira você conquistou um público fiel e adorador de seu trabalho que sempre se renova a cada geração. Como é sua relação com os fãs hoje em dia? Qual a importância que eles têm para você?

Marina Lima: A internet me aproximou muito do meu público. Essa oportunidade de twittar, postar vídeos, blogs, etc me deu um feedback extremamente positivo e estimulante. Adoro conversar, trocar, rir com as pessoas na internet. Faz parte do meu dia a dia.

Bruno Cavalcanti: Há alguns anos atrás você disse querer reencontrar seu público. Hoje, 2011, uma década após seu retorno aos palcos, quatro álbuns depois e turnês de sucesso como Topo Todas Tour que a levou a lugares afastados como Conceição do Mato Dentro e apresentações vitoriosíssimas em locais de apelo popular, como a Virada Cultural. Você acha que conseguiu reencontrar um grande público? Ou Marina Lima tornou-se uma cantora para um público restrito?

ML: Os dois. Me sinto muito bem recebida , tanto em shows como o da Virada Cultural (onde havia uma multidão de 120 mil pessoas) como em lugares mais fechados, como o Baretto (aonde cabem 70 pessoas). O Brasil é um país extremamente musical, as pessoas sabem apreciar música, independente da classe social.

BC: No Brasil você foi a primeira pessoa de fama a aderir publicamente aos ensinamentos da Cabala. Como a Cabala entrou em sua vida?

ML: Uma amiga, Joyce Pascowitch, me falou sobre a Cabala e me deu o telefone de um grande professor, Schmuel Lemle. Comecei a fazer aula e nunca mais parei. A Cabala trouxe um entendimento e consequentemente um equilíbrio para a minha vida. Hoje ela é imprescindível pra mim.

BC: Marina Lima como público. Teatro, música, cinema. O que você tem ouvido e visto ultimamente?

ML: Esses últimos seis meses fiquei totalmente voltada pra esse Cd novo, Clímax. Hoje terminei o Cd. Espero poder me atualizar nos filmes, peças e Cds que ainda não tive a oportunidade de ver e ouvir...

BC: Sua importância dentro do cenário musical brasileiro é grande. Como você lida com a ideia de ser uma das revolucionárias do cenário musical?

ML: Olha, sou ambiciosa, procuro fazer o melhor nesse meu ofício que é a música popular. Fico muito feliz quando percebo que fiz algo acima da media. Trabalho e me esforço pra isso.

BC: Há alguém com quem você gostaria de ter como parceiro?

ML: Aqui no Brasil? Sim. Quero compor com a Vanessa da Mata. Sinto que pode rolar uma bela parceria.

BC: Marina Lima atriz. Você já fez pontas em alguns curtas. Há a possibilidade de você voltar a se aventurar como atriz?

ML: Não, não dou pra isso! (risos). Gostei de ter participado do curta que fiz com a Monique Gardenberg, Diário Noturno, foi muito divertido, uma brincadeira. Mas à sério não sei fazer mesmo...

BC: Uma vez você declarou que a Rita Lee a convidou para compor por e-mail e você recusou, por precisar ter o mínimo de intimidade com quem compõe. Essa parceria tem alguma chance de acontecer hoje em dia?

ML: Eu gostaria muito. Acho ela maravilhosa! Seria um prazer ter uma parceria com a Rita.

BC: Para encerrar: o que diferencia a Marina Lima cantora, compositora e instrumentista da Marina Correia Lima dona de casa, twitteira e mãe (e avó) de seus cães?

ML: Na realidade, sou a mesma. Tenho a mesma personalidade nas coisas que faço, dentro ou fora da música. Os mesmos defeitos e qualidades. (risos).



BC: ML querida, obrigado pela entrevista e pelo carinho. Sabes o quanto te admiro. Tudo de bom no novo trabalho. Um beijo. Bruno.



ML: Valeu querido e feliz aniversário!! ;-)) beijo grande e tudo de melhor pra você. Marina.



Apoio e colaboração: Priscila Toller


Agradecimentos: Rodrigo Vinhas e Libertá Produções

terça-feira, 3 de maio de 2011

Entrevista com Ivana Domenico



Cantora, atriz, amiga querida e referência dentro do circuito carioca do teatro musical, Ivana Domenico já esteve presente em algumas das montagens mais importantes do teatro musical no Brasil, dentre elas 7 - O Musical, Ópera do Malandro, Lado a Lado com Sondheim, As Malvadas e Hairspray e agora prepara-se para estrear um show de jazz. A atriz me cedeu uma longa (e deliciosa) entrevista, onde foi aborado o assunto carreira, a situação cultural no Brasil, idade, projetos futuros, além de abordar seu sucesso como cantora na década de 90, fazendo frente ao maior ídolo rock da época, Cássia Eller. Ivana ainda define o termo "cantriz" e diz que, num país onde tudo é rotulado, este rótulo é bem interessante. Também abre espaço para uma possível produção conjunta comigo. Abaixo a entrevista com aquela que chamo (e sempre chamarei) de "Rainha ds musicais".


