quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Entrevista exclusiva com Gottsha


"O verdadeiro artista é aquele que se dispõe a não se rotular".

Em novembro de 2010 tive o prazer de entrevistar (por e-mail) a cantora e atriz Gottsha. Dentre os assuntos abordados estiveram carreira e um pouco da vida fora dos grandes palcos. Gottsha mostrou-se aberta a todas as perguntas respondendo-as com sinceridade e boa vontade. Mais uma vez muito obrigado a essa querida que cedeu seu precioso tempo para esta entrevista. Abaixo a entrevista completa.

Bruno Cavalcanti: Você começou sua carreira na música antes de cair nas graças do teatro musical. Como foi a trajetória da Gottsha cantora?

Gottsha:
Foi muito bacana. Fui a primeira brasileira dos anos 90 a cantar em inglês e ser exportada para mais de 50 países do mundo. Tenho hits que são tocados até hoje nas rádios.

BC: Em 1997 você estreou no musical As Malvadas que, além de marcar sua estreia, marcava também a estreia dos "papas" do teatro musical latino americano, Charles Möeller e Cláudio Botelho. Como surgiu o convite para participar desta empreitada?

G:
Dois anos após o lançamento do meu álbum No one to Answer fui apresentada aos meninos pelo Celso André Monteiro. Esse encontro me rendeu a maioria dos musicais que fiz até hoje. Feliz encontro.

BC: Você recebeu o Prêmio Qualidade Brasil de melhor atriz pelo musical Cole Porter - Ele Nunca Disse que me Amava, que veio a ser um dos musicais de maior sucesso da dupla Möeller & Botelho. Qual a realização profissional da Gottsha e a realização pessoal da Sandra neste trabalho? Houve uma realização pessoal?

G: Esse musical foi um presente na minha vida e carreira, onde aprendi a gostar de jazz e conhecer melhor esse gênero. Enquanto atriz foi um grande desafio, pois interpretava Ethel Merman, a primeira grande diva da Broadway, e isso era uma grande responsabilidade. Me lembro que (Cláudio) Botelho havia gravado um "off" na peça dizendo: "ela era, disparada, a melhor de todas" (sobre a personagem). Tinha que estar muito plena para entrar em cena de quinta a domingo durante anos ouvindo essa frase. No entanto só agradeço. Inesquecível.

BC: No Brasil o teatro musical tem tomado grandes proporções e deixado de ser titulado como "teatro menor". Há realmente mercado para o teatro musical no Brasil?

G:
A onda de excelentes musicais e artistas já respondem sua pergunta.

BC: Um dos grandes sucessos dos últimos tempos foi a montagem de Beatles num Céu de Diamantes. A que você acha que se deve o sucesso dessa montagem que atravessou fronteiras chegando até a Europa?

G:
Sempre digo que o sucesso é proveniente da verdade e do amor. Em Beatles foi assim, o grupo muito bem escolhido, a amizade, o carinho e o respeito que tínhamos era de verdade. Aliás, é até hoje. Viramos uma grande família.

BC: A idade é um carma para muitas mulheres, principalmente aquelas que estão envolvidas com a arte, e o número 40 é muitas vezes um tipo de carma. Aos 41 anos a idade é seu carma? Como você lida com ela?

G:
Artista não tem idade. Sou uma criança em vários aspectos e acho que devemos manter o frescor da juventude na mente e alma. Esse é o meu caso. Idade jamais será carma pra mim.

BC: Você atuou em três novelas: Celebridade, Senhora do Destino e Duas Caras. Após sua aparição nestas que foram três novelas de grande sucesso e repercussão houve algum tipo de mudança? As pessoas te reconheciam na rua ou isso sempre foi exclusividade do público que já te conhecia de seus trabalhos no teatro?

G:
Claro que estando na telinha o reconhecimento é maior, invadimos a casa da população brasileira de segunda a sábado. Como faço muitas coisas, o grande público só não consegue associar a Gottsha cantora da atriz, é ainda confuso pra eles, mas o reconhecimento é inevitável e prazeroso.

BC: Gottsha Canta Carpenters. Como surgiu a ideia de fazer um show em homenagem a dupla de irmãos?

