quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Andreas soa interessante em show que diverte.


Opinião de show
Título: Pouco, Quase Nada

Artista: Andreas Borges
Local: Teatro do Sesc Pinheiros – São Paulo

Data: 18 de novembro de 2008

Cotação: ****

Cantor alagoano radicado nas noites de São Paulo, Andreas Borges foi a grande descoberta artística do selo Atração Fonográfica (o mesmo que acaba de editar o DVD Raízes e Antenas de Elba Ramalho). Andreas subiu no palco do Teatro do Sesc Pinheiros em São Paulo para divulgar o repertório do seu (ainda inédito) segundo Cd, o Pouco, Quase Nada. No repertório, canções inéditas que estarão no disco e canções de seu primeiro desconhecido álbum.
O cantor abriu o show ao som de sua solitária guitarra, sentado num banco posicionado ao centro do palco, evocando a aura acústica de
“Minha Flor, meu Bebê” (belíssima canção do azeitado e sensível repertório de Cazuza) e causando a boa impressão do público majoritariamente jovem da cena indie paulista. A explosão do show aconteceu na segunda canção, o inédito rock “Olho” costurado a “Seu Juca” (rock ruralista de seu primeiro Cd, Rio). O show muito teve a oferecer em termos cênicos. Fossem as imagens da cidade de São Paulo exibidas no telão enquanto o cantor entoava “Trivial” (balada feita em homenagem a terra da garoa, ainda inédita em seu repertório quase todo autoral), fosse a iluminação noier usada para pautar a interpretação de “Ontem ao Luar” (sucesso clássico de Catulo da Paixão Cearense revivido por Marisa Montem em 2001 no disco-single Memórias, Crônicas e Declarações de Amor ao vivo) ou no próprio figurino do cantor, que não passava de um pano com frouxa costura, dando o tom despojado do show.
O destaque da noite foi a banda afiada do cantor que, ao atender o pedido súbito da platéia para ouvir a não ensaiada “Menina”, se viu numa saia justa, tirada de letra no BIS. Andreas mostrou que, além de ótimo guitarrista, também tem uma voz talhada para o canto, como ao interpretar quase a capella (ao som solitário de sua guitarra e da cuíca da percussão de João Baptista) “Muita Coisa Ainda Pode Mudar”, a bela balada ainda inédita em seu repertório. Outro ponto alto da voz do cantor foi ao interpretar a bela “True Colors”, a clássica balada lançada em 85 por Cyndi Lauper em seu disco homônimo. A balada foi entoada apenas ao som da guitarra de Andreas e do piano de Maria Baldar Rocha que, ao final do show, foi homenageada pelo seu aniversário (ela completou inacreditáveis 56 anos). Andreas arriscou fazer versões, foi o caso de “Juízo Final” (Nelson Cavaquinho), “Poema” (Cazuza e Frejat - lançada por Ney Matogrosso em 1999 no seu disco Olhos de Farol) e “Mamãe Natureza” (balada do repertório de Rita Lee da época do grupo Tutti-Frutti lançada no disco Atrás do Porto tem uma Cidade de 1973). Ao exercitar seu ríspido humor em criticar os grupos emos NX Zero, Fresno e a rainha do pop Madonna (“não vou ao show da Madonna, tenho que dar banho no meu cachorro no dia e, vocês sabem, ele é mais importante”) o cantor fez um medley unindo os sucessos juvenis “Razões e Emoções” do grupo NX Zero com “Quebrando Correntes” do Fresno, as duas baladas banais foram unidas a “Like a Virgin”, o hino lançado pela material girl na década de 80 no antológico disco homônimo. O cantor ainda tirou sarro dos “calouros” do programa do Raul Gil (“Engraçado, eles tem a chance de ir cantar na TV, mas preferem ir pagar um miquinho básico, né?”), entoando após o rock “Bichos Escrotos” do grupo Titãs em alusão aos artistas que se vendem ao mercado.
Antes do BIS, Andreas encerrou o show com a ainda inédita “Nem Quero Saber”, deixando o palco ovacionado pela platéia que pedia efusiva por um BIS, pedido o qual foi atendido prontamente. No BIS o cantor interpretou de forma sensível a bela canção “Luz do Sol” (Caetano Veloso) e encerrou o show com “Deixa o Verão” do grupo Los Hermanos.
Andreas mostrou sua força e talento no palco, esse veio pra ficar!

Nenhum comentário: