Atriz, cantora e bailarina, Renata Ricci é a minha entrevistada desta semana. Renata é um dos nomes mais requisitados dentro do cenário do teatro musical no Brasil. Já esteve em espetáculos do porte de Sweet Charity e o clássico Gypsy, ambos da dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho. Renata também já fez parte do elenco de novelas como Amigas e Rivais (SBT), Revelação (SBT) e Páginas da Vida (Globo), além de cmapanhas publicitárias e muito mais. A atriz se define como "artista" que faz de tudo, teatro musical, televisão, o teatro dito "habitual", cmapanhas e tudo aquilo que lhe dê prazer. Cinfélia assumida, revela-se uma amante da sétima arte e de tudo o que a compõe: desde os blockbusters atéos filmes mais clássicos. Renata também nos mostra a possibilidade de aflorar com seu lado cantora. Numa conversa via bastante descontraída tratamos especificamente de trabalho e preferências. Em agosto ela estreará em São Paulo, no Teatro Bradesco, o musical As Bruxas de Eastwick ao lado de Kakau Gomes, Maria Clara Gueiros, Fafy Siqueira, Eduardo Galvão e André Torquatto (seus dois companheiros em Gypsy). Abaixo a entrevista completa:
Bruno Cavalcanti: Você esteve em diversos musicais de grande importância, e um deles foi Sweet Charity onde você ganhou destaque. Dali pra cá ainda houve outros trabalhos de sucesso como Avenida Q e Gypsy. Como foi esse crescimento gradual na sua carreira?
Renata Ricci: Sweet Charity foi meu primeiro musical profissional, e fiquei muito feliz de já ter feito uma personagem bacana, logo assim, de cara! De lá pra cá, continuei com minhas aulas, meu empenho, e, a cada novo trabalho, sinto realmente este crescimento gradual. Vejo isso como uma coisa muito boa, resultado de dedicação à minha carreira. É bacana sentir que, a cada novo trabalho, coloca mais um tijolo, mais uma estrutura em algo maior, algo que representa você como artista que é o trabalho de uma vida inteira!
BC: Você não é apenas uma atriz de teatro, chegou a fazer televisão também. São duas linguagens diferentes, mas alguma delas é sua favorita?
RR: Sim, são linguagens diferentes, mas independente da linguagem usada, do meio utilizado, da técnica especifica... Antes de tudo isso vem o ator. O ator, no meu ponto de vista, tem de estar sempre o mais preparado possível pra acessar as mais variadas ferramentas que ele possui pra cada trabalho. Eu não tenho preconceito nenhum, seja com teatro tradicional, televisão, cinema, teatro de rua, sei lá quais outras denominações que podem existir. Gosto de atuar seja em qual meio for, gosto de contar uma boa história! Não tenho uma linguagem favorita, mas sinto muito prazer fazendo teatro musical e cinema, mas é uma coisa que digo hoje, amanhã não sei qual será este barato. O que curto em televisão é esta novidade, esta coisa de todo dia ser literalmente diferente, desafiador. Você tem de estar numa maneira muito intuitiva, pois não se tem muito tempo de preparação, diferente do teatro e do cinema, tudo tem sua beleza! O grande lance do ator é estar atento e pronto para o que vier.
BC: A Renata Ricci cantora pode surgir num trabalho solo ou ela é apenas mais uma vertente da Renata Ricci atriz (e bailarina)?
RR: Não sei! Hipoteticamente? Com certeza. Mas admito que não seja algo que eu corra atrás com muito afinco. Tenho minhas composições, minhas pesquisas, mas vou fazendo no meu tempo, sem pensar se isso um dia poderá vir a ser ou não algo de conhecimento do grande público! Tenho uma ou outra coisa minha no myspace. Acho bacana mostrar pra quem quiser ouvir, e a tecnologia facilitou tudo isso.
BC: Em Gypsy você interpretou a encantadora June que é uma personagem essencial na história. Como foi lidar com a responsabilidade de, primeiro, interpretar uma personagem que de fato existiu, segundo, interpretar uma personagem de tamanha importância?
RR: Eu não pensei muito nisso não. Fiquei feliz com o papel, honrada de representar alguém que ainda estava vivo (a June real veio a falecer umas 2 semanas antes da nossa estréia). Acho que a sensação seria mais de honrada que o peso da responsabilidade sabe? Dei o meu melhor, mas talvez pelo lance de ter sido gradual até chegar numa personagem como a June, me senti no lugar certo. Nem mais nem menos do que eu poderia naquele momento.
BC: A Renata Ricci é um nome conhecido do grande público? Você participou de novelas como Páginas da Vida (Rede Globo), Amigas e Rivais (SBT) e Revelação (SBT). Você acha que isso impulsionou sua carreira de alguma forma, ou você ainda é mais conhecida pelos freqüentadores do teatro?
