domingo, 21 de dezembro de 2008

Doce e grudenta, a “Sticky & Sweet Tour” mantém Madonna no trono pop.


Opinião de show
Título: Sticky & Sweet Tour
Artista: Madonna
Local: Estádio do Morumbi - São Paulo
Data: 20 de dezembro
Cotação: *****

Ancorada em apetrechos eletrônicos, vídeos e efeitos realmente especiais, a Sticky & Sweet Tour mantém a rainha Madonna no trono pop. Mesmo sem a sofisticação do The Girlie Show, com toda sua atmosfera circense e burlesca que passou pelo Brasil em 1993, mas é um espetáculo de luz, cenário e som!

Ao surgir no palco em seu trono ao som de “Candy Shop”, após abertura “candy”, Madonna já mostra que não veio para brincar. A rainha mostra no show, dividido em quatro blocos distintos (Pimp, Old School, Gipsy e Rave), canções de seu último disco, o Hard Candy. Ao som de “Beat Goes On” (segunda canção do show), a material girl faz seu primeiro contato com o público (“All right São Paulo!”), causando total efusão. Efusão que fica ainda maior quando, ainda na performance da segunda canção da noite, surge um carro inglês da década de 70/ 80 em pleno palco contendo os dançarinos da cantora e levando o público a total delírio. Mesmo ancorada em apetrechos hi-tech, ou simplesmente play-back, Madonna mostra que, aos 50 anos de idade, ainda tem uma (miúda) voz que dá bem pro gasto, como em “Human Nature”, onde a cantora toca guitarra e interpreta a canção com gestos nem sempre muito educados.

Ao ouvir ecoar as cornetas da introdução de “4 Minutes” o povo delira, mas pista falsa, a quarta canção do show é nada mais nada menos que o sucesso “Vogue”, vertido para o universo hip-hop. Tem fim o primeiro bloco do show e tem início o primeiro vídeo interlude que, além de dividir os blocos e dar tempo para uma troca de figurino, dá tempo também para a diva cinqüentona recarregar as baterias. O vídeo escolhido é “Die Another Day”, onde Madonna encarna uma boxeadora e leva o público ao delírio a cada soco!

O segundo bloco é iniciado com o hit “Into the Groove”, lançado por Madonna em seu segundo álbum, o Like a Virgin (1984). No número, Madonna pula corda (vide, sem errar) e esboça um número tímido de pole dance (dança do poste, popularizada no Brasil devido à exposição na novela Duas Caras), levando seus fiéis súditos à loucura. Um dos números menos empolgantes da noite, a balada “Heartbeat” não cresceu no palco, mesmo com apetrechos visuais e eletrônicos, a balada pouco adicionou ao show. Um dos momentos mais esfuziantes é quando Madonna empunha sua guitarra cor-de-rosa para entoar o sucesso “Borderline” de seu disco de estréia, o Madonna (1983). Momento mais interessante do show é em “She’s Not Me”, onde surgem no palco modelos fantasiadas como Madonna em expressivos momentos de sua carreira, como a vestida de noiva, relíquia da época de Like a Virgin e que também ganha um beijo na boca da material girl. Em termos visuais, o melhor momento é na balada “Music”, onde um vagão de trem grafitado é esboçado no telão e, ao abrir suas portas, os dançarinos de Madonna se jogam na pista. Finalizando o segundo bloco com um vídeo interlude inspirado na belíssima balada “Rain”, Madonna ressurge triunfal num dos momentos mais belos do show. É quando a diva interpreta a bela “Devil Wouldn’t Recognize You”, onde, envolta por uma tela gigante que esboçam o desenho de chuva, Madonna canta sobre o piano. Após o belíssimo momento, Madonna destoa outro momento insosso do show, quando interpreta “Spanish Lesson” (também do Hard Candy) e pergunta em bom espanhol: Hablas español Brasil?”, o público em coro responde “Não!”, sem entender a brincadeira a cantora continua dançando, sem parecer se importar com os erros de um de seus dançarinos que quase derruba parte do cenário. Após momento insosso, Madonna interpreta uma das mais belas baladas do último disco, a “Miles Away” que, em palco, cresce muito, e dedica a canção a São Paulo.

O roteiro do show é o mais eclético possível, abrigando até mesmo canção folclórica, como é o caso de “Lela Pala Tute”, unida ao sucesso “La Isla Bonita” e “Doli, Doli”, canção do folclore de ciganos romenos que é tocada pelo grupo Kolpakov Trio, enquanto Madonna senta-se e começa a beber caipirinha, sendo servida por um dos ciganos. Ao fim do terceiro momento mais insosso do show, o público começa a gritar em alto e bom som um “I Love You!” que é retribuído com um “I Love You Too São Paulo”. Esse é o primeiro momento em que Madonna realmente se comunica com o público e diz que quer voltar o quanto antes ao Brasil, e o país tropical não ficará fora de sua próxima turnê. Ao entoar a balada “You Must Love Me” (lançada por Madonna no filme Evita, onde interpretou a personagem principal, Evita Perón) Madonna mostra que ainda tem voz, um momento totalmente acústico que fecha o terceiro bloco da noite e dá lugar a um politizado vídeo, é o caso de “Get Stupid”, onde são mostradas diversas imagens de protesto e de entidades, políticas ou não. Ao final do vídeo um dos momentos mais vibrantes do show, quando Madonna entra com o feioso figurino robótico e canta um bloco de canções que levam o público ao delírio, caso de “4 Minutes” (com Justin Timberlake no telão), “Ray of Light” (onde a cantora pede desesperadamente que o público pule) e “Like a Prayer”, momento mais esfuziante do show, com mensagens sendo transmitidas no telão. Antes de entoar “Hung Up” em sua guitarra, Madonna interage mais uma vez com o público pedindo para que escolham uma música, o primeiro fã a ser escolhido é Roberto que pediu “Open Your Heart”, prontamente recusada pela cantora que passou a escolher outro fã que pediu que a cantora interpretasse “Holiday”, mais uma recusa, outro fã, esse mais esperto, pediu que Madonna cantasse “Express Yourself”, pedido prontamente atendido, Madonna interpretou à capella a canção e iniciou “Hung Up”, um dos momentos mais interessantes do show que foi encerrado ao som da badalada “Give it 2 Me”.

Enfim, grudenta, doce, difícil, dura, o que for, Madonna ainda mantêm seu posto de rainha do pop, e a Sticky & Sweet Tour serve apenas para reintegrá-la em seu trono

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