sábado, 25 de dezembro de 2010

Feliz Natal!

Um Feliz Natal aos leitores deste blog. Paz, amor, alegria, harmonia, felicidade, $aúde e grana! E vamo que vamo que o show não pode parar!


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Trilha de “Addams” envolve, mas não convence


Opinião de Cd
Título: The Addams Family - Broadway Cast
Artista: Bebe Neuwirth, Nathan Lane, Krystra Rodrigruz, Kevin Chamberlin e grande elenco.
Gravadora: Sony Music
Cotação: ***

Musical de Marshall Brickman e Rick Elice com musicas e letras de Andrew Lippa, The Addams Family cumpre concorrida temporada na Broadway. Com nomes como Nathan Lane (The Producers) e Bebe Neuwirth (Chicago), o musical prima mais pela comédia em si que pelas músicas, tendo recebido ferinas críticas da imprensa especializada em sua estreia. E realmente as canções, fora de cena, envolvem, mas não chegam a convencer.

A abertura é ótima, principalmente quando se rascunha o tema original da série The Addams Family (o tema do estalar de dedos) e a primeira canção (cantada por todo o elenco) é também um dos melhores momentos do álbum. “When You’re na Addams” envolve e empolga, principalmente durante a divisão de versos, dando destaque para os protagonistas Nathan Lane (que encarna Gomez Addams) e Bebe Neuwirth (que encarna Morticia Addams). O álbum começa prometendo ser mais do que realmente é. “Pulled”, cantada por Krysta Rodriguez (Wednesday Addams), é outro momento que também empolga, principalmente por apostar numa sonoridade voltada para o rock, mas sem deixar a mágica aura da “velha Broadway” de lado. E é essa magia da “velha Broadway” o grande trunfo do álbum. Em nenhum momento você se sente desconfortável ao ouvir as canções que, por mais que não tenham letras que façam sentido fora dos palcos, são o grande trunfo de Andrew Lippa. Ele soube bem como montar arranjos interessantes, bonitos e sem parecerem herméticos demais. Foi na medida certa, principalmente em temas como “Where did we go Wrong”, que é dividido por Nathan e Bebe que conseguiram seguir a proposta latina das canções sem prejudicar suas respectivas formas vocais. Outro tema que também prima pelo ar de “velha Broadway” é “One Normal Night”, que faz uma mistura da antiga Broadway de orquestrar magistrais com a nova Broadway voltada a temas de bandas menores e com o rock como tema principal. A junção dá certo, principalmente quando Kevin Chamberlin assume a canção (interpretada por Krysta Rodriguez com eventuais intervenções de Bebe e Nathan) dando um ar quase camerístico à faixa, num dueto com o coral do espetáculo. Belo. O álbum segue muito bem, principalmente quando Nathan Lane assume seu primeiro solo, “Morticia”, num tom latino que lembra, como sua personagem, tangos argentinos. O álbum só começa mesmo a se perder na faixa “What If” interpretada por Adam Riegler (Pugsley Addams). A valsa cantada pelo ator mirim chega a envolver em alguns momentos, mas não chega, de fato, a empolgar, tornando a passagem plácida e chata, principalmente por sua voz ainda em desenvolvimento. Um dos momentos mais divertidos do álbum (e do próprio musical) é “Full Disclosure” cantada por todo o elenco, que une o clássico quase lírico (durante a belíssima passagem de “Waiting” cantada por Carolee Carmello) ao jovial e quase jocoso no fim da canção. Empolga.