Bruno Cavalcanti: Você esteve em cartaz em musicais importantíssimos como 7 – O Musical, Ópera do Malandro, Cole Porter – Ele Nunca Disse que me Amava, Hairspray, Sassaricando e Lado a Lado com Sondheim. Qual o sentimento de saber que você está ligada diretamente com os musicais que mais marcaram história no Brasil?

Ivana Domenico: É um privilégio poder participar desse renascimento dos musicais no Brasil. E mais feliz ainda fico em poder afirmar que eu fui uma das pioneiras juntamente com outras "cantrizes" tão maravilhosas. Certamente é um grande privilégio

BC: Dentre os nomes do teatro musical você é uma grande referência. Como nasceu sua carreira no teatro musical?

ID: Eu sou basicamente uma cantora, que fez um pouco de teatro, mas, inicialmente fui lançada como cantora de Rock nos anos 90. Isso rendeu um certo sucesso e um “buxixo” se formou pela cidade. Também participei de alguns programas de TV como: Jô Soares Onze e Meia, Serginho Groisman, Sem Censura. Até que, depois que voltei dos EUA, a dupla genial Charles Möeller e Cláudio Botelho estavam procurando uma quinta mulher para fechar o elenco de seu primeiro musical enquanto diretores, As Malvadas. E foi com uma indicação da cantora Gottsha, que me conhecia desse show de Rock, que fui parar dentro da casa dos dois, e onde eles fizeram o convite. De lá pra cá, pude participar de grandes montagens da dupla, sendo a "cantriz" que mais fez trabalhos deles até hoje. E posteriormente também trabalhar com outros diretores como Paulo Afonso de Lima, Wolf Maia e Miguel Falabella.

BC: Você e uma das atrizes que mais fez musicais da grife “Möeller e Botelho” (disputando o título com Ada Chaseliov apenas), qual sua relação com a dupla?

ID: Minha relação é de gratidão pela confiança que eles sempre depositam em mim para desempenhar papéis que saem (ou não) da cabeça deles. Já tive o privilégio de terem sido criados para mim personagens como a lendária Pombinha Vanessa (Cole Porter - Ele Nunca Disse que me Amava) e a Ariranha Assassina (Cristal Bacharach). Como não agradecer por esses momentos? E claro, temos uma relação de carinho, afeto, respeito, e isso é muito bom. Somos amigos. Eu adoro aqueles dois, que até hoje chamo de "meninos"…

BC: No mercado musical há uma elite chamada de “cantrizes”. Você se sente uma “cantriz”? Sabe definir o que vem a ser uma “cantriz”?

ID: Acho criativo esse nome, cantriz. E uma boa maneira de definir o que somos, ou o que fazemos. Já que tudo nesse país precisa de um rótulo, esse é bem bacana. É normalmente usado para definir atrizes que cantam, ou cantoras que atuam. Exemplo: a Cláudia Raia é uma atriz que pode cantar; Eu sou uma cantora que posso atuar. Às vezes tem uma coisa que você desempenha melhor que outra. Mas existem muitas boas profissionais que fazem tudo muito bem. Um dia eu chego lá.

BC: Sua presença no teatro é quase certa, no entanto é extremamente raro vê-la na TV. Por quê? É uma escolha sua fazer apenas teatro ou faltam convites para migrar para a televisão?

ID: A televisão nunca foi um sonho. E por incrível que pareça, nem o teatro. Foi uma porta que se abriu, e graças a Deus nunca mais se fechou, pois me tornei uma apaixonada pelo teatro musical, e não consigo imaginar minha vida sem ele. Foi ele que me deu tudo o que eu tenho, e tudo o que conquistei. Já fiz algumas coisas para TV sem muita importância ou destaque. E realmente nunca foi meu foco. O grande sonho da minha vida é ser cantora. Só cantora. Por isso nunca me esforcei para ir para a TV. Sempre achei que fosse enveredar de vez para o caminho da cantoria.

BC: Você fez Lado a Lado com Sondheim, a primeira montagem do musical na América do Sul. Qual a emoção de saber da presença de Sondheim na plateia?

ID: Eu já conhecia o Sondheim de uma outra vez que ele esteve presente em uma montagem dos "meninos", o Company. E já ali, havia ficado emocionada com sua presença pela grande importância que ele tem dentro do Teatro Musical mundial. Mas saber que ele está te vendo, é realmente algo indescritível… parece até uma mentira de tão maravilhoso que essa possibilidade possa ser. E ele é um gentlemam, além de magnífico naquilo que faz. Ele é único. Não existe ninguém que se compare a ele no mundo hoje em dia.

