quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

FELIZ 2010!


Eis que o ano de 2000In9ve está chegando ao fim. Faltam poucas horas para o momento derradeiro. Estamos fechando mais um ano, mais uma década. Daqui a umas 9 horas mais ou menos entraremos numa nova década. E nessa nova década devemos entrar também numa nova realidade, um novo mundo, um novo TUDO! Em 2010 as coisas precisam mudar. Precisamos lutar para melhorar esse país tão lindo que é o Brasil! Vamos ler mais, ouvir mais músicas, dançar mais, cantar mais, ir mais ao teatro, nos esforçarmos para conseguir aquele êxito profissional, ler mais, conversar mais, escrever mais. Nós podemos fazer a diferença!
Em 2009 muito ocorreu. Duas peças (Rascunhos e As Notas), a estréia de um show (Prosa in Cena), contos e crônicas escritas, várias canções novas, muitos amigos conquistados, outros perdidos, mas tudo com muita boa vontade. Em 2009 o Infinitivamente Pessoal passou por seu ano mais rico. Vários acontecimentos, textos, posts, comentários, polêmicas. Colunas que estrearam e se perderam (Os Devaneios de Miss Sunshine e Descobertas), colunas que estrearam e estão aqui (Vale à Pena Ouvir de Novo e O Que não Foi Dito). Pessoas tiveram seus nomes citados diversas vezes aqui, recebendo homenagens (Mayara Lopes, Letícia Smitchz, Mayara Mayumi, Beatriz Afonso). Várias contextações, de tudo um pouco falei aqui. Falei de amor, sexo, dinheiro, música, cinema, juventude, envenlhecimento, solidão, amizade, televisão, tudo com muito carinho. 2009 foi um ótimo ano, de realizações profissionais e de conceituais deversões pessoais. Várias conquistas e algumas perdas, várias confirmações e algumas dúvidas, alguns nãos mas muitos sins. Tudo valeu à pena neste ano de 2009. O cenário musical voltou a se enriquecer com delícias musicais. Tivemos 100 anos de Carmen Miranda, 50 de carreira do "rei" Roberto Carlos, 30 também de carreira da musa Marina Lima, tivemos o retorno da cigarra Simone, o delícioso sabor do delicado gesto de Zélia Duncan, todo o rock de Erasmo Carlos, o fenômeno mundial Susan Boyle, várias cantoras cantando a obra de Roberto Carlos, presenciamos o amor, a festa e a devoção de Maria Bethânia, recebemos um delícioso beijo bandido de Ney Matogrosso, brincamos pela segunda vez com Adriana Partimpim, contamos os 10 anos de carreira de Ana Carolina, tivemos a alegria de ver um DVD de Roberta Sá, um picnic em forma de DVD com Rita Lee e os perfumes e jardins de Vanessa da Mata. Vimos o estouro de Lady Gaga. Presenciamos as brigas de Rhianna e Cris Brown, as histórias de Marina Lima sobre Gal Costa, Caetano Veloso brigando com Lula, a posse do primeiro presidente negro dos EUA, Barack Obama. Vimos Lula ser eleito o nome mais importante de 2010 pela França e ser eleito um dos nomes de maior importância da década pela Inglaterra. Presenciamos a perda de ícones inesquecíveis, como Lombardi, Leila Lopes, Farrah Fawcett, Brittany Murphy, Dirce Migliaccio, Andrea Maltarolli e o grande ícone da música pop mundial, o rei Michael Jackson. 2009 é um encerramento de uma década interessante. Tivemos maravilhas nesta primeira década do século. O retorno de Marina Lima aos palcos depois de 6 anos afastada, o retorno de Madonna ao palco, também depois de 6 anos afastada; Rita Lee, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa, Adriana Calcanhotto, Marília Pêra, Fernanda Montenegro, Miguel Falabella, Fernanda Young, Marisa Orth, Lula, Barack Obama, Michael Jackson, Fernanda Torres, Luís Fernando Guimarães, Walcyr Carrasco, Cartola, Bibi Ferreira, Chico Buarque, Preta Gil, Fernanda Porto, Ivete Sangalo, Roberto Carlos, Bush, Bento 16, João Paulo II, Gisberta, Glória Perez e Paul McCartney foram alguns dos milhares de nomes importantes que marcaram a década.
Eis que fechamos mais um ano. Fechamos uma década e estamos prestes a abrir outra. E, diferente do ano passado, o Infinitivamente Pessoal deseja a todos os leitores fanstasma um FELIZ ANO NOVO!
Este é o último post do ano, mas não se preocupem, eu voltarei depressa, tão logo as festas acabem, tão logo esse tempo passe, para postar para VOCÊS.

um beijo enorme do Infinitivamente Pessoal e, pessoalmente, meu.

Bruno Cavalcanti.


PS: E, para encerrarmos o ano bem MESMO, deixo abaixo um vídeo da aniversariante de hoje, a nossa rainha do rock RITA LEE. Divirtam-se:


Retrospectiva 2009


Decidi por fazer uma pequena lista de lançamentos e afins de 2009 que, particularmente, foram meus preferidos. 2000In9ve, realmente inovou no cenário musical e até da TV. Surgiram ótimos nomes no mundo da música, como Maria Gadú. Zélia Duncan e Erasmo Carlos lançaram dois dos melhores discos do ano, respectivamente. Maria Bethânia falou de amor e fé em Tua e Encanteria, Ney Matogrosso surgiu no tempo da delicadeza com seu Beijo Bandido, Mariana Aydar mostrou todo o seu talento em Peixes, Pássaros, Pessoas. Carmen Miranda completou 100 anos, enquanto Roberto Carlos completou 50 anos de carreira. Perdemos grandes ícones da música mundial. Dona Edith do Prado e Michael Jackson foram os nomes mais sentidos. Tivemos mortes que não foram comentadas, mas que fizeram a diferença, como Neguinho do Samba. Radiohead, Elton John, Laura Pausini, Mariah Carrey e Alanis Morrisette foram algumas das estrelas internacionais que vieram fazer shows no Brasil. Madonna veio em 2008 e resolveu voltar em 2009 para dar o ar da sua graça. Maysa e Wilson Simonal voltaram a planar na memória popular do Brasil. Maysa devido à minissérie Maysa - Quando Fala o Coração escrita por Manoel Carlos e produzida pela Rede Globo; Já Simonal ressurgiu pelo documentário Wilson Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei, produzido pelos filhos do cantor, Max Vianna e Wilson Simoninha. A minissérie Cinquentinha, de Aguinaldo Silva, deu um exemplo de como é possível fazer uma ótima produção em cima de uma ótima história. Fernanda Lima recebeu destaque durante o ótimo programa Amor e Sexo, Eliana voltou a comandar um programa no SBT, Ana Hickman ganhou bom destaque na Rede Record ao apresentar Tudo é Possível, enquanto o SBT viu sua audiência deslanchar com o ótimo Esquadrão da Moda. A novela Caras e Bocas, de Walcyr Carrasco, salvou a Rede Globo na faixa das 19h. A novela Caminho das Índias, de Glória Perez, rendeu à Rede Globo o Emmy, prêmio mais importante da televisão mundial. Dira Paes, Letícia Sabatella, Isabela Drummond e Déborah Evelyn se destacaram no cenário da teledramaturgia. Dira Paes e Letícia Sabatella se destacaram em Caminho das Índias. Dira pela ótima personagem Norminha, enquanto Sabatella interpretava a grande vilã Ivone. Isabela Drummond e Déborah Evelyn se destacaram na trama das 19h, Caras e Bocas. Isabela interpretando a pestinha Bianca enquanto Déborah deu vida à vilã Judith. Terminou o seriado Toma Lá, Dá Cá, de Miguel Falabella, dentre tantos outros acontecimentos. Abaixo uma lista dos meus destaques de 2009 e das minhas esperanças para 2010:

