domingo, 11 de outubro de 2009

“Dois” mantêm qualidade lúdica de Partimpim.


Opinião de Cd
Título: Dois
Artista: Adriana Partimpim
Gravadora: Sony Music
Cotação: ****

Heterônimo adotado por Adriana Calcanhotto para assinar o lançamento de seus discos voltados ao público infantil, Adriana Partimpim lança neste mês de outubro seu novo disco (o segundo em estúdio), Dois. Como o próprio título já dá a entender, houve uma evolução, e ela fica bastante nítida no decorrer do disco. Partimpim cresceu, mas continua lúdica.

O disco é produzido por Dé Palmeira, que também assina (junto a Adriana Partimpim) a primeira faixa de Dois, “Baile Partimcundum”. A faixa é um carnaval infantil montado fora de hora, mas dentro do contexto, mostrando uma modernidade lúdica, o suficiente para atingir as crianças e para o deleite do público adulto (que se entrega à beleza de Partimpim). Aliás, um dos acertos de Adriana é se mostrar como compositora neste disco também (função dada antes apenas a parceiros da cantora). “Ringtone de Amor” (Adriana Partimpim) e a regravação de “Trenzinho do Caipira” (Heitor Villa-Lobos/ Ferreira Gullar) podem não ser os momentos mais inspirados do disco, mas valem ser ouvidas. A versão de Augusto de Campos para “Alface” (o poema de Cid Campos e Edward Lear) funciona bem como lúdico e divertido trava-línguas para crianças e adultos.

A partir da quinta faixa, o disco se torna irretocável, seja na bonita “Menino, Menina” (Adriana Partimpim), seja na festa apresentada na letra de “Na Massa” (Arnaldo Antunes/ Davi Moraes). Partimpim não decepciona nem na versão de “O Homem deu Nome a Todos os Animais” (versão literal de Zé Ramalho para “Man Gave Name to all the Animals” de Bob Dylan) que ganha faceta mais noturna e conta com divertido coral de crianças.

Uma das faixas que se destaca no disco é “Alexandre”, a canção de Caetano Veloso gravada no disco Livro. Adriana dá lição de história divertida e interessante. “Gatinha Manhosa” (a canção de Erasmo Carlos e Roberto Carlos que estourou na voz do tremendão e de Léo Jaime) é a primeira música de trabalho, gravada como uma cantiga de ninar. Belo momento. Adriana aposta no carnaval também em “Bim Bom” (João Gilberto), gravando ao lado do grupo Olodum. Não é o momento mais inspirado do disco, mas em nada interfere em sua beleza.

Momento mais belo (e talvez mais lúdico) do disco, “As Borboletas” (Cid Campos/ Vinicius de Moraes) fecha o disco numa gravação intimista ao som da voz e do violão solitário de Partimpim (com eventuais intervenções do baixo de Dé Palmeira).

Dois é boa continuação de um disco ótimo. Prova de que Adriana Partimpim pode crescer o quanto quiser, mas continuará no imaginário popular, seja ele adulto ou infantil.


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