BC: O teatro musical atingiu um patamar de excelência no Brasil que faz com que não devamos nada a Broadway. No entanto a grande massa não tem acesso aos musicais que ficam restritos muitas vezes à elite ou à classe média de maior conhecimento cultural. Você concorda com a falta de massa popular no teatro musical?

ID: Isso não acontece só com o Teatro Musical aqui no Brasil. As grandes massas mais populares não tem acesso à cultura de nenhuma espécie. E é muito triste. Lamentável, eu diria. Sinto, mas infelizmente eu sozinha não posso fazer nada. Cultura e Educação não são prioridades no Brasil. Aliás, nada é prioridade aqui. Não temos um sistema de saúde digno; não temos uma polícia digna; não temos saneamentos dignos; não temos comida digna, empregos… não temos políticos dignos. Ah, temos a roubalheira digna, isso temos. Daí, diante de tudo isso, o que eu, uma simples artista posso fazer? Aqui no Rio, ainda existe uma lei muito legal que permite que a grande massa da população possa assistir as peças que estão em cartaz na rede Municipal de teatros. É chamado "O dia de 1 real". Onde o povo só paga 1 real para ver essas peças. E posso afirmar, que "O dia de 1 real" é o dia mais emocionante e gratificante que eu, como artista e como ser humano já pude presenciar na minha vida. Viva "O dia de 1 real"!

BC: Em toda a sua carreira, quando você olha para trás, há algum momento, algum trabalho, do qual você mais se orgulhe? E há algum que você se arrependa de ter feito.

ID: Tudo o que eu já fiz tem um valor muito grande pra mim. No sentido de aprendizado em todos os aspectos. Não me arrependo de nenhum espetáculo que eu tenha feito, porque tenho o privilégio de ter feito somente coisas boas. Mas existe um, em particular, que não gosto de me lembrar de como éramos tratados pela produção do mesmo. Mas que era muito bom de fazer. Não acho elegante mencioná-lo. Do resto só tenho lembranças maravilhosas, mas não posso deixar de ressaltar o dia da estreia de Cristal Bacharach, onde no número da Ariranha, a plateia não se conteve e fui ovacionada por mais de dois minutos com todos de pé no final do número
“Don't Make me Over”. Aquele momento levarei para sempre.

BC: Dentro do teatro musical você já trabalhou com diversos diretores, dois dos mais conhecidos foram Miguel Falabella e a dupla Charles e Cláudio. Você pode definir como é trabalhar com esta variedade de diretores?

ID: Eles vêm de escolas diferentes. Cada um com suas particularidades e forma de trabalhar. Gosto e respeito muito todos eles. Pra mim sempre será um prazer tê-los como parceiros de trabalho. E sempre será um grande e bom acontecimento trabalhar com todos. São todos maravilhosos.

BC: Ivana Domenico como espectadora. Qual seu musical favorito?

ID: Meu musical favorito é: Tommy, a ópera rock do The Who. Como uma boa roqueira, não posso negar as raízes. Também acredito que We Will Rock You deva ser maravilhoso. Só as músicas do Queen já valem o espetáculo. Nem precisa ter uma história boa. (risos.) Acho que te decepcionei, né? Desculpe.

BC: Atores e atrizes favoritos?

ID: Existem colegas de profissão que são realmente muito bons no ofício. Não tenho um(a) favorito. Não acho elegante falar muito bem, ou muito mal.

BC: Você trabalha constantemente com musica. É uma ouvinte ávida ou prefere o silêncio?

ID: Acho que se um dia eu fosse proibida de ouvir música, ficaria louca. Meu pai sabia disso, e a forma que ele encontrou de me punir por não ter conseguido boas notas no colégio, foi confiscando meus discos e meu rádio. Acho que isso responde tudo. (risos)

BC: Há algum trabalho (dentro ou fora do teatro) que você deseje fazer e ainda não tenha feito?

ID: Eu queria fazer o papel da Tina Turner em Tommy. Ela é a Acid Queen. Uma pequena aparição, mas que rouba a cena, claro.

BC: Os fãs de Ivana Domenico como são (sem contar a mim)? São do tipo que gritam por você se te encontram na rua ou são do tipo mais calmo, com os quais você poderia parar para tomar um Chopp?

ID: Meus fãs são óptimos, como você. Sou amiga de vários deles. Saímos pra tomar café, vamos a shows juntos, cinema, enfim… Adoro! São meus amores.

BC: Ivana fora dos palcos? Como é sua personalidade? Seus medos e esperanças? Como é a Ivana dona de casa que cuida da cachorrinha e dos afazeres domésticos?

ID: Eu tenho uma personalidade bem forte, pois perdi minha família bem antes dos 30. Isso fez com que eu criasse uma armadura para me proteger do mundo. Mas lá no fundo sou uma menininha. E uma palhaça também. Sou uma boa dona de casa e mãe também. (risos). Tenho medo da solidão e de morrer sozinha. E sonho em um dia só poder cantar e viver dignamente só fazendo isso.

