Cantora, atriz e compositora, Marya Bravo é um dos nomes de peso dentro do cenário do teatro musical atual. Já esteve no elenco de grandes espetáculos como 7 - O Musical, Ópera do Malandro, Beatles num Céu de Diamantes e Lado a Lado com Sondheim, atualmente está em cartaz no Rio de Janeiro (Teatro OI Casa Grande) com o espetáculo Um Violinista no Telhado que, desde que estreou, tem recebido críticas entusiasmadas. Marya é filha do musico Zé Rodrix e prepara seu segundo disco de estúdio, um registro em estúdio do show De Pai pra Filha, onde canta apenas canções de seu pai. Marya já foi backing vocal de Marisa Monte, já participou de montagens de musicais na Broadway e lançou em 2009 Água Demais por Ti, seu delicioso primeiro disco, onde se mostrou uma compositora de mão cheia com temas como "Cólera" (um dos temas da série A Vida Alheia, de Miguel Falabella). Nesta entrevista Marya fez um resumo de sua carreira, falando da importância de ter feito parte da banda de Marisa Monte, de ter participado da montagem da Broadway de Hair, de ser filha de Zé Rodrix e do teatro musical no Brasil. Abaixo Marya Bravo!
Bruno Cavalcanti: Você é filha do músico Zé Rodrix, um dos nomes de peso da música brasileira. Houve algum tipo de influência direta de seu pai em sua carreira?
Marya Bravo: A influencia genética não tem como negar. Sinto muito a sonoridade dele nas minhas canções, principalmente da época que fui gerada, os anos 70.
BC: Você começou a cantar gravando jingles aos 4 anos de idade. Quando você decidiu que pretendia seguir a carreira de atriz?
MB: Com 8 anos fui a LA visitar meu tio e assistimos ao filme Fama. Naquela hora decidi que queria estudar numa escola como aquela e ser atriz. Consegui!
BC: A dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho fizeram uma nova montagem do musical Hair, como é pra você ter participado de uma montagem do musical ainda nos EUA?
MB: Foi muito importante para minha carreira e minha vida. Conheci os autores de Hair lá e fui dirigida por eles. Rodei a Europa com a peça e nem tinha 18 anos! Uma experiência incrível.
BC: Você participou de montagens de musicais como Cristal Bacharach, Lado a Lado com Sondheim, Ópera do Malandro e 7 – O Musical, dentre outros, todos da dupla Möller e Botelho. Como começou essa sua relação com os dois?
MB: Começou quando me chamaram pra fazer o Cristal Bacharach. A experiência foi tão boa dos dois lados que a estória seguiu em frente.
BC: Você lançou o álbum Água Demais por Ti, que foi elogiado pela crítica. Como você vê a aceitação do público por este disco? Isso é, o público como geral conhece seu disco ou apenas o público que já conhece seu nome de seus trabalhos no cenário teatral?
MB: Hoje em dia com a internet está muito fácil divulgar música e acho que tem muita gente escutando meu disco, das mais variadas áreas. Mas com certeza os fãs de musical são presença certa nos shows.
BC: Como você vê o teatro musical brasileiro hoje? Há espaço para o teatro musical?
MB: Nossa, muito! Quando cheguei ao Brasil tinha um musical por ano, se tivesse. Hoje temos várias empresas entre Rio e SP fazendo diversas produções por ano. Aumentou muito mesmo.
BC: Na televisão você é uma presença bissexta, sua última participação (salvo engano) foi num episódio da série A Vida Alheia, do Miguel Falabella. Por que você não participa mais do cenário televisivo? Faltam convites e oportunidades ou falta vontade?
MB: Não sou muito da TV. No começo da carreira fiz bastante coisa, mas prefiro muito mais o palco.
BC: Você fez parte da premiadíssima montagem de Beatles Num Céu de Diamantes, que atravessou as fronteiras da Europa sendo apresentado na França. Como foi esta experiência de chegar a um país diferente com um musical totalmente brasileiro e com canções dos Beatles?
