segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Vale à pena ouvir de novo: Agora Lima, Marina mostra evolução e reinvenção em bom disco.



Opinião de disco
Título: Marina Lima

Artista: Marina Lima
Gravadora: EMI Music
Cotação: ****
Ano de lançamento: 1991


Muito se pode dizer sobre a mudança de Marina. Agora com o nome de Marina Lima, a intérprete de hits de verão como
“Uma Noite e ½” mostra que o verão não está mais chegando, ao menos não com tanta banalidade. Em Marina Lima, seu 9º disco em estúdio, a cantora mostra outras facetas num pop mais redondo e mais denso, com reflexões e letras mais profundas. Com sonoridade moderna produzida por Liminha e Fábio Fonseca, o disco mostra uma evolução na carreira de Marina, agora, Lima.
O disco é aberto com “Ela e Eu”, a bela balada de Caetano Veloso gravada por Maria Bethânia na década de 80 no disco Mel, com Marina cantando a capella. A música pode ser vista como uma alusão ao primeiro disco da cantora, o Simples Como Fogo (1979), onde Marina abria o disco com “Solidão” (Dolores Duran), a música era entoada primeiro a capella antes de ganhar a força pop que marcou o início da carreira de Marina.
Sem ganhar grande força pop, o disco segue com “Grávida”, segunda canção do disco e primeira parceria de Marina com Arnaldo Antunes. Na parceria com Antunes, Lima mostra que também evoluiu ao compor mesmo separada de seu irmão Antônio Cícero (com quem construiu toda sua carreira), tal evolução se vê no jogo feito por Marina com Arnaldo, onde ela se diz grávida de diferentes objetos, climas, etc.
Logo na terceira canção, a balada “Criança”, o disco ganha uma força, mas nada tão marcante quanto o pop-rock menos redondo apresentado no disco Todas (1985), mas um pop mais redondo, marcado pelas batidas eletrônicas, as quais conversam com o trabalho de Marina desde 1984 quando a cantora lançou seu antológico disco, o Fullgás. Entre jogo de perguntas em “Não Estou bem Certa”, onde ela deixa quase explicita sua bissexualidade em versos como “será que você será a dama que me completa, será que você será o homem que me desperta”, dando a entender sua concepção de relacionamento entre mulheres, onde há um entendimento maior e em relacionamentos com homens onde a atração sexual se mostra mais quente. Com versos reflexivos, ou até mesmo entre brincadeira clichê com o amor em “E Acho que não sou só Eu”, Marina consegue deixar sua marca. Dois destaques do disco, as baladas “O Meu Sim” e “Acontecimentos”, mostram que Marina está crescida e madura, mesmo sempre tendo esboçado essa maturidade em seus discos anteriores. Dando vazão ao seu lado de intérprete (este, ensaiado desde seu primeiro disco em 1979), Marina traz para seu universo a bela balada “Não sei Dançar”, canção de Alvin L. A canção é outro destaque do (bom) disco. Em homenagem sutil a Cazuza nos versos de “Pode ser o que For”, onde chama o amigo pelo apelido, Marina emociona de forma visceral. O disco é encerrado com “Serei Feliz”, canção a qual os versos esboçam o fim de um relacionamento (“serei feliz quando a dor passar, serei feliz quando o novo amor chegar”), encerrando o disco de forma pop, flexível e, o mais importante, reflexiva.
Agora Marina Lima, a antiga Marina mostrou que, aos 36 anos, evoluiu e se reinventou bem. Valeu.

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