O álbum atinge realmente seu ápice quando Bebe Neuwirth, Kevin Chamberlin (Uncle Fester) e Nathan Lane têm seus respectivos solos, nas três melhores canções do álbum: “Just Around the Corner” (onde Bebe assume um tema especificamente clássico da Broadway, lembrando grandes musicais como Sweet Charity, Nine e, o protagonizado pela própria, Chicago), “The Moon And Me” (um número aonde Kevin vai do lírico ao grotesco em questão de compassos e mostra o grande cantor que, de fato, é – valeu, inclusive, sua indicação ao Tony Awards 2010) e “Happy Sad” (belíssimo número solado por Nathan, que faz com que o álbum atinja seu ápice maior). O álbum volta a cair em seus trilhos mais convencionais em “Crazier than You”, dueto de Krysta Rodriguez com tom mais pop. Em “Let’s not Talk About Anything Else but Love” que aparece numa reprise pequena (de menos de 1 minuto) protagonizado pela hilária Jackie Hoffman, que, infelizmente, muito pouco teve a fazer nesta trilha, tendo uma única pequena participação nesta faixa (sua participação, apesar de hilária, também é pequena no musical, mesmo valendo suas pequenas aparições, ela merecia mais). Outro tema que tenta, mas não chega a empolgar é “In the Arms”, dueto de Terrence Mann com Carolee Carmello, que tenta se destacar como novidade, mas é convencional e apenas correto. Nathan e Bebe voltam a protagonizar outro bom tema do álbum, “Life Before We Die”, que tem boa letra e se sustenta fora de cena. O tema é seguido pelo momento mais belo de todo o álbum, o “Tango de Amor”, belíssimo tango convencional com pitadas de Broadway, que dá a ele um sabor todo especial. Delicioso de se ouvir (ele exala romance e sedução por todo o álbum. Aliás, talvez seja este adorno todo latino e recheado de tangos que faça do álbum tão sedutor). A última canção é “Move Toward the Darkness”, que encerra o álbum de maneira bonita, mas deixando a impressão de que poderia ter sido melhor.

Na edição virtual do álbum há ainda uma faixa bônus, “Clandango”. Um tema totalmente latino que foi usado como abertura da pré-estreia do espetáculo em Chicago.

Enfim, The Addams Family – Broadway Cast é um disco extremamente sedutor que peca apenas pelas letras que, fora da história original, parecem estar muito deslocadas. Mas vale à pena ouvir e se deixar envolver pela mágica de uma Broadway que, infelizmente, está deixando de existir. Vale conferir.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Möeller e Botelho dirigirão "As Bruxas de Eastwick"


A consagrada dupla de diretores Charles Möeller e Cláudio Botelho já tem um novo projeto para 2011. Trata-se do musical As Bruxas de Eastwick de John Dempsey e Dana P. Rowe, baseado no romance de John Updik e no filme homônimo que contava com Cher no elenco. O musical será produzido pela Time 4 Fun e tem estreia prevista para agosto de 2011 no Teatro Bradesco (SP). Aguardar.

Fonte: Site Möeller & Botelho.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ney grava canção para trilha de novela global


Após regravar de sua própria discografia o fox "Seu Tipo", de Eduardo Dussek e Luiz Carlos Góes, para a trilha da novela das 19h, Ti Ti Ti, Ney Matogrosso voltará a figurar na trilha de outra novela global com outra regravação. Trata-se da novela Insensato Coração de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, que estreia ano que vem na Globo. A canção escolhida foi "Verdade da Vida" de Concessa Lacerda e Raul Mascarenhas lançada em 1963 pela cantora Helena de Lima no álbum Quando a Saudade Chegar.
A novidade é que, tanto
"Verdade da Vida" quanto "Seu Tipo" serão lançadas como faixas-bônus do Cd com o registro ao vivo do show Beijo Bandido - com lançamento previsto nos formatos de Cd e DVD no mês de janeiro de 2011 pela EMI.

Fonte: Notas Musicais.

Clássico "Alice" aporta na Broadway em 2011


Inspirado na clássica obra do inglês Lewis Carroll, Alice in Wonderland (no Brasil: Alice no País das Maravilhas), o musical Wonderland ganhará, em 2011, os palcos da Broadway. A produção, que já está em ritm ode estreia, tem sua pré-estreia agendada para o mês d ejaneiro de 2011 na cidade de Tampa, na Flórida. O espetáculo aportará em Nova York dia 21 de março e estreia no dia 17 de abril no Marquis Theatre. A atriz Janet Dacal (que protagonizou In the Heights - foto acima) viverá o papel de Alice.

