domingo, 21 de dezembro de 2008

"Picnic" em DVD e eu pergunto: por que?


Dei aqui no blog a notícia de que o show Picnic da Rita Lee seria registrado em DVD com um show no dia 30 de janeiro no Vivo Rio (RJ). Confesso que, a principio, a notícia me causou grande felicidade... realmente fiquei bem feliz e satisfeito com a idéia de ter o Picnic na minha casa... mas confesso também que tal felicidade sumiu tão logo a minha ficha caiu... e eu pergunto "Picnic em DVD... por que?". O Picnic é um show retrospectivo dos 40 anos de carreira da Rita, uma mega-produção sem roteiro fixo que abrange os vários sucessos da rainha do rock... em bom português: um show caça-níqueis!
Mesmo com números consagrados como
"Mutante" (momento mais belo do show), "Vingativa" (o melhor momento do show), "O Bode e a Cabra" (momento com maior teor humorístico), "Saúde", "Flagra", "Tão" (único momento que traz uma canção realmente inédita - na realidade realmente inédita não pois a canção já tem um registro num dos DVD's da caixa Biografitti), "Corre-Corre" (meu momento favorito do show), dentre outros, ainda não há um motivo artístico que valha o registro do show. Agora vamos às vias de fato, porque haverá o registro de um show retrospectivo, sem nenhuma grande novidade e sem roteiro fixo? Dinheiro! O mercado de hoje não é mais movido pela dupla dinheiro & arte... um matou o outro... e só quem sobreviveu foi o dinheiro! Hoje são raros os artistas que fazem um projeto realmente artístico e, sinto dizer, a Rita não parece mais ser um deles. Acontece que seu último projeto inédito foi o (bom) disco Balacobaco de 2003, em 2004 a vovó apareceu com um incompreendido Mtv Ao Vivo, em 2005 tivemos uma coletânea, o Rita Lee Hits vol. 1, em 2006 nenhuma novidade, em 2007 ganhamos o (ótimo) Box Biografitti, este sim com um porquê, um documentário muito bem feito e muito bem-vindo. Em 2008 Rita deu as caras com uma nova turnê, a primeira em 4 anos, o Picnic que, à primeira assistida, é um show divino maravilhoso, à segunda também, à terceira também... acontece que depois que você assiste pela quarta vez cansa um pouco! Mas vá lá... é um show retrospectivo que, na sua estréia ainda era mais incensado... mais até do que quando passou duas vezes por São Paulo, excluindo do roteiro canções como "Corre-Corre", "Ôrra Meu" e a (ótima) inédita "Dinheiro". Rita perdeu a oportunidade de registrar seus últimos três shows que, de longe, eram alguns dos melhores de sua carreira, o 3001 (2000), Yê, Yê, Yê de Bamba (2001/ 2002) e Balacobaco (2003). Como já disse, o show é lindo, mas nada que explique o porque de tal gravação.
Enfim... digo e repito... um projeto desnecessário... Marina já perguntava e eu refaço a pergunta: "O que aconteceu com a Rita Lee?"...
Torço para que Rita reapareça com um projeto (realmente) novo e que não acabe como a cansada Gal Costa que, sem novidades desde 2005 (mas, essa, ainda desculpável, pois não vem com novidades apenas a 3 anos), acabou por se acomodar no retrospectivo repertório Bossa Novista do mestre Tom Jobim.

Rita Lee que era artista de verdade.

Nenhum comentário: