domingo, 14 de setembro de 2008

A poesia das formas pela lente antenada da Cia Druw



Resenha de espetáculo de dança
Título: Sarau de Primavera – Formas Poéticas
Local: Auditório Ilza Cintra – Educandário Allan Kardec – São Paulo (SP)
Direção: Miriam Druwe
Elenco: Vários
Data: 13 de setembro
Cotação: ***


“Tudo começa com um ponto”, e, com a propícia fala de Daniela Oliveira se inicia o espetáculo Formas Poéticas. Estreado no mês de julho no Teatro Humboldt (São Paulo), o espetáculo chegou ao Auditório Ilza Cintra, na noite de 13 de setembro, mais azeitado.
Num mix de formas, o show abrigou, dentre outros, o street-dance, a dança contemporânea, tudo interligado (de forma visceral) ao teatro.
O espetáculo foi aberto com percussão corporal, onde todos os componentes (já em palco) iniciaram uma batida diferente que parava sucessivamente para que fossem pronunciadas as falas dos componentes do teatro. Um dos pontos mais altos foi à fala coletiva, citando o texto-canção "O Ponto" de Bruno Cavalcanti que, aliás, foi o percussor da canção, impondo sua potente voz que, aliás, desde o espetáculo O Circo (em que cantava canções de Noel Rosa, Ary Barroso, Caetano Veloso e Dolores Duran) não perdeu o viço.
Por falar em ponto alto, a iluminação foi um dos ápices da noite, o jogo de luzes realizado no set de street dance impressionou (mesmo com a pequena falha técnica do som que serviu como uma prova de fogo, valeu). Entre passos e falas (mais passos que falas), o espetáculo seguiu linear, porém (ainda) um pouco frouxo, como em tempos dos mais jovens, dando a impressão de “mal ensaiado”, impressão essa que sumiu logo no set seguinte, onde as cores tomaram o palco, o azul e o verde (as core vermelha e amarela apareceram na primeira parte do espetáculo), após o encerramento da cor verde (as cores eram representados por tecidos, sempre bem manuseados pelos seus respectivos “donos”) o set intitulado “rolamento de maiores” obteve autos e baixos (mais autos que baixos), foi perceptível o rosto de temor em alguns tempos, mas nada que tirasse o brilho do espetáculo que, do começo ao fim, foi muito sedutor (inclusive certos barulhos de coxia, que geraram uma curiosidade boa no público que – não – lotou o Auditório Ilza Cintra). O set mais psicodélico foi o que uniu no palco as garotas vestidas de borboletas gigantes, um primor. O final foi o mais belo possível, o quadro formado no palco para encerrar o espetáculo deu um tom abstrato (não por acaso o homenageado da noite foi o russo Wassily Kandinsky, o qual introduziu nas telas orientais a pintura abstrata), onde, ao fim, era escrito o nome Kandinsky no ar (cena herdada do espetáculo Lúdico, da mesma companhia). Enfim, apesar de meio frouxo, o espetáculo tem tudo (e mais um pouco) para ser um dos melhores pela noite (ou dia) paulistano. Vale ser visto.


Destaques:

As garotas vestidas de borboletas que deram ao espetáculo um tom psicodélico;
O segundo destaque deu-se aos falantes. As pessoas que deram o set teatral ao espetáculo.

Cena por cena, as formas tornaram-se mais poéticas.

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