segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Marina expõe dores com elegância em belo disco


Vale à Pena Ouvir de Novo
Opinião de Cd
Título: Pierrot do Brasil
Artista: Marina Lima
Gravadora: Universal Music
Cotação: ****
Ano de lançamento: 1998

A voz já não é a mesma, está mais intensa. As composições também já não são as mesmas. Estão mais elaboradas, falando de um amor urbano com uma poesia mais densa, mas ainda assim acessível. Essa é a nova Marina Lima. Em seu novo disco, Pierrot do Brasil, aquela Marina cheia de notas dos anos 80 desapareceu. Aquela Marina completamente rockeira e do “povão” desapareceu. Hits como “Uma Noite e ½” ficaram no passado. Agora a cantora está mais elegante, flertando com os apetrechos eletrônicos, usando e abusando da parceria com o produtor iugoslavo Suba. Marina evoluiu, e pra melhor.

O disco é aberto com um frevo eletrônico à moda de uma Marina moderna e elegante. “Pierrot” é faixa luxuosa, com letra interessante que expõe em seus versos as dores de uma cantora que se manteve afastada da grande massa ("sim, eu resolvi me ausentar para ocultar alguma dor, sofri, menti, talvez por pudor"). Com direito até à citação de “Delicado”, de Waldir Azevedo. Marina abriu o leque de parceiros em 1991, quando lançou o disco Marina Lima (onde assumia o sobrenome ao nome artístico). Neste novo disco o leque continua aberto. Marina compõe ao lado de Bid e Alvin L. “Arquivo II”, canção noturna onde letra e arranjo conversam entre si. O leque pode estar aberto, mas Marina também não descarta a forte parceria com o irmão Antônio Cícero. Juntos, compuseram o primeiro single do disco, a bela “Deixe Estar”. A voz de Marina está diferente, portanto os tons que dá às suas canções também não são mais os mesmos. Agora o sentimento das canções é mais perceptível, como na parceria com Alvin L., a forte “Na Minha Mão”.

Além de cantora, Marina também é instrumentista, aprendendo a mexer com MIDIS e gravando demos. A cantora compôs e gravou bela canção instrumental, a exemplo do que já havia feito em seu disco anterior, Registros à Meia-Voz. A faixa é “Sua” e, assim como quase todo o disco, é noturna, lembrando os bares de São Paulo. Marina lança mão de uma balada, que se adapta muito bem à sua “meia-voz”. “Uma Antiga Manhã” é faixa menor, mas se destaca como uma das belas composições da cantora. Ainda num vasto leque de parcerias, Marina compõe “Leva (Esse Samba, Esse Amor)” com o titã Sérgio Britto, que também participa botando voz na faixa. Faixas menos inspiradas, como “Pra ver meu Bem Corar” (parceria com Cícero) também fazem parte do disco, mas não contribuem para tirar o brilho do disco, que mostra a maturidade de Marina aprendendo a lidar com sua nova voz. “Portos e Vinhos” é outra bela balada, gravada apenas ao som da voz de Marina e dos teclados e piano de Suba e William Magalhães. E a cantora fecha o disco bom a interessante “Algo me Pegou”, versão própria para “Something’s got Me” de Lori Carson. A faixa é uma balada pop que, mesmo sem empolgar a grande massa, é ideal para mostrar a nova Marina, mais crescida e madura.

Pierrot do Brasil é a prova de que Marina está aprendendo a lidar com sua meia-voz, mostrando-se mais confiante ao cantar. Está feliz (como prova o encarte do disco). É ótima compositora, prova disso é que ainda tem muito que mostrar neste novo trabalho, que merece atenção do grande público.


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