terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O "Rock'n'Roll" jovial e despretensioso de Erasmo


O Que não foi Dito
Opinião de Cd
Título: Rock'n'Roll
Artista: Erasmo Carlos
Gravadora: Coqueiro Verde
Cotação: ****

Erasmo Carlos é um dos nomes mais importantes no cenário da história do rock nacional. Ao lado de Wanderléa e Roberto Carlos, o cantor deu início ao primeiro grande movimento de rock dignamente nacional, a Jovem Guarda. Hoje, quase 50 anos depois da estréia daquele programa que embalava as “jovens tardes de domingo”, Erasmo Carlos lança Rock’n’Roll, seu álbum mais roqueiro desde a época. O compositor de grandes hits como “Detalhes” e “Emoções” (ligados, injustamente, apenas à Roberto Carlos) vinha de discos de canções inéditas repletos de baladas e fracos rocks. Rock’n’Roll é, como diz o próprio tremendão, o disco que devia a todos nós e a ele próprio.

A faixa que abre o disco, “Jogo Sujo”, já dá a idéia do que está por vir. A faixa tem uma ambiência de um rock de raiz, num clima até faroeste. Erasmo é um compositor inspirado. Com ou sem Roberto consegue produzir grandes canções, prova disso é já a segunda faixa do disco, a interessante “Cover”, onde Erasmo se coloca ele próprio como cover de si. Impagável. “Chuva Ácida” é outro bom momento do álbum (repleto de altos). A parceria com Nelson Motta pode até soar mais interessante no palco, mas é um bom momento do disco. Erasmo fala de amor como ninguém. E também fala sobre a mulher como ninguém. “Olhar de Mangá” é a canção que tem tudo para virar hit. Na letra, o tremendão cita diversas mulheres numa homenagem de teor afetivo. Todas com os olhos de “pidona”. Erasmo tem humor. Humor presente também em “Noites Perfeitas”. Faixa de ambiência completamente pop. Não se assuste ao achar alguma semelhança com o Skank na faixa, o co-autor da canção é ninguém menos que Chico Amaral, parceiro fiel de Samuel Rosa. Erasmo volta a homenagear a mulher, mas desta vez na forma de instrumento. Erasmo uniu a delicadeza da mulher com a delicadeza de uma guitarra, e assim nasceu “A Guitarra é uma Mulher”, uma das melhores faixas do álbum. Não pense encontrar no álbum alguma regravação da dupla Roberto&Erasmo, ou até mesmo uma parceria dos dois. Erasmo abriu o leque de parceiros. E, neste leque, tem espaço até pra Nando Reis, que comparece muito bem com “Um Beijo é um Tiro”, outro grande momento do álbum. “Vozes da Solidão” é faixa menor, mas que não deve nada a nenhuma das outras canções presentes no álbum. Nando Reis volta a comparecer com “Mar Vermelho”, outra boa parceria com Erasmo. Se Erasmo sabe falar de rock rodeado de guitarras e de uma sonoridade mais crua, também sabe ser delicado e certeiro ao abordar sua segunda parceria com Nelson Motta, a singela “Noturno Carioca”. “Encontro às Escuras” é outro momento onde Erasmo usa e abusa do seu bom humor. E faz isso de maneira dosada, sem parecer cansativo. Na medida. A faixa que encerra o álbum é parceria entre Erasmo, Liminha e Patrícia Travassos. “Celebridade” é uma divertida crítica ao mundo das “celebridades instantâneas”. O recado é dado de forma simples, direta, engraçada e num clima jovial (clima que adorna todo o álbum e o torna tão saboroso).

Rock’n’Roll é o melhor disco do eterno tremendão nos últimos tempos. Superando até mesmo o belo Santa Música de 2004. Logo na primeira audição já é possível notar o porquê do disco ter sido indicado ao Grammy Latino 2009. Erasmo pode. Jovial, inspirado e roqueiro, este é Erasmo Carlos em seu Rock’n’Roll. Valeu.


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