domingo, 25 de outubro de 2009

O “Rock’n’Roll” limpo e puro de Erasmo Carlos.


Opinião de show
Título: Rock'n'Roll
Artista: Erasmo Carlos
Local: HSBC Brasil - São Paulo
Data: 23 de Outubro de 2009
Cotação: *****

“Confesso, sou um viciado... em rock’n’roll”.

Foram estas as palavras sentenciadas por Erasmo Carlos (em foto de Neicir Krentz) no vídeo que abre o show Rock’n’Roll, que estreou em São Paulo na noite de 23 de outubro de 2009, em única apresentação na casa HSBC Brasil. Erasmo tinha a voz propositalmente alterada, dando a impressão do testemunho de um dependente químico. Erasmo é dependente. Dependente de rock!

O tremendão está melhor do que nunca. A voz pode escorregar e falhar uma vez ou outra, mas ninguém que foi à casa do HSBC esperava ver arroubos vocais do rei do rock nacional. Todos queriam ver rock, e foi o que Erasmo deu a todos.

O show foi aberto com “Jogo Sujo”, a canção que também abre o novo disco do cantor, Rock’n’Roll. “Sou uma Criança, Não Entendo Nada” foi a segunda canção do show, seguida de “Mesmo que Seja Eu”, que animou a platéia que não se intimidava em dançar os maiores sucessos do tremendão. “O rock não é só atitude e rebeldia. Também é amor”, sentenciou Erasmo antes de entoar belo medley que une “Mulher (Sexo Frágil)” à “Minha Superstar”. O número não é essencialmente novo (é herança do show Pra Falar de Amor, de 2001), mas funciona. Um dos destaques do show foi o belo cenário, que ficou em completa evidência quando Erasmo interpretou “Chuva Ácida” (outra da lavra de inéditas de seu Rock’n’Roll). Um dos melhores momentos foi “Negro Gato”, que apareceu completamente reformulado em arranjos que lembram os filmes de cowboy das décadas de 40. Ótima sacada do gato quase setentão.

Num belo bloco romântico, Erasmo entoou “Noturno Carioca” (bela parceria com letra de Nelson Motta), “Gatinha Manhosa” e “Sentado à Beira do Caminho”. Ele estava feliz e interado com o público (prova de tal interação foi o gesto de dar o microfone para que o público cantasse versos de “Sentado à Beira do Caminho” e “É Preciso Saber Viver”), fez piadas exercitando seu bom humor (“eu fico vendo os DVD’s da Maria Bethânia e da Ana Carolina e vejo aquele monte de mulheres chamando elas de gostosas. Nenhum homem nunca me chamou de gostoso”). Erasmo soube montar o roteiro do show com coesão. Prova disso foi o fato de estarem presentes apenas 6 das 12 faixas do disco, sendo o resto apenas de sucessos dos seus 49 anos de estrada. Um ou outro deslize no roteiro (como a inclusão de “Panorama Ecológico” e a exclusão de temas como “Mar Vermelho” ou “Um Beijo é um Tiro”) são extremamente desculpáveis, pelo fato da turnê ter acabado de cair na estrada.

Erasmo faz bela homenagem aos 50 anos de carreira de seu “amigo de fé, irmão, camarada” Roberto Carlos, num belo medley, ao som do solitário teclado do maestro José Lourenço, que uniu “Desabafo”, “Olha”, “Proposta”, “Os Seus Botões”, “Detalhes”, “Café da Manhã”, “Cavalgada” e “Eu te Amo, Te Amo, Te Amo”. Lindo.

O show é extremamente correto, sem nenhum ponto baixo. Nem o fato de Erasmo não lembrar o nome de todas as beldades citadas em “Olhar de Mangá”, a ponto de ler a canção, tira o brilho do belo número, o qual precede o número mais alto do show (um dos), “A Guitarra é uma Mulher”, que ganhou força no palco com as guitarras antenadas de Luís Brandão, Dadi Carvalho (ótimo baixista que assumiu as guitarras da banda do tremendão) e os garotos da banda Filhos da Judith (que assumiram, simultaneamente, guitarras, violões e bateria). Surpresa no repertório foi a inclusão de “Quero que vá Tudo pro Inferno”, o hit lançado e depois renegado por Roberto Carlos ganhou força se destacando no roteiro do show. O público já estava na mão de Erasmo. E continuaram na palma dela quando o tremendão reviveu a jovem guarda no bloco final. “Lobo Mau”, “Minha Fama de Mau” e “Vem Quente que eu Estou Fervendo” prepararam o caminho para o final do show (antes do BIS) ao som da rockeira “É Proibido Fumar”, que levantou o público que, até então, se conteve sentado em suas cadeiras.

O BIS não poderia ser mais perfeito. Se iniciou com “Cover”, o hit do disco Rock’n’Roll, que contou com a inteligente participação de covers de Raul Seixas, Elvis Presley, Marilyn Monroe e Roberto Carlos (com direito até a distribuição de rosas à elite feminina da platéia). O final da festa foi dado com “Festa de Arromba”, fechando o show com chave de ouro.

Esse foi o rock puro, limpo, profissional, inteligente, romântico e de atitude do tremendão Erasmo Carlos. O rei do rock brasileiro.


Um comentário:

Anônimo disse...

BOM DIA,
O SHOW DEVE TER SIDO DEZ, GOSTO MUITO, MAS MUITO MESMO DO ERASMO, VC FEZ UM BELISSÍMO COMENTÁRIO.
BEIJOS