segunda-feira, 13 de abril de 2009

Beatriz traduz Tatazinha com classe e singeleza


Opinião de show
Título: Tatazinha World Tour
Artista: Beatriz Carvalho
Local: Teatro do Sesc Pinheiros - São Paulo
Data: 12 de abril de 2009
Cotação: *** 1/2

"O show está só começando! Quem disse que ele vai acabar se engannou feio!" saudou Beatriz Carvalho na estréia paulista de sua nova turnê. Tatazinha World Tour pode não apresentar a mesma força de sua antecessora, Bia Tropical (2006), nem todo o universo bossanovista de Jobins em Único Tom (2004), mas, mesmo assim, é um dos melhores shows da carreira de Beatriz.
Pouco conhecida pelo cenário popular brasileiro (mas muito cultuada na cena indie inglês), Beatriz Carvalho, apesar de brasileira, pouco vem ao Brasil mas, desta vez, veio pra ficar. Estreada em março, a turnê Tatazinha (com título inspirado na estudante Thaís Rocha Canal Ciancci) traz uma Beatriz mais singela e mais classuda, desde a bela abertura à capella com
"Minha Missão" (Zé Nogueira) até a releitura classuda de "Capim" (Djavan - releitura feita apenas ao som do violão de Eduardo Costa), Beatriz mostrou que muito evoluiu.
Após bela abertura, Beatriz entoa em forte rock a canção
"Tem Gente com Fome", número pontuado pela forte guitarra de Pedro G. e pela bateria de Bodão. Entre tiradas inteligentes sobre a política brasileira ("não sei como vocês aguentam, se fosse eu já tinha saído nas ruas queimando sutiã e clamando por diretas, pera aí, isso já aconteceu, não é? Nossa, tô a muito tempo fora do Brasil") e afagos amorosos ao país tropical ("não existe país como aqui! se existir, é fake"), Beatriz soube reformar o roteiro que estreou capenga em Juiz de Fora. Inteligente ao trocar o partido alto "Purifica" (Arnaldo Brandão Paes) pela balada "Céu e Mar" de sua própria autoria, a cantora atingiu o ápice do show, arrancando aplausos efusivos da pplatéia por 5 minutos.
Entre números românticos (
"Qual o Nome do Amor?"), políticos ("Vencer, Viver e Lutar") e tema regional ("Beleza Natural"), Beatriz consegue costurar bem o roteiro de Tatazinha de modo que valorize sua voz, sua banda e, o mais importante, seu repertório. Um dos pontos mais altos do show, o medley que une as canções "Doce" (Mariana Freitas), "Faz Tempo" (Bruno Cavalcanti) e "Todo o Meu Ouro" (canção da - boa - lavra do Kid Abelha) ganhou destaque pelo pandeiro de Ricardo Guimarães, introduzido na batida pop das canções. Beatriz se mostra antenada na música, revivendo canção pouco conhecida de Erasmo Carlos lançada em 2001 no disco Pra Falar de Amor, a canção "Quem vai Ficar no Gol?" ganhou novos ares, deixando-a mais contemporânea. O singelo show conta com apena sum momento destoante, que é quando a cantora se dá ao luxo de interpretar medley de "Nossos Momentos" com "Iluminada", tentando reeditar a leveza de Maria Bethânia ao interpretar as canções em seu show Tempo, Tempo, Tempo, Tempo (2005). O show é encerrado (antes do BIS) ao som da valsa "Sabiá" de Tom Jobim e Chico Buarque. A cantora sai de cena em cena que demonstra a época ditadorial brasileira. Puro teatro.
O BIS é dado ao som da singela
"Minha Flor, Meu Bebê" entoada pela cantora, solitária com seu violão, o rock "T-Ha" (canção de Bruno Cavalcanti lançada por Marienne Souza em seu show Paixão) e, finalizando ao som da balada "O que há Agora Além do Céu?".
Classuda, singela e bem costurada, Tatazinha é uma tour que merece levar a assinatura de Beatriz (que dirige o show). Peça fundamental nas noites.

2 comentários:

Anônimo disse...

Bruno, gostaria de informar-lhe que a foto apresentada é da cantora Ana Lemgruber. Deve ter ocorrido um engano. Abraços.

Bruno Cavalcanti disse...

Anônimo, obrigado pela informação. Na época, a foto me foi enviada por uma colega. Vou repostar. Obrigado.