Cd's:

1- Pelo Sabor do Gesto (Zélia Duncan)
2- Rock'n'Roll (Erasmo Carlos)
3- Beijo Bandido (Ney Matogrosso)
4- Milton Nascimento & Belmondo (Milton Nascimento e irmãos Belmondo)
5- Tua (Maria Bethânia)
6- Zii e Zie (Caetano Veloso)
7- BandaDois (Gilberto Gil)
8- Encanteria (Maria Bethânia)
9- Na Veia (Simone)
10- Canibália (Daniela Mercury)
11- Peixes, Pássaros e Pessoas (Mariana Aydar)
12- Iê, Iê, Iê (Arnaldo Antunes)
13- Balangandãs (Ná Ozzetti)
14- Não vou pro Céu, mas já Não Fico no Chão (João Bosco)
15- Dois (Adriana Partimpim)
16- Sem Poupar Coração (Nana Caymmi)
17- All in One (Bebel Gilberto)
18- N9ve (Ana Carolina)
19- Balaio de Amor (Elba Ramalho)
20- Meu Coração não Quer Viver Batendo Devagar (Isabella Taviani)

DVD's

1- Dentro do Mar tem Rio Ao Vivo (Maria Bethânia)
2- Live in Rio (Diana Krall)
3- Multishow Ao Vivo (Rita Lee)
4- O Pequeno Burguês (Martinho da Vila)
5- América Brasil - O Show (Seu Jorge)
6- Tecnomacumba - A Tempo e Ao Vivo (Rita Ribeiro)
7- Celebration - The Video Collection (Madonna)
8- Multishow Ao Vivo Vanessa da Mata - Perfume e Jardim de Sim (Vanessa da Mata)
9- Luz Negra Ao Vivo (Fernanda Takai)
10- Pra se Ter Alegria - Ao Vivo no Rio (Roberta Sá)
11- Uma Prova de Amor Ao Vivo (Zeca Pagodinho)
12- O Baile do Simonal Ao Vivo (Vários)
13- Titãs - A Vida até Parece uma Festa (Titãs)
14- Palavra (En)Cantada (Vários)
15- Mtv Ao Vivo (Arlindo Cruz)
16- O Coração do Homem-Bomba (Zeca Baleiro)
17- Programa Ensaio (Dorival Caymmi)
18- Um Barzinho, Um Violão - Novelas 70 (Vários)
19- Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior - Série Grandes Nomes (Gonzaguinha)
20- Elas Cantam Roberto (Vários)

Shows

1- Pelo Sabor do Gesto - Zélia Duncan (Citibank Hall)
2- Rock'n'Roll - Erasmo Carlos (HSBC Brasil)
3- Beijo Bandido - Ney Matogrosso (Teatro Bradesco)
4- Em Boa Companhia - Simone (Teatro Bradesco)
5- Zii e Zie - Caetano Veloso (Citibank Hall)
6- Amor, Festa e Devoção - Maria Bethânia (Teatro Abril)
7- Peixes, Pássaros e Pessoas - Mariana Aydar (Teatro das Artes)
8- Perfume de Sim - Vanessa da Mata (Citibank Hall)
9- N9ve - Ana Carolina (Credicard Hall)
10- Canibália - Daniela Mercury (Citibank Hall)
11- Arrepios - Elza Soares e João de Aquino (Teatro Fecap)
12- Três - Adriana Calcanhotto, Domenico Lancellotti e Moreno Veloso (Auditório do Ibirapuera)
13- Viva Cônsul 2009 - Amilton Godoy, Fernanda Takai, Frejat e Zélia Duncan (Auditório do Ibirapuera - Palco Externo)
14- Iê, Iê, Iê - Arnaldo Antunes (Choperia do Sesc Pompéia)
15- Elas Cantam Roberto - Várias (Theatro Municipal de São Paulo)
16- Vagarosa - Céu (Auditório do Ibirapuera)
17- Primavera in Anticipo - Laura Pausini (Credicard Hall)
18- Live in São Paulo - Elton John (Arenha do Anhembi)
19- Jus a Fest - Radiohead (Jockey Club)
20- 50 Anos de Carreira - Roberto Carlos (Estádio do Maracanã)

Cd's para 2010

1- Inédito de Marina Lima
2- Inédito de Rita Lee
3- Inédito de Zizi Possi
4- Inédito de Maria Rita
5- Inédito de Marisa Monte
6- Inédito de Madonna
7- Inédito de Chico Buarque
8- Inédito de Gal Costa
9- Inédito de Lenine
10- Inédito de Fernanda Abreu
11- Inédito do Kid Abelha
12- Inédito do Pato Fu
13- Inédito de Roberto Carlos
14- Inédito de Paulinho da Viola
15- Inédito de Amy Winehouse
16- Inédito de Ângela RoRo
17- Inédito de Lobão
18- "Arrepios" - Elza Soares e João de Aquino
19- Disco onde Leila Pinheiro interpreta Renato Russo
20- Disco onde Roberta Sá interpreta Roque Ferreira

DVD's para 2010

1- Primórdios - Marina Lima
2- Amor, Festa e Devoção - Maria Bethânia
3- Sticky & Sweet Tour - Madonna
4- Ao Vivo no Maracanã - Roberto Carlos
5- Cantos e Contos - Zizi Possi
6- Beijo Bandido - Ney Matogrosso
7- Pelo Sabor do Gesto - Zélia Duncan
8- Em Boa Companhia - Simone
9- Rock'n'Roll - Erasmo Carlos
10- Canibália - Daniela Mercury
11- N9ve - Ana Carolina
12- Labiata - Lenine
13- Madrugada - Mart'nália
14- All in One - Bebel Gilberto
15- Melhor Assim - Teresa Cristina e Grupo Semente
16- Brasil Afora - Paralamas do Sucesso
17- Intimidade Entre Estranhos - Frejat
18- Maré - Adriana Calcanhotto
19- Documentário "Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei" - Wilson Simonal
20- Documentário "This is It" - Michael Jackson

Shows para 2010:

1- Inédito de Marina Lima
2-Inédito de Madonna
3- Inédito de Marisa Monte
4- Inédito de Maria Rita
5- Inédito de Zizi Possi
6- Lady Gaga no Brasil
7- Inédito de Adriana Calcanhotto
8- Inédito de Fernanda Abreu
9- Inédito de Paulinho da Viola
10- turnê "Arrepios" de Elza Soares e João de Aquino
11- Inédito de Gal Costa
12- Inédito de Seu Jorge
13- Inédito do Kid Abelha
14- Inédito do Lobão
15- Inédito de Chico Buarque
16- Inédito de Teresa Cristina
17- Continuação do "Beijo Bandido" de Ney Matogrosso
18- Continuação de "Amor, Festa e Devoção" de Maria Bethânia
19- Continuação do "Rock'n'Roll" de Erasmo Carlos
20- Continuação de "Pelo Sabor do Gesto" de Zélia Duncan

