“Keep walking!” grita Marina Lima numa das faixas do disco que lança nesta semana, Climax. O 19º álbum de sua carreira chega às lojas apenas dia 10, mas já vazou na internet uma semana antes. Se alguém me perguntar: você baixou? Eu responderei: baixei! Se alguém me perguntar: por quê? Eu responderei: porque não? Este seria um tema do qual eu poderia falar, falar e falar (escrever, escrever e escrever), mas fugiria completamente à minha ideia inicial: o Climax. Keep walking!
Digo que sou um fã tardio da obra de Marina. Mesmo já conhecendo hits como “Fullgás”, “Charme do Mundo” e a inevitável “Uma Noite e ½” eu ainda não tinha noção da dimensão do trabalho desta compositora que, a meu ver, é uma das mais importantes do pop brasileiro (mesmo que a parte mais popular do público – a que se diz pop – não a reconheça como tal). Sua obra chegou a mim em meados de 2006 (final de 2005, na realidade), antes do lançamento do álbum Lá nos Primórdios. Meu primeiro contato (contato mesmo, contato real, sabe? Aquele que te deixa de 4?) foi com o Acústico Mtv que me deixou na época fascinado pela voz nada convencional e pelas letras de alto teor confessional de sua obra (é até hoje um trabalho que me traz boas recordações). Mas eis que chega a minhas mãos o Lá nos Primórdios (isso na época em que eu realmente comprava os Cd’s para ouvi-los, não para tê-los... os tempos mudaram) com suas letras, levadas, vozes, seu “Vestidinho Vermelho”, sua “Anna Bella”, sua ciranda meio jazzística, meio moderna “Valeu”, sua releitura de “Difícil” e tudo o mais. Aquilo caiu como uma luva para o que eu procurava dentro da música brasileira e eis que me torno fanático por Marina Lima e passo a conhecer os shows (o primeiro que fui, me lembro ainda hoje, foi em junho de 2007 no Citibank Hall em São Paulo, turnê Topo Todas Tour), os álbuns (o primeiro que comprei foi a coletânea Milennium – na época em que eu não era avesso às coletâneas) e tudo o mais. Marina entrou na minha vida como um baque e foi se adaptando a ela (eu fui me adaptando a ela) e assim o tempo passou. Eis que 5 anos depois o garoto fã já não é mais tão fanático assim. O fanatismo virou respeito e admiração e a euforia virou curiosidade e desejo, tudo isso somado a uma aproximação voluntária da obra da cantora e da própria cantora... Os tempos mudaram. Climax, o álbum que esperei com tamanha sede, com tamanha vontade, finalmente chegou a meus ouvidos e, ao ouvir pela primeira vez, me decepcionei. Nada do que eu imaginava, um som sem a sensualidade que eu esperava, nada do que o nome, “clímax”, sugeria, nada disso. Deixei o álbum (em forma virtual) de lado e fui procurar outras coisas para ouvir, mas alguma coisa ainda me chamava a atenção: por que eu não gostei? Por quê? Por quê? Por quê? Essa pergunta me ecoou tanto que decidi reouvir o álbum e eis minha surpresa: que trabalho maravilhoso! Marina atiça todos os meus sentidos e, depois de 5 anos, eles andaram adormecidos e quando acordaram se sentiram atordoados. Agora em total compreensão eles dizem: Estamos no clímax! O álbum me deixa bem, com vontade de produzir, com vontade de ouvir, mas o fogo já não é mais o mesmo. Nada se compara à primeira vez que ouvi “Virgem”, “Ainda é Cedo”, “Difícil”, “Vestidinho Vermelho”, “Valeu”, “Arco de Luz”, “Mesmo que Seja Eu”, enfim... Agora ouço tudo com um crivo maior: o do fã que sabe o que a cantora pode produzir e, graças, não me decepcionei. Meus instintos agora gritam felizes: Marina! Marina! Marina! Meus ouvidos me agradecem, minha alma canta sem que eu precise ver o Rio de Janeiro, porque este álbum me leva para todos os cantos possíveis, desde os abstratos até os mais concretos; Desde um belo quarto de iluminação azul e uma bela cama rodeada de espelhos (“Não me Venha mais com Amor”) até Portugal para acompanhar bela história de dúvidas (“Lex”); Me faz continuar andando sem precisar saber do meu caminho (“Keep Walking”) e faz com que eu aporte em São Paulo para explicá-la (como se isso fosse possível) e afagá-la (“Sampa Feelings”); Me faz sentir. Climax é puro sentido.
Marina está de volta (como se já tivesse sumido) e mais uma vez me deixou em ponto de bala para mais! Climax é o começo, Climax é o meio, mas, com certeza, não é nem o ensaio do fim.
Um comentário:
Bruno, querido amigo! Gostei bastante da forma como vc se expressou em sua postagem. Ao contrario de vc, gostei do climax de 'cara'. Apesar que, quando a gente escuta pela primeira vez um trabalho novo, tem sempre aquelas musicas das quais nos indentificamos mais, não é verdade? Pelo menos no meu caso é assim. Logo nas primeiras audições do Climax, eu repetia mais algumas musicas, as outras eu ouvia, mas aí não era aquela coisa de "Vou repetir", sabe? O Fato é que, 3 dias depois eu já estava completamente encantada pelo albúm inteiro. As vezes me pego no meio das aulas,por exemplo,com as músicas na cabeça (Olha aí Marina tirando a minha concentração, rs). É incrivel... Climax é o tipo de cd que não dá pra simplesmente ouvir uma vez e trocar por outro e depois ouvi-lo novamente... Nada disso! É aquele tipo de trabalho que ficou tão bem feito que vicía. Marina está em uma otima fase, e na minha opinião esse Cd já é um sucesso.
Priscila Toller.
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