domingo, 27 de setembro de 2009

VPON: Fernanda cresce ao revisitar carreira em “Raio X”


Vale à Pena Ouvir de Novo
Opinião de Cd
Título: Raio X - Fernanda Abreu Revista e Ampliada
Artista: Fernanda Abreu
Gravadora: EMI Music
Cotação: *** 1/2
Ano de lançamento: 1997

Com 7 anos de carreira depois que deixou o cargo de backing-vocal da banda Blitz, Fernanda Abreu volta ao disco depois do ótimo Da Lata e revisita a própria carreira solo que, apesar de curta, é muito rica.

Raio X não é exatamente um disco de canções inéditas, apesar de conter canções novas e novos arranjos para antigos sucessos.

“Raio X (Vinheta de Abertura)” mostra a versatilidade funk de Fernanda, adotada em seu disco anterior, Da Lata (1995). Fernanda também prova que não precisa de swing forçado para ser boa cantora e interpreta o samba “Aquarela Brasileira”, mostrando ser ótima intérprete. A inédita “Jack Soul Brasileiro” é uma das melhores faixas do disco. A canção de Lenine (que conta com a participação do próprio) é um dos muitos momentos inspirados do disco, assim como a balada “Um Amor, Um Lugar”, a balada de Herbert Vianna (que conta com a participação do mesmo) é outro ponto alto do disco cheio de acertos. Acerto confirmado na participação de Chico Science e Nação Zumbi na regravação de “Rio 40 Graus”. Os arranjos da Nação Zumbi valorizam a canção, sobretudo nos tambores adicionados à faixa. Se as canções incidentais “Ponto de Oxossi” e “Duo de Jorge” não valorizaram “Jorge de Capadócia” (Jorge Ben Jor), a participação de Carlinhos Brown deu swing à já habitual ginga das canções de Ben Jor.

A ótima inédita “Speed Racer” é outro ponto alto do disco, que valoriza a voz de Fernanda dentro dos arranjos requintados de Bodão, Fernando Vidal (que faz ótimo solo de guitarra na faixa) e Aurélio Dias, ressaltando também a beleza da letra de Fernanda e Herbert Vianna. Se “A Noite” não consegue roçar a versão original (mesmo com os samples da gravação original, lançada em 1992 no disco Sla 2 – Be Sample), “Você pra Mim” cresce muito. A canção lançada em 1990 no primeiro disco de Fernanda (Sla Radical Dance Disco Club) mesmo com a letra pueril conseguiu crescer. “Garota Sangue Bom” também não roça o gingado da versão original (mesmo com sampler de “We Funk 2” de George Clinton), diferente de “Veneno da Lata” que cresceu e (re) apareceu no repertório.

Fernanda homenageia a música negra brasileira na curiosa (e ótima) faixa “Bloco Rap Rio”, que conta com samplers de canções como “Rap da Felicidade” (Julinho Rasta/ Kátia) e, curiosamente, “O Morro não tem Vez” (Tom Jobim/ Vinícius de Moraes). A faixa ainda leva citações de canções do mundo soul da black music Brasil, exemplos de Deixa Isso pra Lá” (Alberto Paz/ Edson Menezes) e “Legalize Já” (Marcelo D2/ Rafael), e conta com participações de Fausto Fawcett, Laufer, Arícia Mess, Planet Hemp, O Rappa e B. Negão.

O disco ainda mostra o funk urbano de Fernanda em “Kátia Flávia, A Godiva do Irajá”, o sucesso de Carlos Laufer e Fausto Fawcett lançada por Fawcett nos anos 80 que cresce (e muito) na voz de Fernanda (com direito a citação do clássico “Garota de Ipanema”, de Vinicius e Tom). O disco é fechado em tom carnavalesco com a faixa “É Hoje”, contando com intervenção da banda Funk’n Lata e com carnavalesco arranjo de Ivo Meireles. A faixa ainda conta com a intervenção do pandeiro de Jovi para Fernanda interpretar “Escurinho”, de Geraldo Pereira.

Fernanda se reinventa de forma intensa e magistral neste ótimo disco. Ótimo raio x da carreira. Revista e ampliada! Vale à pena ouvir de novo!

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