Destaques da TV de 2009

1- A novela das 19h, "Caras e Bocas", de Walcyr Carrasco - Rede Globo;
2- Déborah Evelyn pela vilã Judith na novela "Caras e Bocas" - Rede Globo;
3- Isabela Drummond pela Bianca da novela "Caras e Bocas" - Rede Globo;
4- Fábio Lago pelo engraçadíssimo Fabiano na novela "Caras e Bocas" - Rede Globo;
5- A estréia de Ingrid Guimarães e Heloísa Perisse na teledramartugia. Ingrid em "Caras e Bocas" e Heloísa em "Cama de Gato";
5- Rosi Campos pela hilária Genoveva na novela "Cama de Gato", de Thelma Guedes e Duca Rachidi - Rede Globo;
6- O prêmio Emmy pela novela "Caminho das Índias", de Glória Perez;
7- Letícia Sabatella pela vilã Ivone na novela "Caminho das Índias" - Rede Globo;
8- Dira Paes pela espevitada Norminha na novela "Caminho das Índias" - Rede Globo;
9- A minissérie "Maysa - Quando Fala o Coração", de Manoel Carlos - Rede Globo;
10- Larissa Maciel pela interpretação da cantora Maysa na minissérie "Maysa - Quando Fala o Coração" - Rede Globo;
11- A minissérie "Cinquentinha", de Aguinaldo Silva - Rede Globo;
12- A minissérie "Som&Fúria", com direção de Fernando Meirelles - Rede Globo;
13- A série "Aline", baseada nos quadrinhos de Adão Iturrusgurai - Rede Globo;
14- O programa "Amor e Sexo", apresentado por Fernanda Lima - Rede Globo;
15- O término do seriado "Toma Lá, Dá Cá", de Miguel Falabella - Rede Globo (acabou no momento certo, antes de cansar e deixando saudades);
16- O programa "Esquadrão da Moda", apresentado por Isabella Fiorentino e Arlindo Grund - SBT
17- O "Programa da Eliana", apresentado por Eliana - SBT
18- O programa "Geléia do Rock", apresentado por Beto Lee - Multishow
19- O( programa "Furo MTV", apresentado por Dani Calabresa e Bento Ribeiro - MTV Brasil

Artistas que marcaram 2009

1- Zélia Duncan
2- Erasmo Carlos
3- Roberto Carlos
4- Ney Matogrosso
5- Madonna
6- Carmen Miranda
7- Heitor Villa-Lobos
8- Lady Gaga
9- Rhianna & Cris Brown
10- Marina Lima & Gal Costa
11- Caetano Veloso
12- Merília Pêra
13- Fernanda Montenegro
14- Fernanda Young
15- Susan Boyle
16- Céu
17- Radiohead
18- Maysa
19- Wilson Simonal

E aquele que mais marcou deixou saudades no ano de 2009:


DVD de Krall é reeditado com novo show íntimo


Lançado em maio de 2009, o DVD Diana Krall Live in Rio foi reeditado neste final de ano. Distribuído pela gravadora ST2, o DVd conta agora com dois discos distintos. No primeiro DVD é encontrado o show gravado pela cantora em 1º de novembro na casa carioca Vivo Rio, que deu origem ao DVD original Live in Rio, enquanto no segundo DVD são encontradas imagens registradas em shows que a cantora canadense fez em Toronto (num evento benificente), Lisboa e Madrid. Há também as imagens de um show informal que Diana realizou no Bar Londra do Hotel Fasano, no Rio de Janeiro. O show conta com números como "The Boy from Ipanema", "Too Marvelous of Words", "Cheek to Cheek" e "Quiet Nights" (versão em inglês de "Corcovado", vista também em clipe neste mesmo DVD). Os números têm eventuais intervenções de Carlos Lyra. Vale à pena.

Fonte: Notas Musicais

Leo planeja DVD para 2010


Leo Jaime pretende lançar em 2010 seu primeiro DVD solo. O cantor está em turnê para divulgar seu álbum Interlúdio, lançado em 2008 marcando seu retorno ao mercado fonográfico após hiato de 13 anos.

Fonte: Notas Musicais

A leve e deliciosa "Madrugada" de Mart'nália


Vale à Pena Ouvir de Novo
Opinião de Cd
Título: Madrugada
Artista: Mart'nália
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: ****
Ano de lançamento: 2008

Mart’nália já provou que é uma das sambistas mais interessantes surgidas nessa nova lavra. Mas a cantora não é de agora. A filha de Martinho da Vila já vem tentando conquistar seu lugar ao sol desde 1987, quando lançou seu primeiro disco, Mart’nália. A cantora continuou tentando conquistar espaço e, em 1997, lançou Minha Cara. Mas o reconhecimento veio mesmo apenas em 2002, quando a cantora lançou Pé do meu Samba, um dos discos de destaque daquela época. Daí a cantora partiu pro abraço e lançou, em 2005, Mart’nália Ao Vivo, Menino do Rio em 2006 e Mart’nália Ao Vivo em Berlim no mesmo ano de 2006, contando com as participações de Chico Buarque e Luiz Melodia. A cantora lança, pela Biscoito Fino, Madrugada, seu melhor disco. O álbum traz uma Mart’nália mais solta e voltada para o samba do modo que realmente gosta: livre, leve e solta.

“Alívio” abre o disco. Quem ouvir esta primeira faixa pode tirar conclusões precipitadas do conteúdo do disco como um todo. Acontece apenas que o reggae de Djavan e Arthur Maia não se adaptou com exatidão na voz da sambista. A segunda faixa, “Tava por Aí”, já denuncia a verdadeira essência despretensiosa e gostosa do álbum. Parceria de Arthur Maia, Ronaldo Barcellos e da própria Mart’nália, “Deu Ruim” é uma faixa gostosa do álbum, o qual parece ambientado nas deliciosas noites de samba da Lapa (Rio de Janeiro). “Ela é Minha Cara” é outro ótimo momento do álbum. Mart’nália não tem problema de se entregar a um bom samba, e cai de cabeça em “Não Encontro quem me Queira”, de Thiago Mocotó. “Sai Dessa” é quase como um encerramento de um bloco iniciado com “Deu Ruim”. Costura perfeita. E uma canção com letra e suingues de destaque no álbum. “Batendo a Porta” tem uma ambiência deliciosa, chegando até a roçar a delícia das composições de sambistas dos anos 30. Delícia. “Fé” é outro grande momento de um álbum repleto de grandes momentos. Uma canção hit por si própria. Se “Angola” não consegue destaque (mesmo com seu ritmo inspirado), “Alegre Menina” é belo momento do álbum, que conta, inclusive, com os vocais de Luiza Possi. “Sem Dizer Adeus” é um belo samba-pop. Forte concorrente a hit. Um dos ápices do álbum. Mart’nália já tem sua assinatura e já conseguiu construir seu bom nome. Tanto é verdade que a cantora não se intimida em visitar o repertório do pai, o compositor Martinho da Vila. Mart’nália se arrisca a reviver “Tom Maior”, uma das canções mais belas da safra de Martinho. E a cantora se sai bem na defesa, e encerra o álbum alegre, viva e pra cima na pulsante “Don’t Worry, Be Happy”.

