sexta-feira, 17 de abril de 2009
Joviais, Caetano e Banda "Cê" turbinam 'transambas'
Opinião de Disco
Título: Zii e Zie - Transambas
Artista: Caetano Veloso e Banda Cê
Gravadora: Universal Music
Cotação: *** 1/2
Ao lançar em 2006 o disco Cê, Caetano Veloso mostrou que ainda tem vigor e jovialidade o suficiente para se reinventar. Em Zii e Zie - Transambas, Caetano (junto a Ricardo Dias Gomes - baixo e teclado - Marcelo Callado - bateria - e, sobretudo, Pedro Sá - guitarra - que foram a Banda "Cê") mostrou que ainda tem vigor. Diferente de Cê, o novo disco do baiano não foca apenas uma aura sexual e pessoal, mas sim toda uma sociedade. É possível perceber em versos como os de "Perdeu" toda uma preocupação com a sociedade moradora de favelas.
Zii e Zie é o resultado final das temporadas do show Obra em Progresso apresentados no Vivo Rio (RJ) em agosto do ano passado, onde Caetano testava seu público e seu repertório. Canções como "Por Quem" (feita na base de falcetes) soam mais bem-feitas no resultado final. O transamba e o transrock de Caetano (movidos por experimentações, guitarras e barulinhos bons) ganham força ao se bater com a sociedade, como é o fato da politizada "Base de Guantánamo", crítica dura aos EUA por manter prisioneiros em Guantánamo. Outro ponto que fez com que o disco ganhasse força foi a batida da guitarra de Pedro Sá no samba "Incompatibilidade de Gênios" (João Bosco/ Aldir Blanc). O samba ganhou uma outra visão de Caetano, que desossou o samba de Bosco para passa-lo pelos viéis de seu transrock.
O resultado final de Zii e Zie é bastante bom, sem ser excepcional, mas também sem clonar a fórmula de Cê, até porque as letras do último álbum do velho baiano parecem ter sido preparadas sem uma grande pressa, como as críticas e as odes feitas aos bairros da Lapa e Leblon nas canções "Lapa" (canção em homenagem ao bairro carioca com concentração da área mais "cool" da cidade) e "Falso Leblon" (uma visão derretida porém verdadeira do bairro do Leblon - onde atualmente mora Caetano - que não deixa de focar no problema das drogas).
O resultado final de canções como "Tarado ni Você", "A Cor Amarela", "Sem Cais" (a bela canção de Pedro Sá letrada por Caetano) e "Lobão tem Razão" (a resposta do baiano para "Mano Caetano" feita por Lobão) soam muito mais interessantes. A estilística seguida por Caetano em Zii e Zie pode não ser a mesma de Cê, mas é bem mais proveitosa, sobre tudo em homenagens à Portugal com "Menina da Ria" (canção que homenageia terras lusitanas, homenagem essa repetida do disco anterios, feita com a canção "Porquê"). Há também canções irregulares como "Ingenuidade" e a bela, porém também irregular, "Diferentemente".
Sem repetir fórmulas ou seguir modas, Caetano mostra-se jovial e antenado com seus transambas e transrocks. Valeu.
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3 comentários:
"Ingenuidade" (que marca bem o tom pueril das atuais canções de Caetano)"
Só que essa não é do Caetano e sim de Serafim Adriano.Ela também foi gravada por Clementina de Jesus em um disco de 1976.
Danilo, obrigado pela correção, vou mudar lá.
BC.
Adorei a crítica Bruno! Esse disco do Caetano ficou bastante legal, ele e o "Cê" beberam bastante na fonte do "Transa"
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