terça-feira, 26 de outubro de 2010

O ensaio inorgânico de Marina



No último dia 24 de outubro a TV Cultura exibiu o programa Ensaio com a cantora Marina Lima. Desde que o programa foi gravado, em junho/ julho, minha ansiedade não se continha. Quando foi anunciada a data de exibição passei muito tempo contando horas, minutos, segundos, foi uma loucura. Eis que chega o dia. Eis que chega o momento. Um coração já pulava pra fora do peito. Minha vontade era a de ver o que ela estava produzindo, o que ela fazia... A abertura foi “Fullgás” numa versão diferente das que ela mesma já fez (Fullgás, 1984, Registros à Meia-Voz, 1997), uma versão fria, mas interessante. Depois cantarolou um trecho de “Alma Caiada”, primeira canção composta por Marina com Cícero, gravada por Bethânia em 1976 mas lançada apenas em 1980 por Zizi Possi em seu segundo álbum, Pedaço de Mim. A voz estava mais frágil, bem mais frágil que antes, mais rouca e o esforço para cantar parecia estar redobrado. No entanto a rouquidão mostrava um ar sexy que casou muito bem com o clima do programa. Ela respondia às perguntas de Fernando Faro sempre certeira, e as perguntas foram bastante propícias. A primeira inédita apresentada foi “Doce de Nós”, uma canção gostosa e de letra forte. Sexy e intensa. “Charme do Mundo” continuou charmosa, com um arranjo eletrônico quase tropical. A segunda inédita foi “Não me Venha mais com Amor”, uma música bonita, parceria com Adriana Calcanhotto. Um dos destaques. “Mesmo que Seja Eu” e “Me Chama” foram canções corretas e gostosas de serem ouvidas. Os grooves eletrônicos de “O Chamado” não valorizaram a canção. Assim como “Virgem” que ficou estranha, assumindo um posto de balada eletrônica, perdendo um pouco da emoção que a canção transpõe. “À Francesa” fechou o programa sem realmente empolgar.

O Ensaio de Marina mostra um pouco do que está por vir no álbum Clímax, que conta com a produção de Edu Martins, que produziu Setembro (2001). O fato é que as batidas eletrônicas, que tomaram conta de Setembro, parecem estar tomando conta também de Clímax, o que faz com que o trabalho pareça menos orgânico e estranho. As canções todas tinham alguma programação exagerada, que pecavam em tirar toda a naturalidade das canções de Marina. Diferente de Lá nos Primórdios, onde Marina dosou as bases eletrônicas e fez um disco pop, orgânico, natural, já Clímax, se seguir os moldes do Ensaio poderá ser um disco perdido e esmaecido, como Setembro. Menos orgânico e natural.


Três (que não foi exibido pelo programa)


Um comentário:

priscila toller disse...

Esse video eu vi no site da cultura... Pena q perdi o programa. fotos lindas