Madrugada é um disco inspirado, leve e interessante. Mercê destaque dentro da (pequena) rica discografia de Mart’nália. Valeu.


quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Os ventos delicados de Luiza em disco autoral


O Que não foi Dito
Opinião de Cd
Título: Bons Ventos Sempre Chegam
Artista: Luiza Possi
Gravadora: LGK/ Som Livre
Cotação: ***

A cada trabalho que lança, Luiza Possi se aproxima cada vez mais da maturidade artística. Bons Ventos Sempre Chegam, o quinto álbum da cantora (quarto em estúdio), é a prova da evolução artística da filha de Zizi. O disco, gravado pelo selo LGK Music e distribuído pela Som Livre, traz também a cantora mostrando uma nova vertente, a de compositora. 6 das 13 faixas do álbum são de autoria de Luiza (a maioria em parceria com Dudu Falcão).

“Vou Adiante” além de abrir o álbum é um dos destaques dele. A versão de Chico César para “Plus Vivant”, de Lokua Kanza (que divide os vocais com a cantora) é uma das belezas do álbum, que conta com o pop redondo “Tudo Certo” (de autoria da própria Luiza com Dudu Falcão). “Queixo Caído” é outra boa faixa do disco, de autoria apenas da cantora, a faixa mostra que Luiza pode até ter um futuro como compositora. Pode não ser grande, mas terá tamanho suficiente para conseguir produzir bons hits. E, por falar em hits, o disco tem uma produção que faz com que qualquer faixa seja admitida pelas rádios do país. Mérito de Max Viana, produtor do álbum. “Toda Vez” é faixa menor do álbum. Apesar da pegada pop e dos bons versos, não tem força o suficiente para se destacar. Força que soa fraca, porém presente, na faixa seguinte, a balada “Eu Espero”, também de Luiza e Dudu Falcão. A faixa é mais agradável nesta versão mais acabada que na versão que veio rodando a internet e as rádios por algum tempo. Lula Queiroga deu para Luiza “Pode me Dar”, uma das belezas do álbum. A singela “Cantar” faz ponte perfeita para o melhor momento do álbum: a quase-ciranda “Minha Mãe”. Nítida homenagem à Zizi Possi, a faixa é a melhor do álbum. Luiza também decidiu pescar algumas pérolas, como, por exemplo, “Pipoca Contemporânea”, de Caetano Veloso (já lançada por Mylene em seu disco O Que é Que Há). Moska traz “Agora é Tarde”, boa canção, mas que pouco acrescenta ao álbum. E Samuel Rosa e Chico Amaral contribuem com “Ao Meu Redor”, bela canção, mas que não reedita a inspiração da dupla. Outra parceria de Luiza com Dudu, “De Graça” é o tipo de canção feita para se tornar hit. Letra divertida e fácil e refrão chiclete. Mas é um bom momento do álbum, que é fechado ao som de paisagem, a última parceria de Luiza e Dudu Falcão. A faixa une os dois compositores no estúdio. Ele nos violões e ela na voz e arriscando tocar piano. Um bom encerramento.

Luiza continua traçando bons caminhos dentro do cenário musical brasileiro. Se continuar no caminho em que está, Luiza tem tudo para criar uma boa e coerente discografia. Bons ventos já estão chegando.


Madonna celebra carreira com A coletânea


O Que não foi Dito
Opinião de Cd
Título: Celebration
Artista: Madonna
Gravadora: Warner Music
Cotação: ****

Quando um artista está devendo algum disco para uma gravadora, e pretende se livrar logo da mesma, não tem erro! Coloca logo no mercado uma coletânea com um apanhado de hits e pronto. Com Madonna não foi diferente. Ou melhor, não de todo igual. No ano em que completa 26 (bem vividos) anos de carreira, a rainha do pop decidiu acabar com o vínculo com sua primeira (e única) gravadora, a Warner Music. A gravadora, que distribui os álbuns de Madonna desde 1983, quando a cantora lançou Madonna, seu primeiro disco, coloca nas lojas a coletânea Celebration. Mas há um diferencial desta coletânea para tantas outras que simplesmente caem de pára-quedas no mercado fonográfico. É uma coletânea de Madonna! E só isso basta. Descontando a fraquíssima GHV2, lançada em 2001, as coletâneas de Madonna não decepcionam os fãs, visto que a The Immaculate Collection foi uma das coletâneas mais vendidas e aclamadas por público e crítica de todos os tempos. Madonna sabe dar a seus fãs o que eles desejam. Mas como eu dizia, Celebration não é apenas uma coletânea qualquer. É uma comemoração aos 25 anos de carreira de Madonna, completados em 2008 e comemorados com a Sticky & Sweet Tour (que aportou no Brasil). As comemorações se alongaram por 2009 e eis que nasceu Celebration, que chega ao mercado em formato de Cd simples, Cd duplo e DVD duplo, contendo alguns dos clipes mais importantes da carreira de Madonna. E ainda traz duas canções inéditas (a exemplo da The Immaculate Collection). “Celebration” e “Revolver” são as novidades do Cd (a última faixa está presente apenas no álbum duplo).

Enquanto o Cd te faz viajar por todas as fases da carreira de Madonna de modo aleatório, o DVD duplo te leva a ver todos os clipes da “material girl” de forma cronológica. Está tudo lá, ou melhor, quase tudo. A ausência de algumas canções no Cd (tanto duplo quanto simples) não é tão sentida, mas a falta de clipes como “Holiday”, “Everybody”, “American Life”, “Drowned World/ Substitute for Love”, “Bad Girl” e “Fever” são sentidas no DVD. Mas o DVD é coeso. Agrega todas as fases da carreira da popstar. Há a fase anos 80, com canções grudentas e de refrão chiclete, como “Lucky Star”, “Like a Virgin”, “Material Girl”, “Papa Don’t Preach”, “La Isla Bonita”, “Who’s That Girl” e “Cherish”, isso apenas para citar algumas. Há a fase “erótica” da cantora, que conta com clipes como “Justify my Love”, “Erotica” e “Deeper and Deeper”. Há a Madonna agressiva de “Human Nature”, a romântica de “Secret”, “Take a Bow” e “You’See”, e a espiritualizada Madonna de “Ray of Light”, “Frozen” e “The Power of Goodbye”. Madonna incluiu um pouco de tudo. Há “Beautiful Stranger” e há a fase “cowgirl das pistas” de “Music” e “Don’t Tell Me”. Pena que a cantora tenha aproveitado tão pouco o seu lado politizado, deixando de fora o melhor clipe do álbum American Life de 2003. A faixa-título não está presente, mas o disco está lá representado por “Hollywood”, “Love Profusion” e, eventualmente, por “Die Another Day”. Madonna também cai nas pistas de dança européias com a seleção de Confessions on a Dance Floor, de 2005. Lá estão “Hung Up”, “Sorry”, “Get Togheter” e “Jump”. É DVD para ninguém bota defeito. Incluiu até a fase mais atual da cantora, contendo os clipes de “4 Minutes” (com participação de Timbaland e Justin Timberlake), “Give it 2 Me” e o, até então inédito, “Miles Away”. O DVD traz também um outro clipe inédito, o da faixa-título “Celebration”. Na verdade do remix da canção, mas vale pela intenção.

Celebration chegou ao mercado como uma das coletâneas mais bem vistas até então e, no que depender do conteúdo, continuará assim. Tem um ou outro escorregão, mas ainda é uma coletânea para ninguém botar defeito nas suas 47 faixas.