Fonte: Circuito Broadway.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Rita e Erasmo preparam turnê conjunta para 2011


Ícones do rock brasileiro, Rita Lee e Erasmo Carlos estão preparando para 2011 uma turnê conjunta. A ideia dos dois é rodar por diversas cidades do brasil numa parceria inédita. O espetáculo Os Reis do Rock tem estreia prevista para o mês de maio e contará com uma homenagem a Raul Seixas, de quem a dupla é fã. Enquanto não estreiam o novo espetáculo Rita e Erasmo continuam em turnê com seus respectivos shows. Rita com ETC... e Erasmo com Rock'n'Roll. Aguardar.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Clarice 90


Se viva, Clarice Lispector comemoraria hoje (10 de dezembro de 2010) 90 anos de vida. Ontem (09 de dezembro de 2010) comemorou-se 33 anos de sua partida.
Clarice foi, sem dúvida, a escritora mais humana que já tivemos a sorte de ler. Em suas obras e citações ela sempre conseguiu ir fundo na psicologia humana. Trabalhos como A Hora da Estrela e Aprendendo a Viver são dois (de vários) exemplos do quanto Clarice se firmava como a escritora mais ligada a psiquê emocional do ser humano. Por isso e muito mais ela se destaca não apenas como uma das grandes escritoras deste planeta, como também minha escritora favorita, que muito me ensinou. Fica aqui minha singela homenagem por estas duas datas importantíssimas. Viva Clarice e sua obra. Viva Clarice Lispector: a escritora, a mulher, a sabedoria imortal, inigualável e atemporal. Abaixo vai a última entrevista concedida por Clarice na TV Cultura em 1977, pouco antes de sua partida.

Entrevista 1:


Entrevista 2:


Entrevista 3:


Entrevista 4:


Entrevista 5:

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Simplesmente eu, Clarice Lispector

E eu que esperava fogos de artifício, esqueci que as estrelas não fazem barulho.

Clarice Lispector.

Dois Meninos

Clarice Lispector


Teu Segredo

Flores envenenadas na jarra. Roxas azuis, encarnadas, atapetam o ar. Que riqueza de hospital. Nunca vi mais belas e mais perigosas. É assim então o teu segredo. Teu segredo é tão parecido contigo que nada me revela além do que já sei. E sei tão pouco como se o teu enigma fosse eu. Assim como tu és o meu.

Clarice Lispector.

A Lucidez Perigosa

Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.


Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
- já me aconteceu antes.

Clarice Lispector.

Persona

Clarice Lispector


O Sonho

Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas.

Clarice Lispector.

Das Vantagens de ser Bobo

Clarice Lispector.


Leia o texto abaixo e depois leia de baixo para cima

Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

Clarice Lispector.

Saudades

Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...

Clarice Lispector.

Uma Pergunta

Gastar a vida é usá-la ou não usá-la? Que é que estou exatamente querendo saber?

Clarice Lispector.

As Negociatas

Depois que descobri em mim mesma como é que se pensa, fazendo comigo mesma negociatas, nunca mais pude acreditar no pensamento dos outros.

Clarice Lispector.
Já escondi um amor com medo de perdê-lo, já perdi um amor por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!

Clarice Lispector.

O Erro dos Inteligentes

Mas é que o erro das pessoas inteligentes é tão mais grave: elas têm os argumentos que provam.

Clarice Lispector.

Por Discrição

Deus lhe deu inúmeros pequenos dons que ele não usou nem desenvolveu por receio de ser um homem completo e sem pudor.

Clarice Lispector.

Desencontro

Eu te dou pão e preferes ouro. Eu te dou ouro, mas tua fome legítima é de pão.

Clarice Lispector.

O Primeiro Beijo


O PRIMEIRO BEIJO

Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:

- Sim, já beijei antes uma mulher.

- Quem era ela? perguntou com dor.

Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.

O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.

E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.

E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.

A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.

E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.

Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.

O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.

De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.

Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.

E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.

Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.

Ele a havia beijado.

Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.

Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.

Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...

Ele se tornara homem.