BC: O maior sonho de Ivana Domenico profissional e pessoal?

ID: Queria muito ter uma família novamente. E queria muito ser uma cantora de nome, conhecida e respeitada no mundo todo. Não quero ser a Madonna. Quero ser a IVANA! (risos)
BC: Agora revela só pra mim: Há algum trabalho novo em vista?

ID: Estou montando um show de Jazz com uma pegada teatral. E um visual meio burlesco. Meu cabelo voltará a ser preto. Em breve. Não se assuste. Vou ver também se EU não me assusto, né?(risos)

BC: A Ivana Domenico cantora tem a mesma visibilidade da Ivana Domenico atriz?

ID: A Ivana cantora está a muito tempo adormecida. Mas esse ano ela vai voltar, ah vai! (tisos). Pode procurar uns lugares pra eu cantar aí em Sampa.

BC: Quando lhe chamo de “rainha dos musicais” não minto, afinal você é uma referência para o teatro musical. Como você lida com essa ideia de ser uma referência?

ID: ADOOOOOOOROOOOO quando você me chama de rainha. Ai quem me dera… Mas vou te dizer, não sou tão conhecida assim. Em São Paulo, por exemplo, só quem é do meio me conhece, e mesmo assim mais ou menos, pois em todos os testes que eu vou fazer nem sabem quem eu sou. Estou falando do pessoal da produção, né? Mas, um dia chego lá.

BC: A idade é um carma para você?

ID: Não me importo com a idade não. Tô adorando ter 40 anos, por exemplo. Nós nos sentimos donos de nós mesmos. Você poder ter experiência aliado ao fato de ainda ter uma certa jovialidade, é maravilhoso. É o melhor dos 2 mundos. Eu não troco os meus 40 por nenhum 25, 30, 35… de jeito nenhum.

BC: Agora para encerrar à lá Marília Gabriela: Ivana Domenico por Ivana Domenico? E me diga uma frase, uma música ou algo de referência.

ID: A melhor qualidade que eu tenho é ser amiga de verdade. A pior é o génio ruim. Eu não gosto de frases, porque sou péssima dessas coisas, mas a palavra que escolho é MÚSICA. Essa palavra é tão linda que ela por si só já tem musicalidade. Imagine o mundo sem música… a tristeza que seria isso aqui. Affe! (risos)

BC: Pergunta extra: Você topa participar de uma produção minha? Vamos investir numa parceria?

ID: Amado, seria um prazer poder fazer algo com você. O difícil será coincidirmos as agendas. Mas, quem sabe? Vamos ver. Vai que surge uma óptima parceria aí, né?

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Entrevista com Debora Reis


Cantora, compositora, atriz e querida amiga. Esta é Debora Reis que já esteve no elenco de musicais como Cabaret Brasil, Hair, Noturno e Cazas de Cazuza e a mais de 10 anos é backing vocal da rainha do rock nacional, Rita Lee. Debora é, talvez, o membro de maior duração dentro da banda de Rita (isso descontando o marido Roberto de Carvalho e o filho Beto Lee). Compositora, prepara para breve seu primeiro Cd autoral e não descarta a ideia de voltar aos palcos. Revela-se apaixonada pelos musicais da Broadway montados no Brasil, mas diz não ser sua praia, preferindo manter-se em algo mais popular. Sua voz já é reconhecida de diversos jingles, como a atual abertura do programa de Marília Gabriela, De Frente com Você (SBT). Mãe zelosa, a cantora diz-se muito preocupada com o filho, ma snão a ponto de ser careta. Sem nunca ter feito aula de canto é talvez uma das backings mais conhecidas do Brasil, justamente por acompanhar e dar apoio vocal à Rita Lee a mais de 10 anos, tendo participado de diversos shows, DVD's, Cd's e todo o tipo de projeto da roqueira. Abaixo a entrevista cedida a mim via e-mail.


Bruno Cavalcanti: Cantora ou atriz? O que veio primeiro?

Debora Reis: Digamos que pra ser atriz eu fui convocada e pra cantar eu mesma me convoquei! Meu pai foi cantor e minha mãe pianista e como tínhamos piano em casa, eu estava sempre dedilhando e aos sete anos fiz minha primeira música. Daí por diante virei a compositora da casa e comecei a participar de festivais da escola. Eu era super desinibida pra cantar minhas músicas pra qualquer um, coisa que infelizmente mudou na adolescência. E como atriz, como eu era muito palhaça em sala de aula e já cantava na escola, aos 13 anos o professor de Teatro do Colégio Gimk no Rio de Janeiro me convidou p fazer parte do seu grupo de teatro musical. Fiz todas as peças q ele montou e “me encontrei” naquele universo mágico de atuar e cantar. Aos 17 anos uma grande amiga e incentivadora Ingrid Guimarães, que era minha colega dessa escola, fez questão de me apresentar para o cantor e diretor Oswaldo Montenegro, que na época fazia muito sucesso com suas peças musicais no Rio. Acabei não só tocando e cantando com Oswaldo, como vim pra São Paulo com ele e mais outros dois atores para montarmos o musical Noturno, e aqui fiquei... E estou até hoje! Trabalhei sete anos com o Oswaldo, ganhei boa experiência que me levou a trabalhar c outros diretores e entrar pro mercado de jingles. Fiz a personagem Sheila de Hair com direção de Jorge Fernando, Do Kitsch ao Sublime com direção de Marcelo Varzea e Thereza Pfeiffer, Cabaret Brasil de Wolf Maya e uma pequena lista de outros trabalhos em teatro que me permitiu tirar DRT de atriz.