A classe e a singeleza de Milton e Belmondo


O Que não foi Dito
Opinião de Cd
Título: Milton Nascimento & Belmondo
Artista: Milton Nascimento e Belmondo
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: **** 1/2

Jazz de melhor qualidade, clássico da música erudita, sonoridade ambientada numa Paris do final da década de 40 e cordas de uma das orquestras mais aclamadas da atualidade por toda a Europa. Una tudo isso à voz inigualável e aos grandes sucessos da carreira de Milton Nascimento. Pronto! Você terá um dos mais belos discos que aportaram com quase dois anos de atraso no mercado brasileiro. Milton Nascimento & Belmondo é o álbum gravado por Milton Nascimento em parceria com os irmãos Lionel e Stéphane Belmondo, atual dupla de destaque no cenário do jazz francês. O disco, lançado em meados de 2008 na França, é um dos mais belos e elegantes dos últimos tempos.

A idéia principal era de que o disco fosse gravado apenas pelos irmãos Belmondo, e que Milton fizesse apenas uma participação em alguma das faixas. Mas o fundador do Clube de Esquina gostou tanto de cantar ao lado dos irmãos, e eles idem, que decidiram por fazer o disco inteiro em parceria. Daí nasceu Milton Nascimento & Belmondo, lançado no Brasil pela gravadora Biscoito Fino. Além da sonoridade classuda e elegante, outro ponto interessante do disco é o fato de Milton ter espaço para revisitar alguns dos clássicos de sua carreira. Canções como “Travessia” e “Nada Será como Antes” podem até soar como “chapadas” para quem apenas lê o encarte do álbum, mas elas ganham um novo arranjo e uma nova ambiência na gravação de Milton com a dupla.

A abertura fica por conta de “Ponta de Areia”, gravada na habitual singeleza dos registros de Milton para esse clássico. “Canção do Sal” também ganha versão inspirada, feita para ser ouvida nos melhores cafés de Paris. Outro grande momento é “Memória dos Peixes”, com direito às cordas da Orquestra Nacional da França. A faixa é um dos grandes momentos do álbum. Talvez pelo arranjo, talvez pela bela letra. Milton Nascimento, aliás, é, além de um grande compositor, uma das mais belas vozes do Brasil, prova disso são os vocalizes que Milton faz durante toda a faixa “Oração”, a ária de César Franck adaptada por Christophe Dal Saso. Lindo.

Milton mostra que clássicos são sempre eternos em qualquer arranjo, mesmo estando quase irreconhecível, “Travessia” ainda soa eterna, mas com um ar de frescor. Assim como “Morro Velho” que, além da bela letra, é levado com singeleza e delicadeza impares, tanto por Milton quanto pelos Belmondo. Maior surpresa do disco (ou uma das), “Nada Será como Antes” reaparece totalmente modificada. Adornada com leves toques de uma classuda bateria, de um piano certeiro e de sopros deliciosos, a faixa é o destaque do álbum. Um clássico que continua eterno. Das 10 faixas, há apenas 1 inteiramente instrumental. O medley de “Berceuse” e “Malilia” é a única faixa que não tem a voz de Milton, mas nem por isso chega a ser um momento menor do disco, visto a qualidade do álbum. Não há nenhum momento destoante. Tanto é verdade que uma canção menor como “Saudade dos Aviões da Panair” torna-se um dos momentos lindos do álbum que é fechado com uma vinheta classuda de “Ponta de Areia”, encerrando o álbum da mesma maneira singela e classuda que abriu.

Milton Nascimento & Belmondo pode até ter chegado com um atraso de datas ao mercado brasileiro, mas jamais com algum tipo de atraso artístico. Milton é como vinho: com o passar do tempo fica cada vez melhor. Valeu.


terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O "Rock'n'Roll" jovial e despretensioso de Erasmo


O Que não foi Dito
Opinião de Cd
Título: Rock'n'Roll
Artista: Erasmo Carlos
Gravadora: Coqueiro Verde
Cotação: ****

Erasmo Carlos é um dos nomes mais importantes no cenário da história do rock nacional. Ao lado de Wanderléa e Roberto Carlos, o cantor deu início ao primeiro grande movimento de rock dignamente nacional, a Jovem Guarda. Hoje, quase 50 anos depois da estréia daquele programa que embalava as “jovens tardes de domingo”, Erasmo Carlos lança Rock’n’Roll, seu álbum mais roqueiro desde a época. O compositor de grandes hits como “Detalhes” e “Emoções” (ligados, injustamente, apenas à Roberto Carlos) vinha de discos de canções inéditas repletos de baladas e fracos rocks. Rock’n’Roll é, como diz o próprio tremendão, o disco que devia a todos nós e a ele próprio.

A faixa que abre o disco, “Jogo Sujo”, já dá a idéia do que está por vir. A faixa tem uma ambiência de um rock de raiz, num clima até faroeste. Erasmo é um compositor inspirado. Com ou sem Roberto consegue produzir grandes canções, prova disso é já a segunda faixa do disco, a interessante “Cover”, onde Erasmo se coloca ele próprio como cover de si. Impagável. “Chuva Ácida” é outro bom momento do álbum (repleto de altos). A parceria com Nelson Motta pode até soar mais interessante no palco, mas é um bom momento do disco. Erasmo fala de amor como ninguém. E também fala sobre a mulher como ninguém. “Olhar de Mangá” é a canção que tem tudo para virar hit. Na letra, o tremendão cita diversas mulheres numa homenagem de teor afetivo. Todas com os olhos de “pidona”. Erasmo tem humor. Humor presente também em “Noites Perfeitas”. Faixa de ambiência completamente pop. Não se assuste ao achar alguma semelhança com o Skank na faixa, o co-autor da canção é ninguém menos que Chico Amaral, parceiro fiel de Samuel Rosa. Erasmo volta a homenagear a mulher, mas desta vez na forma de instrumento. Erasmo uniu a delicadeza da mulher com a delicadeza de uma guitarra, e assim nasceu “A Guitarra é uma Mulher”, uma das melhores faixas do álbum. Não pense encontrar no álbum alguma regravação da dupla Roberto&Erasmo, ou até mesmo uma parceria dos dois. Erasmo abriu o leque de parceiros. E, neste leque, tem espaço até pra Nando Reis, que comparece muito bem com “Um Beijo é um Tiro”, outro grande momento do álbum. “Vozes da Solidão” é faixa menor, mas que não deve nada a nenhuma das outras canções presentes no álbum. Nando Reis volta a comparecer com “Mar Vermelho”, outra boa parceria com Erasmo. Se Erasmo sabe falar de rock rodeado de guitarras e de uma sonoridade mais crua, também sabe ser delicado e certeiro ao abordar sua segunda parceria com Nelson Motta, a singela “Noturno Carioca”. “Encontro às Escuras” é outro momento onde Erasmo usa e abusa do seu bom humor. E faz isso de maneira dosada, sem parecer cansativo. Na medida. A faixa que encerra o álbum é parceria entre Erasmo, Liminha e Patrícia Travassos. “Celebridade” é uma divertida crítica ao mundo das “celebridades instantâneas”. O recado é dado de forma simples, direta, engraçada e num clima jovial (clima que adorna todo o álbum e o torna tão saboroso).

Rock’n’Roll é o melhor disco do eterno tremendão nos últimos tempos. Superando até mesmo o belo Santa Música de 2004. Logo na primeira audição já é possível notar o porquê do disco ter sido indicado ao Grammy Latino 2009. Erasmo pode. Jovial, inspirado e roqueiro, este é Erasmo Carlos em seu Rock’n’Roll. Valeu.