Clarice Lispector

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Vídeo do dia: E Tudo ao Vencedor - Kiara Sasso

Rocco vai encaixotar livros de Fernanda Young


Em 2011 a editora Rocco vai relançar os 10 livros de Fernanda Young (muitos já fora de catálogo) de forma avulsa e encaixotados. A versão encaixotada dos livros deverá conter um livro extra com declarações da autora sobre seus 10 livros e algumas reflexões sobre sua carreira como escritora, roteirista e apresentadora. É em 2011 também que deve sair o novo livro de Young, sucessor do delicioso O Pau (2009). Entre os livros relançados estarão títulos importantes em sua carreira, como Aritmética, Dores do Amor Romântico, Tudo Aquilo que Você não Soube e o supra-citado O Pau.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Comédia reina soberana na “Gaiola” de Falabella


Opinião de musical
Título: A Gaiola das Loucas
Elenco: Miguel Falabella, Diogo Vilela, Sylvia Massari, Jorge Maya e grande elenco
Direção, adaptação e versão das letras: Miguel Falabella
Local: Teatro Bradesco - São Paulo (SP)
Data: 03 de dezembro de 2010
Em cartaz até dia 19 de dezembro de 2010
Cotação: ****

Musical de Harvey Fierstein baseado na obra de Jean Poiret, A Gaiola das Loucas chegou ao Brasil pelas competentes mãos de Miguel Falabella. Autor da adaptação não só do texto como de todas as canções, Falabella soube bem como montar sua “gaiola” para agradar a todos os públicos. Desde aqueles que vão ao teatro em busca de boas risadas até aqueles que vão ao teatro para sair com alguma bagagem cultural/ emocional. Mas algo é unânime: A Gaiola das Loucas foi feita para agradar a qualquer fã de musicais.

Baseada na peça original de Jean Poiret, o musical trata, basicamente, do respeito pela diversidade e da beleza de um mundo avesso à sociedade. É assim que vivem Georges e Albin, vividos respectivamente por Falabella e Diogo Vilela, que são o dono e a estrela de um dos maiores cabarés de St. Tropez, A Gaiola das Loucas. A peça se desenrola quando o filho de Georges (fruto de uma aventura com uma corista na França) decide que vai se casar, mas sua noiva é filha do chefe de um partido moralista que é contra os homossexuais e toda e qualquer manifestação que tenha a ver com a homossexualidade. O garoto insiste para que o pai não dê pinta e para que Albin não apareça no jantar. No entanto, Albin (ou Zazá quando está travestido na estrela da “gaiola”) aparece no jantar para cobrir o buraco deixado pela mãe biológica do rapaz. Claro que isso tudo acontece apenas no segundo ato que, sem dúvida, é o mais sedutor. O primeiro ato também não deixa nada a desejar, afinal conta com cenário coloridíssimo e com um elenco talentosíssimo de 25 atores, cantores e bailarinos que dão um show como as “loucas” do cabaré.

A música parece estar em segundo plano no espetáculo, mesmo que Diogo Vilela seja um dos grandes destaques por sua voz muito bem trabalhada e emocionante, que chega a empolgar em diversos números, principalmente em “Eu Sou o que Sou”, versão de Falabella para “I Am What I Am”(que, aliás, se destaca entre todas as ótimas versões feitas por Falabella, muitos superiores às versões das canções de Hairspray), a canção mais conhecida do musical, propagada com sucesso na voz de Gloria Gaynor. O timing de humor dos dois atores consegue, por vezes, pesa mais que a música do espetáculo, principalmente quando Jorge Maya está em cena como o mordomo Jacó – ou Clodine, como prefere ser chamado. O ator dá um verdadeiro show e, por vezes, deixa Diogo e Falabella em segundo plano. Outra que também dá um verdadeiro show é Sylvia Massari que, de todo o elenco, é a que tem a voz mais talhada para o canto, destacando-a em diversos números coletivos. Pena que a atriz tenha uma participação tão limitada na pele de Jacqueline, amiga de Georges e Albin/ Zazá.

Enfim, a superprodução – capitaneada por Sandro Chaim, repetindo a parceria com Falabella que já rendeu os sucessos Os Produtores (2007) e no supracitado Hairspray (2009/ 2010) – faz com que pensemos que, na balança de A Gaiola das Loucas, a música pese menos. Pode até ser, mas que vale à pena assistir ao espetáculo com ou sem música isso vale. Num consenso geral, A Gaiola das Loucas é um dos melhores espetáculos em cartaz em São Paulo.

