domingo, 20 de junho de 2010

Blues reafirma Cyndi como a grande cantora que é


Opinião de Cd
Título: Memphis Blues
Artista: Cyndi Lauper
Gravadora: Downtown Records
Cotação: ****

Que Cyndi Lauper sempre foi uma ótima cantora (uma das melhores de sua geração) não é novidade. Também não é novidade o fato de ela ter total liberdade estilística para passear em todas as praias musicais sem maiores problemas, e é isso que faz, com maestria, neste seu novo trabalho. Com sonoridade voltada totalmente para o blues em regravações de standarts do gênero, Memphis Blues é uma grata surpresa na discografia da cantora que, da metade dos anos 90 até os anos 2000 parecia ter se perdido na sua própria obra.

Bastante diferente de seu antecessor, Bring ya to the Brink (2008), Memphis Blues mostra uma outra faceta de Cyndi, que não se apóia em apetrechos eletrônicos para mostrar toda a potência de sua voz. Ela prova que, aos 56 anos (quase 57, a serem completados terça-feira, 22 de junho), ainda mantém uma voz potente e em forma. E já prova a potência vocal na faixa que abre o álbum, “Just Your Fool” (Little Walter), que conta com a luxuosa guitarra de Charlie Musselwhite. Cyndi sabe como adaptar canções para seu universo estilístico amplo, é o que faz com “Shattered Dreams” contando com o auxílio do piano de Allen Toussaint, que, aliás, reaparece ao longo do álbum, como, já na faixa seguinte, “Early in the Morning” (Leo Hickman/ Louis Jordan), que conta também com os vocais e a guitarra de B. B King. É digno.

Cyndi mostra que também se dá bem com o blues mais melodioso, como na belíssima “Romance in the Dark”. O guitarrista Johnny Lang também comparece (e bem) em “How Blue Can you Get?”. Charlie Musselwhite também volta a apresentar a potência de sua gaita em “Down Don’t Bother Me”. Memphis Blues tem o mérito de não ser apenas mais um álbum caricato. Tem personalidade. E sua personalidade se mostra forte quando Cyndi regrava a polêmica “Don’t Cry no More”, fazendo da faixa um dos momentos mais interessantes do álbum. “Rollin’ & Tumblin” é outro momento que faz o disco crescer, contando com os vocais de Ann Peebles e a ótima guitarra de Kenny Brown, que situam a faixa num clima quase à lá faroeste. Se “Down so Low” destaca Cyndi como a grande cantora que é, “Mother Earth” não mostra a que veio, mesmo com o piano e os vocais de Allen Toussaint. “Cross Roads” faz com que o álbum retorne a sua (boa) trilha original. “Wild Women Don’t Get Blues” encerra o álbum com verdadeira chave de ouro, provando que Cyndi soube muito bem lapidar seu blues muito pessoal.

Memphis Blues, enfim, é um álbum que faz jus à cantora Cyndi Lauper, colocando-a de volta ao trono das grandes cantoras, do qual nunca devia ter saído.


Um comentário:

Anônimo disse...

SHATTERED DREAMS não é do Johnny Hates Jazz.