sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Caras e Bocas


Hoje, 08 de janeiro, chegou ao fim o folhetim das 19h, Caras e Bocas. Exibida pela Rede Globo, a trama de Walcyr Carrasco foi um marco nos últimos anos, pois recuperou os índices de ibope que andavam baixos na faixa das 19h desde a novela Sete Pecados, também de Walcyr. Caras e Bocas chegou a atingir por diversas vezes índices de ibope maior que a novela das 21h, Viver a Vida, de Manoel Carlos.

A novela apostou em vários campos, dentre eles o da simplicidade misturado com o da arte. Denunciou o tráfico de animais, deu lugar para deficientes (a atriz Danieli Haloten, intérprete da personagem Anita, é deficiente visual), e apresentou a briga do ego e da ambição contra o amor e a simplicidade. Nota 10! A novela apresentou também uma coisa que estava em falta na faixa das 19h: uma boa vilã. Déborah Evelyn interpretou a perversa Judith. A víbora era falsa, maldosa, dissimulada, inteligente, ambiciosa e, um ponto que foi crucial, elegante. A elegância de Judith era um dos pontos altos da personagem de Déborah Evelyn. Mas Judith tinha certa humanidade que fazia com que ela não fosse sem escrúpulos: era contra a violência. Ponto importante, pois fazia belo contraponto com o vilão Edgar (Júlio Rocha) – outra boa surpresa da trama.

A história de amor de Dafne (Flávia Alessandra) e Gabriel (Malvino Salvador) acabou ficando quase em segundo plano em alguns momentos, isso devido a sua filha, a personagem Bianca (Isabella Drummond). Isabella foi um dos pontos altos da novela, já que interpretou com maestria a espevitada Bianca que vivia arranjando encrencas, mas sabia bem como se livrar delas, sempre com a ajuda do seu fiel escudeiro Felipe (Miguel Rômulo), que era apaixonado por ela (os dois ficaram juntos no final).

A novela também apresentou um núcleo muito interessante: o núcleo judeu da trama. Hannah (Júlia Lund), Isaac (Theodoro Cochrane) e Esther (Ana Lúcia Torre) foram algumas das personagens deste núcleo.

Caras e Bocas sai do ar fazendo o que muitas novelas não fizeram: deixando saudades. Walcyr Carrasco inovou e deu certo. Convidou, inclusive, animais para participar da trama. Foi o caso da macaca Kate, intérprete do macaco-pintor, o Xico. O macaco (ou a macaca) foi o ponto que mais chamou a atenção na novela à primeira vista, mas não coube apenas ao macaco segurar a audiência da ótima novela, coube também a bela trama, ao elenco que se mostrou, do início ao fim, muito entrosado. Uma história fácil, interessante, leve, divertida, gostosa e muito tragável (bastante diferente da história arrastada da chata Viver a Vida, de Manoel Carlos). Caras e Bocas acabou, mas, com toda a certeza, estará confirmada para ser reapresentada no Vale a Pena Ver de Novo. Walcyr Carrasco é, hoje, um dos grandes novelistas da emissora, não nos espantemos se vermos, em breve, uma novela sua na faixa das 19h, quem sabe até para desbancar as tramas chatas de Manoel Carlos, apesar de que, pra isso, já teremos Silvio de Abreu com Passione.

Caras e Bocas deixa saudades. Não só sua trama como todo o seu divertidíssimo elenco e seu maravilhoso diretor, o grande Jorge Fernando que, em matéria de comédia, é professor. Aliás, vale ressaltar, que foi a estréia da Ingrid Guimarães numa novela. A personagem não era ótima, mas garantiu boas risadas.

Walcyr Carrasco, muito obrigado.

BC.


Abaixo a canção tema da novela: Caras e Bocas, de Dudu Falcão e Mu Carvalho, interpretado pelo grupo Chicas:


Um comentário:

Anônimo disse...

Querido, concordo mais uma vez contigo, essa novela arrasou no horario, pois fazia muito tempo que a globo não colocava uma novela neste horario com um conteudo muito bom.
Sem contar que o final foi super, pois estava cansada de ver os finais de novelas sem graça, aonde o ultimo capitulo acontece tudo de uma só vez.
Beijos.