RR: A Renata Ricci? Ou seja, eu? (risos). É engraçado que a TV é muito rápida na divulgação da nossa imagem e também do nosso trabalho. A minha carreira é um conjunto de fatores, e dentre eles faz parte a TV, o teatro musical, o teatro tradicional, a dança, etc. Penso assim... Gosto de sentir meu trabalho reconhecido sim. E muita gente ainda me para na rua ou me escreve recadinhos online lembrando das novelas, ou de peças que viram há anos atrás... E é este o retorno que tenho!
BC: Você participou de Sweet Charity, Avenida Q e Gypsy, três musicais que levam a grife da dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho. Como é sua relação com eles?
RR: Primeiro de respeito e admiração porque os caras estão nesta labuta há muito tempo! Muito antes de existir este glamour em torno do teatro musical eles já faziam isso porque amam mesmo... São amadores neste sentido, de realmente fazer o que amam. E com certeza, por este motivo, o clima de trabalho com eles é sempre maravilhoso, de respeito mútuo, de troca... Me sinto feliz de fazer parte de um grupo de atores que trabalha com a dupla! Não só com os dois, mas toda a equipe, que se mantém relativamente à mesma. É um prazer chegar lá e fazer minha parte e ver todos muito envolvidos no que fazem. Sem contar que o Charles é um doce de pessoa, um paizão, e o Cláudio um dos humores mais afiados e inteligentes que conheci. Pessoas que a gente tem prazer de conhecer literalmente!
BC: E a Renata Ricci como público? Quais suas preferências? O que gosta de ouvir, cantar, ler, assistir? Prefere teatro ou cinema ou televisão?
RR: Sou louca por cinema desde criancinha mesmo. Qualquer brecha, onde está a Renata? No escurinho da primeira sala que cruzar seu caminho (risos). Gosto dos clássicos, dos blockbusters, dos alternativos, dos chatos, dos engraçados... Gosto de cinema e ponto! Mas também vou muito ao teatro ver os amigos. É bom saber o que está sendo feito, dito, escrito pelos nossos contemporâneos. Meu dia geralmente é entre aulas, com o Ipod na orelha, cantarolando de tudo. De Noel Rosa a David Bowie, passando por Sinatra e Corinne Bailey Rae.
BC: E seu musical favorito?
RR: Um só? Difícil... Amo Cabaret, Wicked e RENT.
BC: Há algum trabalho que você olhe para trás e pense: deste eu tenho mais orgulho. E algum que você olhe e pense: se arrependimento matasse...?
RR: Me orgulho e muito de Avenida Q... Até hoje, aonde eu vou, sejam pessoa do meio ou não, rola o comentário: que peça, que elenco especial, que conjunto... E foi isso mesmo: um conjunto certo na hora certa! Foi tudo muito encaixadinho, meant to be sabe? Agora o outro lado, sinceramente não... Pode parecer piegas, mas sempre me divirto e aprendo fazendo algo. Posso não querer repetir, mas daí a dizer que me arrependi? Não!
BC: Há ainda alguma peça, novela, alguma personagem que você queira fazer e ainda não teve oportunidade?
RR: Muitos, mas já deu pra ver que sou uma pessoa plural neste sentido... Tantos que nem dá pra nomear (risos).
BC: A Renata Ricci é fã? De quem?
RR: Fã? Não sei, mas admiro muita gente. Nunca tive esta coisa, nem quando adolescente, de ter cartaz de alguém, de olhar como se a pessoa fizesse parte de um panteão. Mas admiro muito Paulo Autran, Chaplin, Meryl Streep, Wagner Moura, Liz Taylor e tantos outros.
BC: Como são seus fãs? São daqueles que você pode parar para tomar um chopp numa tarde qualquer ou não há esse tipo de interação?
RR: São de todos os tipos! Tem os que se tornaram amigos, tem os que me perseguiam até de maneira doentia, tem os tímidos, os engraçados... Tem de tudo! Tirando o stalker, tenho uma relação bacana com todos! É um carinho muito bom, que eu gosto de receber! Às vezes a gente está cansada ou triste com algo, mas me esforço pra sempre dar atenção, pois sei que pra pessoa aquele é um momento único.
BC: À lá Gabi me diga: Uma frase, uma música, uma citação, qualquer coisa que você acha que defina o básico de você (ou que você goste, enfim)...
RR: Todo dia é dia, de usar roupa bonita, de amar, de dar o seu melhor! Amar, seja o que for, é o que nos salva!
BC: E para encerrar: Renata Ricci por Renata Ricci.
RR: Pessoa de número 11, nascida num dia também 11 em uma bela e louca família. Que é mais quieta e sozinha do que parece, com um coração enorme e que às vezes suspeita que nasceu na era errada!
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