BC: Você esteve no elenco de Cazas de Cazuza, musical de sucesso de Rodrigo Pitta. Por que você não seguiu uma carreira dentro do teatro musical?

DR: Porque eu não vou a testes! (risos). Aliás, fui num sim! Mas sabe, esses musicais americanos exigem q você tenha uma tessitura vocal e um biotipo específico pra seus personagens... Além de, claro, a técnica vocal certa! E eu sou da época em que nós éramos convidados pelos diretores e as coisas aconteciam naturalmente durante os ensaios. Os arranjos, os personagens, os tons. Enfim, acho lindos, maravilhosos os trabalhos da Broadway feitos aqui, mas não sinto que me encaixo neles, e se eu quiser me encaixar preciso correr pra uma aula de canto ontem! Minha voz foi treinada na prática, meu canto é extremamente popular, nunca fiz aula de canto na vida e não tenho a técnica exigida para esse tipo de musical. Quem sabe um dia. Mas gosto mesmo é de comédia, essa é minha verdadeira praia! Acho as peças americanas um pouco engessadas pra minha personalidade (mas babo vendo os cantores/atores/bailarinos americanos)

BC: Como surgiu o convite para participar do Cazas de Cazuza?

DR: Uma amiga me indicou pro Rodrigo Pitta e eu fiz um teste específico pra personagem Bete Balanço. E passei! Tive imensa empatia com esse papel e muita satisfação em fazê-lo. Gravamos um CD lindo da peça... Você já escutou?

BC: Em 2000, você passou a fazer parte da banda da Rita Lee e, dentre todos os integrantes, é uma das que mais esteve presente nos trabalhos da cantora, partindo de Cd’s, DVD’s e especiais de TV. Como surgiu essa parceria vitoriosa?

DR: Mais uma indicação! Foi o baterista Edu Salvitti que me indicou pra Rita. Ela estava procurando uma vocalista, ele deu um CD meu pra ela ouvir, e com ela estou já há 11 anos. É uma honra trabalhar com esse ser humano, com essa rainha, com essa gênia! Você deve fazer ideia, né, seu Bruno?! (risos)

BC: Você vem se tornando presença já bastante presente na mídia. Participou do programa É Tudo Improviso (Bandeirantes) e canta o tema de abertura do programa De Frente com Gabi (SBT). São trabalhos que dão notoriedade?

DR: Pra mim são trabalhos! Vivo de música, e trabalho é trabalho. Mas claro que tem uns que te fazem “aparecer” um pouco mais. E isso é bom para mais indicações de amigos (risos). Na verdade eu vivo em estúdios e vivo de estúdio. Canto muito em publicidade e em trilhas, e nessa área não importa “quem” você é, e sim que você cumpra bem o trabalho vocal... Até porque sua cara não aparece! O que eu acho ótimo, porque cada dia que vou gravar, eu sei q estou indo exatamente pelo que sei fazer e só!



BC: O fato de ser backing vocal de Rita Lee te dá algum tipo de notoriedade maior fora do eixo de fãs da cantora? Como é ser backing vocal da maior estrela do rock nacional?

DR: Eu sinto grande admiração por parte das pessoas e o muito respeito por parte dos colegas. E da minha parte... Muito orgulho! Ver a Rita no palco é cada dia uma aula diferente. Estou no melhor lugar q poderia estar.

BC: A Debora mãe. Em que tipo de quadro você acha que se encaixa? A mãe zelosa que sempre quer saber onde o filho está, se está com blusa de frio, se está indo bem nos estudo? Ou a mãe liberal? Ou você não acredita em rótulos?

DR: Mãe totalmente zelosa e presente. Dei de mamar no peito ate Vinicius fazer um ano e ele mesmo dizer que não queria mais aquele leite ruim! Ele não é amante de estudo, e eu exijo que ele passe de ano, com o mínimo de média da escola que é seis e não cobro q ele tire dez. Ele tem 14 anos e por enquanto não me deu trabalho nenhum como adolescente... Mas veremos isso depois, né? Mas te digo, ele é ótima criatura, hiper tranquilo, compreensivo, maduro, um amigão, e um baita guitarrista nato. Tá tocando muito!

