quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Paula perpetua intimidade com o público em DVD


Opinião de DVD
Título: Nosso
Artista: Paula Toller
Gravadora: Independente/ Microservice
Cotação: ****

Já nas lojas, o DVD que registra o belíssimo show solo de Paula Toller SóNós, o Nosso pode ser considerado como um dos melhores produtos do ano. Contendo as mesmas 20 músicas do Cd, o DVD ainda tem uma vantagem... A imagem. A imagem traduz com perfeição a intimidade que Paula tem com seu público (e não apenas com o público da banda Kid Abelha, da qual a cantora é vocalista). Mesmo tendo omitido números como
“Don’t Know Why”, “If You Won’t”, “Tudo se Perdeu” e a classuda versão de “Nada Sei”, o DVD não perde o prestígio de ser o registro do primeiro show solo de Paula. Captadas pelas lentes atentas de Lui Farias, as cenas mostram perfeito entrosamento de Paula não somente com seu público, mas também com sua troupe de músicos que se mostram (muito) afiados a cada instante do DVD, como quando é tocado de improviso a bela balada “Rústica” que ficou fora tanto do show quanto do DVD, mas que entrou no emblemático “extras” que traz belo making-of da gravação do show.

O primeiro número do DVD, a balada “? (O Que é Que eu Sou)”, mostra tremenda intimidade de Paula ao calçar as sandálias em plena cena. A primeira canção dá a idéia de um show intimista e frio, impressão essa que some logo na segunda música, a bela “Meu Amor se Mudou pra Lua”. O bloco que une o repertório inédito é fechado com “All Over” e dá espaço para duas canções saudosas, uma é “Oito Anos” (canção do primeiro disco solo de Paula, de 1998, que dá a chance de Paula exercitar o seu humor ao falar do filho Gabriel) e a tropicalista “Mamãe Coragem” de Caetano Veloso e Torquato Neto que, aliás, serviu como belo guincho para unir a balada “Oito Anos” com “Barcelona 16”, a canção de Paula que compara as dores de se despedir de um filho com as dores de um segundo parto, os quais são ilustrados por belas imagens caseiras de seu filho, esse com 8 anos, no telão. O bloco mais romântico do show é quando Paula, sobre o piano, entoa sucesso do Kid, a belíssima balada “Grand’ Hotel” que é interpretada apenas no arranjo de piano e voz. Outro belo momento é em “Um Primeiro Beijo”, onde o grande destaque é a bela iluminação.
Ao convidar para assumir guitarra e vocais em “Pane de Maravilha” Dado Villa-Lobos, Paula mostra-se ainda mais à vontade em cena, menos classuda que em “Fly me to the Moon” (onde, ancorada por belo arranjo eletrônico, deixa o palco para uma troca de vestido) e mais à vontade ainda quando desce do palco junto à banda e, com a platéia (sentada a seus pés) interpreta o hit “Saúde” de Rita Lee com batida funk e com o refrão da música “Só Love” da dupla Claudinho e Buchecha na canção. Ainda na platéia, a “kida abelha rainha” interpreta versão intimista de “Nada por Mim”. O segundo convidado da noite, o compositor Kevin Johansen empresta sua voz à bela balada “Glass (I’m so Brazilian)”, um dos destaques do disco SóNós.
Paula mostra suas diversas faces no projeto, inclusive a que tira pérolas de sua memória afetiva, como os sambas “(...) E o Mundo não se Acabou” e “1800 Colinas” (essa, com a participação de Dado Villa-Lobos no bandolim). “À Noite Sonhei Contigo” é outro destaque, canção que serviu para levantar (ainda mais) o público já no fim do show. “Derretendo Satélites” serviu como anticlímax perfeito para encerra o belíssimo show.
Nos extras a versão em espanhol da balada “À Noite Sonhei Contigo” que, com a participação de Kevin Johansen, virou “Anoche Soñe Contigo”, versão insossa, mas que deu certo como bom bônus de um dos mais belos projetos já lançados.
Enfim... Paula mostrou (mais) intimidade com seu público, deixando de lado a fama de antipática que veio cultivando em parte da carreira do Kid. Valeu.

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