Obra solar de Hime é o ponto alto do "Álbum Musical 2"


Vale à Pena Ouvir de Novo
Opinião de Cd
Título: Álbum Musical 2
Artista: Francis Hime e convidados
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: **** 1/2
Ano de lançamento: 2008

Em 1997 Francis Hime lançou o disco Álbum Musical, onde tinha alguns de seus sucessos revividos por nomes como Milton Nascimento, Caetano Veloso, Chico Buarque e Maria Bethânia. 11 anos depois, o compositor lança o segundo volume. Álbum Musical 2 conta com 15 faixas e com nomes de peso no mercado atual, dentre eles Ivete Sangalo, Zeca Pagodinho, Lenine e Adriana Calcanhotto. As escolhas inusitadas podem parecer perigosas, mas soam deliciosas na audição do álbum, e isso se dá a um único motivo: as composições de Hime. Um dos compositores mais importantes e talentosos da música brasileira, Francis une neste Álbum Musical 2 algumas de suas canções mais interessantes com interpretações quase impensáveis.

Zeca Pagodinho abre o disco cantando “Amor Barato”, a parceria de Francis e Chico Buarque parece que foi feita sob medida para Zeca. Ivete Sangalo é o nome mais destoante da lista de convidados, mas a cantora se sai muito bem ao defender “Quadrilha”, dando nova vida à canção (quase) regional de Francis. Lenine também se destaca ao defender “Um Carro de Boi Dourado”, a primeira (e única) parceria de Francis com Gilberto Gil. Adriana Calcanhotto mostra toda a sua versatilidade colocando sua singela voz em “Saudade de Amar”. Assim como Simone consegue (com muita luta) se ambientar na harmonia de “Maravilha”. Joyce comparece para dar um olhar cult para “Coração do Brasil”, e Paulinho Moska dá mais sentido à frase “nuzinhos em pêlo” proibida pela censura na primeira gravação de “Lindalva”. O time de convidados “não deve nada a ninguém” (como sentencia a letra de “Amor Barato”), por isso Teresa Cristina se sai tão bem ao defender “Promessas, Promessas” e Mônica Salmaso encontra o tom certo de “Mariposa”. São convidados de elite. Renato Braz e Olívia Byington podem não se sair tão bem ao defender, simultaneamente, “Grão de Milho” e “O Tempo da Flor”, mas nada que tire o brilho do belíssimo projeto. Ed Motta consegue colocar sua forte marca em “À Meia-Luz”, enquanto Luiz Melodia ganha destaque por apostar em “O Rei de Ramos” num arranjo turbinado. Vale lembrar que todos os arranjos foram criados e recriados pelo próprio Francis Hime, que toca em todas as faixas. Mart’nália se ambienta muito bem na sonoridade de “Pau-Brasil”, resultando em um dos melhores momentos do álbum. Já Bibi Ferreira (a surpresa da troupie de convidados) canta “Viajante das Almas” (a canção de Francis Hime letrada por Fernanda Montenegro) de forma magistral. A deusa do teatro foi escolhida para defender a faixa, e não deixou nada a desejar. Aliás, a faixa é a melhor do álbum, pois o fecha em clima de festa, numa conversa simultânea de todos os participantes do álbum que mandam mensagens entre si, enquanto Bibi continua cantando os versos finais da canção, que termina num último coro conjunto. Sublime.

Álbum Musical 2 não deixa nada a desejar para o primeiro. E qualquer projeto que Francis Hime lançar nessa mesma linha poderá sempre manter a qualidade estilística, já que as canções de Hime são atemporais. O problema será achar intérpretes que estejam à altura da obra de Hime. Mas nada que uma Zélia Duncan, por exemplo, não resolva.


Pitty faz rock na medida em "Chiaroscuro"


O Que não foi Dito
Opinião de Cd
Título: Chiaroscuro
Artista: Pitty
Gravadora: DesckDisc
Cotação: ***

Quando Pitty surgiu no mercado fonográfico, em 2003, com seu (bom) primeiro disco, Admirável Chip Novo, muita gente torceu o nariz para o rock pesado e cru da cantora. Mas muita gente também gostou do álbum e atribuía a ela o (apressado e equivocado) título de nova sucessora de Rita Lee no trono rock (este assumido com muita mestria por Cássia Eller durante os anos de sua curta – e rica – trajetória na música). Pois é, acontece que, em 2005, a cantora lançou seu segundo (fraco) álbum Anacrônico, frustrando todas as apostas e expectativas, e dando razão para aqueles que torciam o nariz para seu trabalho. Em 2007 decidiu por lançar {Dês}Concerto Ao Vivo, seu primeiro registro em cima dos palcos, que gerou, além de Cd ao vivo, um frustrante segundo DVD (já que o primeiro havia sido lançado em meados de 2004 contando com os clipes da cantora e algumas entrevistas). Eis que, neste ano de 2009, fim de década, Pitty retornou e lançou Chiaroscuro. A expressão italiana usada como uma técnica dos pintores vitrovianos do século 18 (que significa claro&escuro) consegue traduzir bem este novo álbum da cantora baiana. O disco é superior aos seus dois discos de estúdio, e parece tentar dar upgrade na carreira da roqueira. A sonoridade crua continua presente, mas agora trabalhada com mais classe e profissionalismo. Os discos não soam mais como uma grande festa sem sentido (Anacrônico e {Dês}Concerto Ao Vivo) nem como o grito mudo de uma rebelde sem causa (Admirável Chip Novo). A balzaquiana Pitty evoluiu.

A evolução é notada já na faixa que abre o disco, “8 ou 80” tem letra interessante e já dá um bom aperitivo do rock que a cantora pretende mostrar no álbum: cru, porém muito bem trabalhado. Apesar da segunda faixa do álbum, a balada “Me Adora”, dar um ar insosso ao disco, a pista é falsa. A balada é a faixa de trabalho do álbum, e um dos pontos baixos. “Medo” também não é um grande momento do álbum. Apesar do bom arranjo, a letra deixa muito a desejar. Vale lembrar que Pitty não é a compositora inspirada que pensa ser, mas faz a sua parte no atual (escasso) cenário do rock brasileiro. “Água Contida” é outro momento do disco onde arranjo se sai melhor que a letra. Apesar da fraca letra é interessante o flerte que Pitty faz com a música tipicamente latina e eletrônica (um quase tango pseudo-eletrônico). “Só Agora” é uma balada chata, completamente desnecessária. E “Fracasso” também não é uma grande canção, com letra que tenta traduzir o sentimento punk ao falar de um cidadão escravo da sociedade. Melhor faixa do álbum, “Desconstruindo Amélia” tem letra e arranjo interessantes. Pitty, nessa faixa, mostra que está crescida, com direito a nítidas citações de Balzac. A cantora faz ainda com que a canção converse com o cenário mais conservador da MPB, fazendo alusão à “Amélia” (aquela que era mulher de verdade). Pitty está inteligente (assim como em seu primeiro álbum ter a inteligência de transformar em refrão a máxima “o homem é o lobo do próprio homem”). “Rato na Roda” é outra faixa que chama mais atenção pelos arranjos turbinados que pela letra em si. A confusa “Trapézio” destoa um pouco do disco, deixando uma sensação de confusão no ar. “A Sombra” é faixa pretensiosa, mas com bela harmonia, com arranjos noturnos que, apesar da letra pueril, ganha destaque no álbum. “Todos Estão Mudos” fecha o álbum, criando um anticlímax com a faixa anterior. Um rock pesado de ambiência progressista. Mas que cumpre seu papel dentro do álbum.