MB: Foi maravilhoso. O Beatles era mágico.
BC: Olhando para trás, há algum trabalho que você olhe e pense: “nossa, que orgulho de Tê-lo feito!”? E há algum que você olhe e pense: “se arrependimento matasse...”?
MB: Só orgulho: Somos Irmãs e 7- O Musical
BC: A turnê do álbum Água Demais por Ti foi muito bem aceita no Rio de Janeiro. E em São Paulo? A turnê chegará a ser apresentada na terra da garoa?
MB: 2011 me aguardem!
BC: Agora falando com a Marya Bravo espectadora. Qual seu musical favorito?
MB: No momento amo Grey Gardens.
BC: E música? O que você ouve?
MB: Ouço pouco por incrível que pareça. Adoro silencio. Quando ouço dou um shuffle e vem coisas como Beatles, Rufus Wainright, Posrtishead, Secos e Molhados, Som imaginário entre outros...
BC: Você chegou a participar de uma turnê e de um DVD da Marisa Monte, Memórias, Crônicas e Declarações de Amor. Como foi essa experiência?
MB: Foi uma das mais importantes da minha vida. Foi lá que comecei a compor. Sou eternamente agradecida por essa experiência e todos que me rodearam nessa época.
BC: É possível viver apenas de teatro musical no Brasil?MB: Sim.
BC: Você participou da montagem de Lado a Lado com Sondheim, que contou com o próprio Sondheim como expectador. Como foi a experiência de ter em sua platéia um dos maiores compositores da história do teatro musical?
MB: Sondheim viu o Company. No Lado a Lado com Sondheim ele mandou uma carta elogiando! Muito maneiro
BC: Como é sua relação com seus fãs?
MB: Sou bem tranquila.BC: Você faz parte do elenco de Um Violinista no Telhado, mais um musical que leva a grife Möeller e Botelho. Como surgiu essa nova parceria? Fale um pouco de sua participação neste espetáculo.
MB: Um Violinista no Telhado é mais um orgulho. Fui convidada pra fazer o papel da Fruma Sarah, um fantasma que aparece no sonho de Tevye. Estou voando em cena! Estou muito feliz de estar nesse elenco e me superando fazendo coisas diferentes a cada trabalho.BC: Enquanto ensaia Um Violinista no Telhado você grava a o Cd com o repertório do show De Pai para Filha. Fale um pouco desse projeto. Como e quando surgiu a ideia de você cantar o repertório composto pelo seu pai?
MB: O Cd surgiu do show. Fui convidada pela Bia Radunsky do Espaço SESC pra fazer uma temporada cantando musicas do meu pai. O DJ Zé Pedro de São Paulo soube do show e me ligou. Ele tem um selo chamado Jóia Moderna e me fez a proposta de gravar. Amei muito. Fico muito feliz com a oportunidade de cantar as musicas do meu pai, principalmente essa fase anos 70 que escolhi.
BC: Há alguma ressalva de sua parte em cantar o repertório de Zé Rodrix? Afinal das filhas dos grandes ícones da música brasileira você é uma das poucas que, além de ser filha de um grande compositor, parece se arriscar sem medo no repertório dele.
MB: Não tenho ressalva nenhuma. Tenho felicidade e orgulho dessa minha herança. Me sinto próxima do meu pai cantando as musicas dele. Isso só me traz alegria.
BC: Me diga uma música favorita deste novo trabalho, De Pai pra Filha.
MB: Nossa, tem muitas. Amo “Hey Man” e “Quando Você Ficar Velho”.
BC: Marya Bravo por Marya Bravo.
MB: Voz.
Um comentário:
Em 1973 , quando ouvimos...SÁ, RODRIX E GUARABIRA, ficamos encantados em nossa casa.depois vieram a carreira solo, o LP (na epoca) o II Acto...é bem legal, parabés por ser filha de um cara sensacional e talentosissimo, adoro: "Quando voce ficar velho", uma declaraçãod e amor á velhice....um beijo e um forte abraço
Almir-Cubatão
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