sábado, 8 de janeiro de 2011

“Elf” discorre linear sobre o sentido do Natal


Uma Semana na Broadway
Opinião de musical
Título: Elf - The Musical
Texto: Bob Martin e Thomas Meehan
Músicas e letras: Chad Beguelin e Mattew Sklar
Direção: Casei Nicholaw
Elenco: Sebastian Acerlus, Beth Level, Mattew Gumley, Amy Spanger, Mark Jacoby, George Wendt e grande elenco
Local: Al Hirschfield Theatre - Broadway - New York - NY (EUA)
Data: 30 de Dezembro de 2010
Cotação: ** 1/2

Baseado no filme Elf (Um Duende em Nova Iorque, no Brasil), o musical Elf – The Musical é tão linear quanto o filme que o deu origem. Com um ranço de “retomada do verdadeiro espírito de natal”, o musical acaba prejudicado pelas “boas intenções” do texto, que acabam por deixar as canções e todo um enredo de lado. O musical conta a história de um bebê que engatinha furtivamente para dentro do saco de brinquedos do Papai Noel enquanto o “bom velhinho” distribui brinquedos num orfanato de Nova York. O bebê só é encontrado quando o “bom velhinho” já está no Pólo Norte, e acaba permitindo que o chefe dos duendes adote a criança, dando-lhe o nome de Buddy. Trinta anos se passam na narrativa e Buddy se torna um adulto sem o menor manejo na produção de brinquedos. Paralelo ao péssimo manejo de Buddy para a produção de brinquedos, Papai Noel vê seu reino começar a desmoronar com a queda da crença no “espírito natalino”. Acaba para Buddy a função de salvar o “espírito de natal” na cidade de Nova York para que “o bom velhinho” possa voltar a desempenhar seu papel de entregar presentes a crianças que foram boazinhas durante todo o ano.

Enfim, o musical em si tem pouca magia natalina, transcorrendo apenas linear e politicamente correto. O elenco é o único motivo para conferir o espetáculo (já que nem as músicas de Chad Beguelin e Mattew Sklar conseguem levantar o espetáculo). Sebastian Acerlus se sai muito bem encarnando o protagonista Buddy, reafirmando o quanto é bom ator e bom cantor (ele já havia brilhado em espetáculos como Wicked e Jersey Boys). Uma surpresa (pero no mucho) é Matthew Gumley, que já havia mostrado seus bons dotes cênicos e vocais em Mary Poppins, mas cresce neste espetáculo como o meio irmão de Buddy. O elenco é o único real motivo para se conferir Elf – The Musical que, no todo, tem poucas cenas boas (como a que Buddy tenta montar um dos brinquedos mágicos do Papai Noel), no mais segue sempre uma linha de tentar implantar no público norte americano o capitalizado “espírito de natal”. A mensagem perde um pouco do ranço politicamente correto apenas quando o pai de Buddy, Walter (interpretado por um ótimo Mark Jacoby – O Fantasma da Ópera) se junta a Jovie (uma correta Amy Spanger que já brilhou mais no revival de Chicago, onde encarnou Roxie Hart) e ao Papai Noel (encarnado por um hilário George Wendt que fez parte do elenco de Cheers e, para aqueles menos aficionados por musicais, fazia uma ponta no clipe de “Black or White” de Michael Jackson, como o pai do, então garoto, Macaulay Culkin) para uma conversa politicamente incorreta sobre o espírito natalino no resto do mundo. É a cena que vale o musical e o ingresso (muito em conta, inclusive, a U$ 39,90). O musical volta a cair no banal com os temas tipicamente natalinos compostos para a história, que acabam soando banais principalmente quando unidos às coreografias ensaiadas em cena que nunca chegam, de fato, a empolgar.

Enfim, Elf – The Musical tem um bom elenco e um enredo interessante, só falta quem realmente inove ao tratar do já famigerado espírito natalino. Pena.

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