Chiaroscuro faz com que Pitty feche a década deixando a boa impressão de que sua obra pode crescer daqui pra frente. O melhor disco da cantora até então. E que venham outros (!).


segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Histórias e canções do pequeno burguês, Martinho


O Que não foi Dito
Opinião de Cd
Título: O Pequeno Burguês
Artista: Martinho da Vila
Gravadora: MZA Music
Cotação: ****

Martinho da Vila decidiu fugir da mesmice de gravar um Cd e um DVD num show ao vivo. Ao invés disso, o sambista decidiu montar um show e registrá-lo em Cd e DVD. Até aí parece que nada mudou e que estou me contradizendo. Realmente, eu estaria me contradizendo, mas não é o caso de O Pequeno Burguês. Lançado num pacote com Cd e DVD, o projeto é uma comemoração dos 70 (bem vividos) anos de vida do compositor de Vila Isabel. Martinho decidiu fugir da fórmula dos shows convencionais e montou um espetáculo que une histórias e canções. Martinho fez do palco do Teatro Fecap uma gigantesca roda de samba, que abre espaço para histórias, brincadeiras e, lógico, muito samba. Martinho vai contando histórias sobre as canções, enfileiradas perfeitamente num roteiro descompromissado e com um único intuito: divertir. Grandes hits do cantor estão ali, grandes canções e grandes composições.

O disco é aberto com uma faixa em estúdio, a bela “Filosofia de Vida”. Martinho abre o disco já contando história e cantando, quase à capella, “Linha do Ão (Tabela do Galão)”. As histórias permeiam praticamente todas as músicas. Uma delas fala sobre os grandes Festivais promovidos pela rede Record. As faixas “Menina Moça” e “Casa de Bamba” agregam histórias interessantes desta época. Martinho ainda lança mão de canções mais politizadas, porém sempre com o seu toque de diversão, caso de “Pra que Dinheiro”, e até da faixa-título, “O Pequeno Burguês”. “Quatro Séculos de Modas e Costumes” também é faixa interessante, mas perde terreno para a história contada durante o belíssimo samba “Madrugada, Carnaval e Chuva”, que conta do desastre de um dos desfiles da escola de samba carioca Vila Isabel. Martinho ainda ataca com “Yayá do Cais Dourado”, mas se diverte mesmo ao cantar a belíssima “Jaguatirica” e contar da história dos saraus de composição de arma em sua casa. O co-autor da canção, Zé Catimba, também participa da faixa. Uma das melhores do álbum. Há faixas menores, como o medley “Na Aba” e “Agora é Moda” (que conta com participação de Paulinho da Aba, cantando, sozinho, a faixa) e “No Embalo do Samba”. O Cd atinge grande ápice já no final, com os sambas “Meu País” e “Tom Maior”. A primeira vem junto a uma história interessante sobre a ditadura, na época em que foi implantado o plano para a votação direta do presidente da república. Martinho conta que, no final, a música não deu em nada, mas vale pelo samba (quase) partido alto. E a última faixa é o samba mais belo (ou um dos mais belos) da carreira de Martinho, e fecha o disco. O samba da época das rodas de samba no grupo Opinião. Ali nasceu “Tom Maior”, dedicada, no disco, “a todas as mamães e futuras mamães que querem um Brasil melhor”. Grande momento. O presente olhando para o passado.

O Pequeno Burguês pode não ser o maior ou o melhor disco da carreira de Martinho, mas é, com certeza, um dos mais deliciosos de se ouvir. Valeu.


"N9ve" evita excessos, mas não a falta de inspiração


O Que não foi Dito
Opinião de Cd
Título: N9ve
Artista: Ana Carolina
Gravadora: Sony Music
Cotação: ***

N9ve, o disco que comemora os 10 anos de carreira de Ana Carolina, pode não reeditar a beleza dos primeiros álbuns da cantora e compositora mineira, mas é superior ao seu antecessor álbum de estúdio, o excessivo Dois Quartos. N9ve contém apenas 9 faixas, enquanto Dois Quartos continha 24.

O disco conta com a produção Alê Siqueira, Mário Caldato e Kassin, que moldam arranjos luxuosos às canções.

“10 Minutos” é a faixa que abre o disco. O tango eletrônico produzido por Alê Siqueira e composto por Ana Carolina e Chiara Chivello é um dos destaques do álbum. Ana ainda é uma boa compositora, pena que as canções deste novo trabalho não reeditem a beleza e inspiração de seus primeiros álbuns. “Dentro”, por exemplo. A segunda faixa do disco tem bela melodia, mas com letra fraca. Quando Ana compõe sambas ainda se sai bem. Mesmo sem a beleza melódica de “Vestido Estampado” ou a jovialidade de “Cabide”, o samba “Tá Rindo, é?” consegue se destacar na safra de inéditas da cantora. O disco conta com participações especiais de artistas internacionais. John Legend canta com Ana na fraca “Entreolhares”. A canção bilíngüe cantada por Ana e Legend tenta reeditar a fórmula usada por Vanessa da Mata e Ben Harper na canção “Boa Sorte/ Good Luck”, hit de 2006/ 2007.

Ana parece não ter mais inspiração para compor grandes hits pop, mas ainda sabe contar histórias. A prova disso é a interessante “Era”. Mas Ana às vezes passa dos limites e acaba cansando com “8 Estórias”, canção que agrega nome de mulheres numa história chata. Ana abriu um leque de parceiros internacionais, o qual conta com a boa contribuição de Chiara Chivello que, além de compor, participa da belíssima “Resta”. O leque também conta com Gilberto Gil, que colocou letra num samba de Ana e Mombança. “Torpedo” consegue destaque no álbum, apesar da melodia pouco inspirada. A canção que fecha o álbum é a fraca “Traição”, que conta com o piano de Daniel Jobim e com o baixo e voz da jazzista americana Esperanza Spalding. A faixa não é a mais inspirada do álbum, mas também não soa como um dos piores momentos.

N9ve não é um grande disco na carreira de Ana Carolina (que veio de ótimos álbuns como Ana Carolina, Ana, Rita, Joana, Iracema e Carolina e Estampado), mas serve muito bem para tirar a má impressão do último álbum da cantora, o duplo Dois Quartos. O problema de Ana Carolina é que a qualidade das composições vem decaindo com o passar do tempo, fazendo com que a cantora não pareça mais ser aquela compositora inspirada de áureos tempos. Algumas soam até preguiçosas. O que realmente salva N9ve é a falta de excesso (tanto nas faixas quanto nos arroubos vocais da cantora) e na luxuosa produção da troupie Alê, Caldato e Kassin.


Titãs soam artificiais com produção de Bonadio.


O que não foi Dito
Opinião de Cd
Título: Sacos Plásticos
Artista: Titãs
Gravadora: Universal Music
Cotação: * 1/2

Há muito tempo que os Titãs não conseguem lançar um bom disco à altura de seu passado inspirado. Em Sacos Plásticos, o disco lançado pela Universal Music com produção de Rick Bonadio, a falta de inspiração soa mais evidente. Não espere ouvir no disco canções transgressoras como “Bichos Escrotos” ou baladas experimentais como “O Pulso”. Em Sacos Plásticos, os Titãs soam apenas como uma banda qualquer, apenas com alguns rocks sem graça e baladas clichês (mas sem a inspiração de “Epitáfio” que, apesar de fraca, era um dos destaques da safra autoral do grupo nos últimos tempos).