Vídeo do dia: Marion Cottilard - Take it All

"Evita" chega ao Brasil em 2011


Estreia em São Paulo, no Teatro Alfa, em 2011 a versão brasileira do musical Evita. Com letras de Tim Rice e canções de Andrew Lloyd Webber, o musical chega numa versão feita por Jorge Takla, que montara anteriormente versões de My Fair Lady, West Side Story e O Rei e Eu. O espetáculo estreia em 19 de março e conta no elenco com nomes como Daniel Boaventura, Fred Silveira, Bianca Tadini e Paula Capovilla, além de 45 atores em cena.

"Duo" de Caetano e Gadú ganha registro ao vivo


Show dividido por Caetano Veloso co Maria Gadú, Duo ganhará registro ao vivo em Cd e DVD. O show (que estreou em 9 de novembro em Salvador e se encerra em 9 de dezembro em Recife) une o repertório dos dois cantores, com foco maior na obra de Caê. Entre as canções apresentadas estão "O Leãozinho", "Beleza Pura", "O Quereres", "Vaca Profana", "Nosso Estranho Amor", "Menino do Rio", "Vai Levando", "Shimbalaiê" e "Rapt-me Camaleoa", a canção de Caetano gravada por Gadú para a trilha do remake de Ti Ti Ti e interpretada por ambos durante a apresentação de um prêmio. A única canção não autoral do repertório é "Trem das Onze", de Adoniran Barbosa.

Fonte: Notas Musicais.

Lobão lança livro e (duas) inéditas


50 Anos a Mil (capa acima) é o título da pseudo biografia escrita por Lobão com colaboração de Cláudio Tognolli ora editada pela Nova Fronteira. O livro conta um pouco das memórias do cantor nestes (mais de) 50 anos de vida e 28 anos de carreira, dentre causos de sua vida pessoal e profissional. A novidade é que, em seu site oficial, Lobão disponibilizou duas canções inéditas: "Das Tripas Coração" e "Song for Sampa", dois rocks, sendo o segundo um rock de segmento folk. Para fazer o download das canções basta acessar o site oficial do cantor, se cadastrar e baixar as duas (boas) canções.

Bethânia prepara show com canções de Chico


De acordo com o jornalista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, Maria Bethânia está prestes a cair na estrada mais uma vez. Nem bem encerrou sua última turnê, Amor, Festa e Devoção, baseado nos gêmeos Tua e Encanteria, lançados em 2009, a abelha rainha já prepara um novo show. Desta vez ela pretende cair na estrada com um show intitulado Sem Fantasia, onde interpreta apenas canções de Chico Buarque de Hollanda. Na agenda da interprete já estão marcadas apresentações no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília. Fica para ano que vem.

E aí?

Quando a vontade e a razão estão em conflito... quem ganha?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Uma singela homenagem - Chase


Nascida carioca, a atriz Ada Chaseliov é um dos nomes mais importantes no cenário teatral brasileiro desde que surgiu na década de 70, mas no cinema. Ada é uma referência na dramaturgia brasileira, principalmente na área de musicais. Ela encerrou a pouco tempo uma temporada muito bem sucedida do musical “Gypsy’, onde interpretava a escrachada e hilária Electra, um papel que, a princípio parece ser pequeno, mas que cresce demais no conceito do público pelo ato de fazer rir e divertir.

Ada prende o público e já não é de hoje. Sua imagem sempre prendeu a atenção do público fosse no teatro, no cinema ou na televisão. Ada tem um encanto próprio que faz com que sua imagem nos prenda de tão intensa que demonstra ser. Ela é a atriz que mais fez musicais da dupla de papas Charles Möeller e Cláudio Botelho e disputa o prêmio de primeiríssima apenas com a recém-homenageada deste blog, Ivana Domenico. Ada, no entanto, não é uma cantriz. É uma atriz que canta (na definição da própria). E canta bem. Já é provado isso desde “As Malvadas”, primeiro musical de Charles Möeller e Cláudio Botelho, onde Ada deu vida à Amanda Plummer, a garota do partido. Foi ela quem deu vida também à Linda Porter no inesquecível “Cole Porter – Ele Nunca Disse que me Amava” e foi responsável por substituir Totia Meireles no belíssimo “Cristal Bacharach”. Diversidade é com Ada, que também encarnou, no teatro, Dóris Pelanca no grande clássico “Ópera do Malandro” e Frau Schmidt no musical “A Noviça Rebelde”, que faz parte do imaginário de qualquer ser humano que ao menos simpatize com musicais.