BC: Uma carreira solo está nos seus planos?

DR: Está nos meus planos voltar a ser quem eu era. A compositora da casa! (risos). Vou gravar um CD com minhas músicas. Mas antes eu quis comprar um apartamento. Primeira urgência da minha vida era a casa própria, estou terminando de pagar (socorro!) e logo mais virá o CD!(afinal você até pode fazer um Cd com ajuda de todos os lados... Mas nunca por custo zero, certo?).

BC: No Brasil hoje em dia você acredita que é possível viver de arte?

DR: Sim, e eu vivo! Às vezes, você tem que fazer uns eventos bregas, umas gravações duvidosas, pagar uns miquinhos... Mas com tempo vai conhecendo pessoas, os caminhos vão se abrindo... E os micos tendem a diminuir. (risos)

BC: A mídia eletrônica tem alguma importância para a sua carreira?

DR: Não tenho meu trabalho solo ainda, então pra mim mídia é puro entretenimento. Mas com toda certeza fará total diferença um dia! E pessoalmente sou muito fã de internet e TV.

BC: Qual o maior sonho ou desejo de Debora Reis?

DR: Meus sonhos mudam a cada mês, e isso não é bom pelo fato de você acabar não escolhendo nenhum. Então meu sonho é escolher um e ir atrás dele! Sinto que estou perto. (risos)

BC: Qual sua relação com os fãs? Afinal desde o Cazas de Cazuza você deve ter adquirido admiradores do seu trabalho. Como é sua relação com fãs? Você é do tipo que para e vai tomar um Chopp na Paulista ou prefere o contato virtual?

DR: Eu paro pra tomar Chopp se eu estiver na rua, mas como saio tanto quanto uma velhinha de 90 anos (risos)... Converso muito por internet!

BC: Para encerra à lá Marília Gabriela: Debora Reis por Debora Reis. O que difere a Debora Reis artista da Debora mãe, dona de casa e dona de afazeres de uma vida dita “normal”?

DR: Personagens só no palco. Minha personalidade é mais forte do uma imagem. Sou 24h normal, brava, chata, alegre, cômica, intensa, sensível, geniosa, do bem...

BC: Agora uma frase, um trecho de uma música, um pensamento, qualquer coisa para encerrar essa entrevista.

DR: Não é uma frase, é como sinto no fundo da alma... A maneira mais direta de sentir Deus é ouvindo música.

domingo, 1 de maio de 2011

Entrevista com Mário José Cutolo

Ator, diretor, produtor, dramaturgo multimídia e querido amigo, Mário José Cutolo está há mais de 15 anos dentro do cenário da dramaturgia teatral brasileira. É autor de peças como Estado Gasoso, Rascunhos, As Notas, Nós Somos Encantados e A Era do Rádio. É também diretor e ator. Fez parte do elenco do espetáculo A Revolução das Mulheres além de ter produzido diversas peças dentro da CIA de Artes Alma&Espírito, criada e dirigida por si mesmo. O multimídia está em produção com duas peças, a comédia Rascunhos Contemporâneo (espécie de cria de Rascunhos) e O Último Jantar (drama baseado no livro homônimo de Vera Lúcia Marinzeck). Mário me cedeu uma entrevista onde tratou de assunstos como o teatro brasileiro, o alto custo dos ingressos no Brasil, os atores, as dificuldades de se produzir uma peça dentr eoutros assuntos. Mário também se revelou um cinéfilo e noveleiro de mão cheia, além de conhecer a fundo a história do teatro e das artes brasileiras. Ele trata também do início da Cia de Artes Alma&Espírito e das peças que mais gostou de fazer, além da que mais detestou. Dentre frases marcantes, Mário disparou: "A plateia de teatro é muito intelectual, de adultos maduros, senhores e senhoras"; "(...) a classe teatral é muito desunida, falta força para melhorar as condições de produção para que todos possam ter espaço, é cada um por si e quem já conquistou seu espaço tem medo de perder". Abaixo a entrevista completa com Mário José Cutolo:


Bruno Cavalcanti: Como surgiu a ideia de criar uma CIA de teatro?

Mário José Cutolo: A ideia surgiu quando um orientador de uma casa espírita me pediu para que eu formasse um grupo de teatro dentro da casa. Então surgiu o projeto em 2005 e começamos a trabalhar efetivamente em 2006.

BC: Como o teatro entrou efetivamente em sua vida?

MJC: Em 1994 escrevi uma peça de teatro para um grupo de uma outra casa espírita e fui convidado a fazer parte deste grupo definitivamente, comecei como dramaturgo e passei a atuar em seguida. Desde então minha vida ficou ligada por inteiro ao teatro. De escritor a ator e cheguei a direção. Três ações das quais eu gosto muito e me completam como ser humano.

BC: A CIA surgiu com peças espíritas e depois foi ganhando novos ares e temas. Como e porque aconteceu essa mutação?

