domingo, 9 de janeiro de 2011

“Memphis” é musical forte e cheio de suingue.


Uma Semana na Broadway
Opinião de musical
Título: Memphis
Texto: Joe DiPietro
Músicas e letras: David Bryan e Joe DiPietro
Direção: Christopher Ashley
Elenco:
Chad Kimbal, Montego Glover, Derrick Baskin, Michael McGrath, Cass Morgan e grande elenco
Local: Shubert Theatre - Broadway - New York - NY (EUA)
Data: 02 de Janeiro de 2011
Cotação: **** 1/2

Baseado na vida do DJ Dewey Phillips (o primeiro DJ branco a tocar na rádio músicas negras na década de 50/ 60, popularizando o gênero dentro dos lares estadunidenses conservadores da época), Memphis veio ganhando (desde sua estreia em 2009) merecida atenção do público e da crítica (faturou prêmios importantes, dentre eles o cobiçado Tony). A música que predomina (criada pelos geniais David Bryan – tecladista do Bon Jovi – e Joe DiPietro – Babes in Arms) é essencialmente voltada para o R&b, o blues, soul e jazz com eventuais incursões pelo rock da melhor xepa.

A história é ambientada na cidade de Memphis na década de 50, quando o racismo predominava no país e quando começaram a surgir as lutas pelos direitos civis. Huey Calhoun é um rapaz branco classe média que trabalha numa loja de discos e é totalmente apaixonado pelo gênero dito “black music” e é demitido por tocar o gênero dentro da loja (mesmo que a ousadia tivesse aumentado os clientes). Mantendo-se fiel ao seu gosto, Huey continua a tocar a “música negra” em seu programa de rádio, levando os jovens à loucura e os pais a psicose. Huey se apaixona por Felicia, uma cantora negra que ele leva à seu programa para cantar ao vivo, tornando-a um verdadeiro sucesso. O enredo se passa, basicamente, entre o amor proibido deste rapaz branco de classe média e a moça negra classe baixa. A proibição do amor dos dois leva o musical a caminhos já esperados, porém muito bem retratados. As diferenças de classe, raça, educação e cultura entre os dois fazem com que a história envolva o público, sem cair no banal. Grande parte do mérito é das canções. Todas levadas com muito suingue e divertimento, que não deixa que o público deixe de prestar atenção nas (ótimas) coreografias de Sergio Trujillo um só momento. Mérito também de Christopher Ashley que soube como dirigir bem o (bom) elenco que tinha em mãos (afinal de nada vale uma boa história sem um bom elenco – e vice e versa).

Chad Kimbal vive um ótimo Huey, que conquista com seu jeito malandro e ao mesmo tempo certinho, assim como Montego Glover encontrou (enfim) seu papel na pele de Felicia. Ambos os atores haviam tentado, sem sucesso, emplacar seus nomes na Broadway e no circuito off-Broadway. Chad com montagem de Godspell na off-Broadway e Montego com a (boa) montagem de The Color Purple. É o momento deles. Assim como também é o momento de vários nomes que integram o elenco negro do espetáculo, como Derrick Baskin, que faz número emocionante em “Say a Prayer”. Não acontece o mesmo com o elenco branco do espetáculo. Michael McGrath (Folies) está apagado no papel do ríspido Mr. Simmons, e Cass Morgan (Mary Poppins) sequer é lembrada quando deixa de entrar em cena. A atriz tem apenas um grande momento, que é quando acompanha Chad e Montego em “Make me Stronger”. É o que já foi dito, é de Chad e Montego o espetáculo, que termina de forma harmoniosa e intensa com “Steal Your Rock’N’Roll” interpretada por Felicia e pelo (delicioso) elenco de apoio. Arrepia.

Enfim, Memphis é um ótimo musical que merece a atenção que vem lhe sendo dada. Vale à pena desembolsar entre U$ 41, 50 e U$ 126,50 (de terça a sexta) ou U$ 41, 50 e U$ 131,50 (sábado e domingo) para se divertir ao som que, em grandes momentos, alude (bem) à Motown.

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