A canção que abre o disco, por si só, já é vergonhosa. “Amor por Dinheiro” é um rock que tenta, sem sucesso, soar forte e transgressor. Soa chato (apesar da letra interessante). “Antes de Você” é a primeira balada do disco. Composição de Paulo Miklos, a canção não consegue aumentar o interesse pelo álbum. Canção de ambiência rock-eletrônico, a faixa título, “Sacos Plásticos”, poderia ser um dos destaques do álbum não fosse a fraca letra. “Porque eu sei Que é Amor” também não consegue se destacar no álbum. Balada apaixonada que não diz nada.

A produção do disco também é pecaminosa. Rick Bonadio pode conseguir fazer com que bandas do universo EMO, como NX Zero e Fresno, soem interessantes comercialmente, mas não conseguiu realizar o mesmo êxito comercial (ou qualitativo) com os Titãs. E fica nítida a falta de qualidade do álbum na seqüência de “A Estrada”, “Agora eu Vou Sonhar”, “Quanto Tempo” e “Deixa eu Sangrar”. Faixas até vergonhosas para uma banda com um passado tão inspirado e roqueiro. O grupo parece ter se rendido às amarras do mercado, abdicando da qualidade, mas sem conseguir tamanho êxito comercial. Melhor momento do disco, a faixa “Problema” é destaque pela letra interessante e pela sonoridade indie-rock. Entre os parceiros que figuram na faixa, está o nome de Arnaldo Antunes. Prova viva da falta que o compositor faz ao grupo. O disco atinge o ápice e decai. “Não Espere Perfeição” tem letra fraca e pueril, ambientando o grupo à produção de Bonadio. Assim como “Quem vai Salvar Você do Mundo”, que só não consegue ser tão chata quanto “Múmias” porque não conta com os vocais vergonhosos do grupo. Uma cópia mal feita do Roupa Nova. Andreas Kisser contribui com a faixa “Deixa eu Entrar”, outro destaque do disco, com sonoridade pesada e interessante e com letra (enfim) a altura. A faixa que fecha o álbum, “Nem Mais uma Palavra”, é um reggae de ambiência rocker, fechando o álbum com clichês românticos. Típica dor-de-cotovelo. Vergonhoso.

Sacos Plásticos é mais um ápice da falta de inspiração dos Titãs nesta década. Que falta faz um Arnaldo Antunes, ou até um Nando Reis no grupo.


Relato de uma noite de verão...

Férias. Para uns é sinônimo de festas, para outros é sinônimo de encontrar com amigos distantes, e, para mais alguns, sinônimo de descanso. Bom, para mim as férias têm um único significado... insônia!

As férias fazem com que eu me desligue de tudo. Não tendo pensamentos para problemas, dilemas, coisas a resolver no dia seguinte. Sem trabalhos escolares, provas, coisas a estudar, textos a decorar, laboratório por fazer, pessoas para ver, ensaios para me preparar e apresentações para realizar. Nada ocupa a minha mente. Nem se quer as festas ou presentes. Nem sonhos ou amores. Nem amizades ou inimizades. Tristezas e felicidades, irritação ou paz. Nada ocupa minha mente durante a noite. É uma noite apática com um aparelho de televisão ligada em canais da rede aberta – é impressionante como, na madrugada, a rede de canais aberta consegue ser pior que nas tardes. O problema nesta paz noturna é justamente esse... A PAZ! Não há barulhos, não há preocupações, não há indagações nem dúvidas. Apenas um calor infernal, um ventilador ligado à meus pés, uma televisão quase muda e programada para se auto desligar e, consequentemente, a insônia. Não me vejo mais dormindo antes das 5 ou 6 da manhã. Um verdadeiro caos, já que odeio dormir até tarde. O fato de as férias me retirarem do stress da vida normal por um tempo até é agradável. Descansar por uma ou duas semanas é maravilhosos. Descansar por dois meses é completamente enlouquecedor. Preciso saber que, quando acordar, terei problemas e dilemas para resolver. Preciso das dores de uma paixão para poder dormir. Preciso de uma decepção ou de uma certeza. Preciso que minha mente esteja completamente cheia para que eu deite minha cabeça no travesseiro e possa dormir em paz. Parece que o pesar do stress me dá paz. Pode me enlouquecer durante o dia, mas, à noite, me dá paz. As férias me tiram essa certeza de que há problemas que realmente precisam da minha atenção. Os problemas do dia-a-dia não são tão importantes. A maioria é fácil de relevar. Mas os problemas que só um dia corrido de trabalho nos dá, estes sim me dão paz. A falta destes problemas me traz esse problema. A única namorada que realmente não tem o mínimo desejo de me abandonar é esta: insônia. Não se pode dizer que é de todo o mal, afinal ela me acompanha noite adentro, mas chega um momento que enche o saco! Minha avó não é como eu. A insônia dela é controlada. Ela decide quando quer ou não ter insônia. Ela fica acordada até as 4 da manhã e simplesmente fala: agora é hora de dormir. Ou pior, deita-se meia-noite e apenas diz: hoje não terei insônia! E dorme.

Minha insônia ainda tem vontade própria. Tanto tem que fez com que eu me levantasse da cama, tomasse um copo d’água, colocasse um filme no DVD, ligasse o computador e começasse a digitar este texto. É impressionante, pois os bocejos que m chegam são extremamente fortes. Feitos para derrubar um boi. Mas são apenas bocejos. Contínuos bocejos que se repetem num intervalo de tempo de segundos. Mas nada das pálpebras ficarem pesadas, do olho arder, do corpo ficar cansado a ponto de não conseguir mais se agüentar sentado e precisar deitar. Meu corpo ainda agüenta. Minhas pálpebras continuam leves e meu olho ainda está marejado pelas lágrimas do bocejo. Nada de sono, nada de cansaço, nada de nada. Só este calor infernal que o ventilador tenta amenizar. Tem sucesso em determinados momentos, mas quando o carnaval chegar sei que vou me fuder de verde e amarelo. Detesto verão. Detesto calor. Detesto insônia. Detesto estar acordado às 3:58 da manhã pensando que nenhuma alma viva lerá este texto que será publicado no meu blog. Se isso fosse um testamento eu estaria ferrado. Ninguém leria. Ninguém se quer tomaria conhecimento até o fim das festividades. Veja que maravilha, meu nariz começou a escorrer, deve ser o vento que não está me fazendo bem. Mas antes morrer de frio do que tostar neste calor infernal. Vejam, 3:59, provavelmente este texto só será publicado às 4:3 mais ou menos. Sim, por aí. 4:00 agora. Enfim, vou começar a fuçar internet à fora esperando algum e-mail noturno. Ninguém costuma ficar acordado à essa hora, e os que ficam não pretendem conversar. As luzes da sala se apagaram. A insônia de minha avó já se foi e a minha continua. Vou parar por aqui, antes que isso acabe virando um livro.


Boa noite para aqueles que conseguirem. 4:02 agora. Tenho 1 minuto para publicar este texto. Acho que às 4:05 ele estará publicado.


BC.