MJC: Essa mutação é normal dentro da Cia. Nossas peças espíritas sempre foram mais expressivas no contexto, saímos do teatro didático espiritual e começamos a trabalhar a linguagem teatral com mais profundidade. Com o tempo vimos a necessidade de explorar outros temas, ganhar mais conteúdo e naturalmente nossas peças começaram a ganhar outros contornos, sem contudo descaracterizar nossa natureza de algo ficar para o público. A mensagem fica. E essa mudança vem refletir uma necessidade nossa de explorar mais o fazer teatral, a interpretação, conhecer outros caminhos, outras dialéticas, conversar com a plateia universalmente, uma precisão natural. Podemos fazer uma peça espírita, contudo ela sempre terá algo mais além do que é considerado espiritismo. Nosso trabalho é ir além do que conhecemos e atingir mais objetivos.

BC: O público hoje em dia está ligado ao teatro? Os avanços tecnológicos ajudam ou atrapalham a assiduidade do teatro.

MJC: Hoje em dia precisamos ainda conquistar o público jovem. A plateia de teatro é muito intelectual, de adultos maduros, senhores e senhoras. Há uma necessidade de atingirmos a periferia, e ao mesmo tempo buscar nos centros urbanos a juventude com peças que falem a linguagem deles, explore seu mundo, e também de levar os clássicos, o teatro de bons textos para todos. A tecnologia é essencial porque cria novas possibilidades dentro do contexto teatral atual. Usar com bom senso os vídeos, danças, músicas, o que mais ser possível nos ajuda a termos uma nova linguagem cênica.

BC: CIA de Artes Alma Espírito que já foi CIA de Artes Monteiro Lobato e Núcleo de Artes Monteiro Lobato. Essa evolução gradual se deu a que fator?


MJC: Essa mudança reflete alguns fatores. Primeiro de usarmos o nome de Monteiro Lobato e termos problemas com direitos autorais e também por não podermos registrar o nome dele como marca, então partimos para uma busca de identidade tanto no nome como na marca, no logo que fosse nossa personalidade. Chegamos a Alma Espírito pelo fator que o nome é o reflexo de nossos trabalhos e objetivos dentro da Cia, interpretar a alma humana, ser o espírito com suas buscas, seus defeitos e virtudes. Nossa Cia tem como base maior em nossos espetáculos o ser humano na sua abrangência geral. A alma viva na Terra e o espírito em outra fase da vida, mais sutil, lidamos como os dois lados da moeda. Somos todos alma espírito!

BC: Quais os critérios para um ator ser realmente um ator e não um enganador em sua opinião?

MJC: Primeiro ponto é estudar seu ofício com muita disciplina. Ser profundo conhecedor do ser ator. Ler muito, estudar seu texto, conhecer sua personagem, se dedicar a ela nos ensaios, na apresentação. Saber respeitar o outro em cena, ouvir seu companheiro, saber usar um caco, saber improvisar, ajudar um ator em apuros. Sua atividade não é só decorar, um decorador de textos não é ator. Um ator precisa ser verdadeiro em cena, o público precisa ver a personagem, sentir sua emoção, seus sentimentos, e isso requer trabalho, estudo, concentração, disciplina, técnica e intuição. Além disso, um ator completo deve saber além de interpretar, dançar, cantar, falar bem, e ter postura em cena. E nunca deixar de ser humilde e simples, conversar com seu público, estar próximo dele, porque o ator necessita do público, sem ele, sua profissão não existe.

BC: Por mais que o teatro seja algo cultural e necessário, o alto custo dos ingressos o torna quase inacessível a grande massa da população (assim como o cinema e os museus tem se tornado ultimamente). Por que você acha que há este preço elevado nos custos dos ingressos?
MJC: Primeiro a produção de um espetáculo seja qual for é custosa. Não há patrocínios fáceis. Os teatros cobram aluguéis abusivos dos atores para apresentações, e segundo mesmo sendo um benefício a muitos, a meia entrada, para classe artística é um mal porque esse desconto se perde e então é necessário encarecer o ingresso para que haja algum rendimento para a produção. Em minha opinião a classe teatral é muito desunida, falta força para melhorar as condições de produção para que todos possam ter espaço, é cada um por si e quem já conquistou seu espaço tem medo de perder é muito complicado e com isso o público sofre por pagar carão ou por não poder ir.

BC: Mário José Cutolo como público. Qual sua peça favorita?




MJC: Difícil são muitas, mas destaco Zoológico de Vidro como drama, excelente texto, e a montagem com a Cássia Kiss estava ótima, um drama familiar que mexe nas raízes profundas de todos nós, quem sabe eu ainda não monte esse texto, ele é inspirador por ser poético também. E como comédia há várias também, mas uma que gostei muito pela versatilidade, por brincar com os truques do teatro foi 39 Degraus ritmo excelente, tempo de comédia de todos bem realizado e os cacos e surpresas ocorreram todos os instantes, foi um show de corpo e expressão juntamente com a voz. Bem dinâmica.