G:
A ideia existia desde Beatles num Céu de Diamantes, só estava aguardando o momento certo para lançar. Carpenters foi uma grand einfluência na minha vida, quando era pequena minha mãe só escutava no carro, casa, viagens, e isso ficou dentro de mim, além de achar a voz da Karen (uma das componentes da dupla) uma das mais belas do mundo. O bacana é que o show sou eu sem personagem.

BC: O show chega a São Paulo ou ficará apenas no circuito carioca?

G:
Espero conseguir um patrocínio para viajar o Brasil.

BC: É possível sobreviver apenas de teatro musical no Brasil?

G:
É possível sobreviver, não viver.

BC: Qual sua impressão da evolução do teatro no Brasil? Hoje está melhor ou já houveram tempos mais áureos?

G:
Sinto que com o tempo tudo parece se tornar mais simples. Lembro que quando comecei era tudo mais complexo e trabalhoso, não tínhamos essa infra atual, o que até agradeço, pois admito que ganhei muita experiência. Porém assistindo essa renovação, admito que cada vez mais não devemos nada pra Broadway.

BC: Você está na trilha sonora do remake da novela Ti Ti Ti, da rede Globo, cantando "Fala", hit do grupo Secos e Molhados. Antes você já havia cantado na trilha de Cobras e Lagartos (João Emanuel Carneiro). Há espaço para as "cantrizes" fora do cenário do teatro musical?

G:
Acho que temos de fazer de tudo no meio, o verdadeiro artista é aquele que se dispõe a não se rotular. No meu caso, canto, dublo, me viro na dança, em línguas, faço todo o possível para continuar feliz, vivendo de arte.

BC: Você se considera uma "cantriz"? É possível definir este termo?

G:
Me considero uma artista! Sou aberta a desafios e novidades dentro da minha área, sou disponível.

BC: Você fez parte de diversos musicais da dupla Möeller & Botelho (As Malvadas, Tudo é Jazz, Beatles num Céu de Diamantes, 7 - O Musical dentre outros), qual sua relação com a dupla?

G:
Amizade. Os conheci em 1996 e sempre tive uma relação de irmandade com ambos, além da admiração, respeito e gratidão.

BC: Em sua trajetória há algum trabalho que você olhe para trás e pense: "Deste eu tenho mais orgulho"? E há algum que você pense: "Se arrependimento matasse..."?

G:
Sou o tipo de pessoa que aplica esse ditado na vida: Tudo vale à pena se a alma não é pequena (Fernando Pessoa). E a minha é proporcional a mim! Todos os meus trabalhos me ensinaram algo, portanto, sou grata e muito feliz de tê-los feito.

BC: Qual o musical favorito da Gottsha espectadora?

G
: Cabaret.

BC: Há alguma peça (musical ou não) ou algum trabalho na TV que você nunca tenha feito e ainda queira fazer?

G:
Gostaria de fazer uma vilã bem humorada.

BC: Qual a maior dificuldade de se arranjar patrocínio no Brasil, visto que o público comparece ao teatro (vide sucessos como Cole Porter, Beatles, 7, Tudo é Jazz dentre outros) e parece se interessar pelo gênero?

G:
Ainda estou tentando entender. Realmente é uma pergunta difícil, tendo em vista todos os recursos de devolução financeira e de marketing para os supostos empreendedores.

BC: Como funciona sua relação com seus fãs? Eles são aqueles que gritam histéricos quando te encontram na rua ou são do tipo que você convidaria para um chopp a tarde em Copacabana?

G:
Sou uma pessoa muito carinhosa, gosto de gente. Não curto fanatismo de nenhuma espécie, mas, sendo pessoas esclarecidas e bacanas, o chopp pode rolar com prazer.

BC: Qual a maior diferença entre a Gottsha e a Sandra Maria?

G: Somo a mesma pessoa. Talvez a Sandra seja mais tímida e reservada e a Gottsha um alter ego, mas, no fundo, o ser humano é o mesmo.


Bruno Cavalcanti.

Um comentário:

Danilo disse...

sou muito fã da Gottsha. O seu carisma me impressiona. Quando surge a oportunidade de ir ao seu show e vou ao camarim para falar com ela, ela me chama pelo nome. Não é o máximo? rsrs

Amoreca, quando for ao Rio, quero tomar um chopp contigo hein! rsrsrs


Danilo (Maringá-PR)