O grande público, no entanto, deve conhecer Ada de suas participações em novelas e minisséries. “A Muralha”, por exemplo, onde encarnou a inesquecível Leonor ou então em “Belíssima” onde encarnou a mãe super-protetora Ester Schneider, causando um grande desconforto na classe judaica pelo fato de a personagem ser uma das vilãs da trama e ainda ser judia. Mas ninguém jamais se esquecerá de sua participação em “Guerra dos Sexos”, onde viveu Manuela Marino, a mulher, mãe e esposa alcoólica que sumiu no meio da trama e, quando a julgavam morta, retornou triunfante e livre de seu vício. Mais atualmente fez uma pequena participação em “Passione”, outra novela de Silvio de Abreu, autor que, graças aos céus, sempre nos dá a chance de vê-la nem que seja por alguns instantes na telinha. Ada era Matilde, a dona do bordel onde Clara voltara a trabalhar logo no início da novela. Uma pequena participação que, para nós, fãs, é sempre enorme. Aliás, de pequenas participações na TV Ada se fez. Seja no “Castelo Rá-Tim-Bum” como uma bruxa má que decide se tornar boa; Seja em “Da Cor do Pecado” como a governanta mandona Solange, seja como a amante de um garotão em “Paraíso Tropical” ou seja uma hilária cinquentona loura que, com seu dinheiro, seduz Marcelo em “Sete Pecados” (atualmente em reprise no Vale à Pena ver de Novo). Enfim, seja como for é sempre uma alegria poder rever a Ada na telinha. E é sempre uma alegria poder vê-la ao vivo. Um primor de doçura, preocupada e atenciosa que, muito carinhosamente, deixou que eu a enchesse a paciência durante toda a temporada de “Gypsy” em São Paulo, me proporcionando a possibilidade de assistir ao musical diversas vezes (assisti 8 e, destas 8 umas 4 ou 5 me foram proporcionadas por Ada). Fiz uma entrevista com Ada, foram 20 perguntas e, destas 20, duas foram selecionadas por mim para postar aqui. Perguntas, inclusive, essenciais dentro do teatro musical Ada, muito gentil, as respondeu. Muito obrigado Chase.

1- Como você analisa o teatro musical brasileiro hoje? Está difundido no Brasil o conceito de ator completo que canta, dança e atua?

R: Com certeza já está muito difundido aqui e a tendência é só aumentar.

Quando comecei as atrizes cantavam, não tinham “Cantrizes”.

No primeiro musical, As Malvadas, tive um choque.

O elenco reunia umas das melhores vozes até hoje, do nosso panorama de teatro musical

Gottsha, Kiara Sasso, Alessandra Maestrini e Ivana Domenico.

A sorte é que eu era a única atriz experiente!

Conviver com essas vozes incríveis me ajudou bastante e também sempre fiz aulas de canto.

É uma profissão onde a gente não pode parar de estudar, principalmente em musical.

2- É possível viver apenas de teatro musical no Brasil?

R: Difícil responder isso, pois o problema eterno do ator é quando não está empregado.

Acho que a prática de pagar salários e não percentual de bilheteria, em teatro musical, dá certa garantia ao ator.

O grande problema é que dependemos totalmente de patrocínio, então peças que fazem o maior sucesso e poderiam ficar meses e meses, são obrigadas a sair de cartaz.

Esta é uma singela, singelíssima citação, mas feita de todo o coração para uma das minhas atrizes favoritas. Admirada como profissional e como pessoa. Chase (ela com certeza vai odiar essa intimidade), um beijo carinhoso.

Amanda Plummer - A Garota do Partido (1)


Amanda Plummer - A Garota do Partido (2)

Miss Chaseliov








A volta de Manuela (Guerra dos Sexos)


Electra












Nasce Electra




Um Truque - As Strippers de "Gypsy"

As Strippers de "Gypsy"