BC: Você é um cinéfilo? Noveleiro? Quais as influências do cinema e da TV em sua vida?

MJC: Sim sou cinéfilo, Fellini, Vitório de Sicca o bom cinema italiano que mostra nossas loucuras em família, são excelentes e acho que puxo um pouco deles. Hitchcock, o mistério e o humor bem definidos nas obras, tento deixar marcas desse tipo em minhas direções. François Truffaut e seu cinema moderno com meta linguagem é referência para mostrar os truques do teatro. E Steven Spielberg é o lúdico a fantasia. Noveleiro sempre fui, por um tempo deixei de assistir um pouco as novelas hoje faço escolha não assisto todas mas lógico que da época que via todas de todos os horários ficaram influências claras de autores que até hoje são marcas: Cassiano Gabus Mendes com seu jeito sutil de criticar a sociedade com humor, Janete Clair com seus dramas épicos, rocambolescos, Ivani Ribeiro, com suas histórias de amor, fantásticas, espiritualidade, natureza, ela sabia misturar muitos temas sem cair no ridículo, Dias Gomes e a sátira da vida, Bráulio Pedroso e seus anti-heróis, Silvio de Abreu com suas comédias loucas, Gilberto Braga e sua crônica urbana, a maioria aí subiu para o outro andar, e tem os novatos autores como Duca Rachid e Telma Guedes que tem brindado com textos que contém ação, vida, romance e muitos assuntos, Fernanda Young e Alexandre Machado com suas tiradas geniais e que refletem nossas manias mais esquisitas. Maria Adelaide Amaral que escreve textos primorosos. Enfim eles todos de alguma maneira acabam por influenciar na hora da criação e ao mesmo tempo crio um estilo próprio. Ler outros autores é fundamental, e textos teatrais são inspiradores também.

BC: Fora do teatro, como é o Mário dono de casa tratando de afazeres domésticos?

MJC: Sou normal, faço tudo o que é necessário gosto de cozinhar, o resto faço por necessidade.

BC: Das peças já montadas há alguma que você pense: esta é a minha favorita, meu xodó a preço de ouro. E há alguma que você se arrependa de ter montado? Se sim, por quê?

MJC: No conjunto de peças que realizamos Estado Gasoso é uma das minhas favoritas por ser comédia, um meio musical com danças e onde o moderno e o antigo se misturam com bom senso, ela é um caminho que seguimos desde então, quem sabe não voltaremos à ela um dia? Nossa última produção Nós Somos Encantados ficou aquém do que imaginei, faltou um bom espaço para realizá-la, interpretações foram medianas, não atingiu o que poderia, essa faço questão de esquecer e demorar muito para remontar se isso acontecer.

BC: Agora para encerrar á lá Marília Gabriela. Mário José Cutolo por Mário José Cutolo? E uma frase, música, pensamento, qualquer coisa do gênero.

MJC: Insano, louco, nada convencional. Frase: Deus me livre de ser normal. Não me lembro a autoria. Música “The Way we Were”; Pensamento seria: Nunca devemos desistir, insistir, sermos perseverantes em nossos sonhos e ter o bom senso de descobrir quando não podemos fazer o que gostaríamos, mas podemos seguir outros caminhos.

Aniversário em grande estilo!



Decidi neste ano comemorar meu aniversário de uma maneira diferente. Ao invés de fazer um texto exaltando mais um ano de vida, decidi criar uma surpresa para todos que acessam este blog. Aliás, uma surpresa e um presente. Um não, quatro. Do dia 01 ao dia 04 de maio publicarei aqui entrevistas realizadas por mim com algumas personalidades importantes na arte brasileira. Teatro e música estarão unidos aqui a partir de hoje. Decidi entrevistar pessoas que me são queridas e tem importância dentro do cenário artístico brasileiro. A primeira entrevista será com o diretor, ator, produtor e dramaturgo Mário José Cutolo, diretor geral e criador da CIA de Artes Alma & Espírito, além de ser diretor geral e dono da produtora AlmaEspírito Produções Ltda.

Brooke Shields substituirá Bebe em "Addams"


Após a saída de Nathan Lane o elenco do musical The Addams Family (que segue em turnê pelos EUA), o musical sofrerá mais uma baixa. Trata-se da cantora e atriz Bebe Neuwirth que, em junho, deixará o elenco. Caberá a também cantora e atriz Brooke Shields substituí-la. Brooke fará o papel de Morticia Addams, escrito especialmente para Bebe em 2010. Este é o segundo musical homônimo feito por Bebe e Brooke. Ambas protagonizaram diferentes montagens do musical Chicago. Bebe em 1996 no papel de Velma Kelly e Brooke em 2002 no papel de Roxie Hart. Abaixo uma prova do talento nato de Brooke para o canto: