sábado, 2 de maio de 2009

Singular ou Plural?


A paulicéia me interessa muito! Gente cool, bonita, inteligente, estimulante, interessante... Essas são as pessoas com as quais eu gosto de me relacionar, gosto de ter uma amizade e, por vezes, um casinho (apesar de, nos últimos tempos, só ter me interessado por pessoas tapadas e ignorantes). Dentre essa paulicéia tão inteligente e interessante há sempre aqueles com maior destaque, e um destes destaques é, sem dúvida, minha querida Thaís Melendez. Seu blog Una Vida Chiles é um achado, diga-se de passagem. Eu sempre faço alusão a ele e seus textos e, desta vez, não será diferente. Thaís postou em fevereiro o texto Singular ou Plural e, com ou sem a autorização dela, reposto-o aqui para deleite geral. Fiquem ao som desta.


SINGULAR OU PLURAL

Sabe quando tu tá sozinho no ponto de ônibus e aparece aquele casalzinho simpático se amassando? Pois é, situaçãozinha desagradável essa. E é bem irônico como todos os melhores filmes estreiam no cinema justamente quando você tá sem companhia pra ir. Seus melhores amigos se apaixonam e saem em casais, bem na hora que você quer um tempo pra ficar só. Sem contar com os infelizes adjacentes que querem te apresentar a todos os amigos solteirões para ver se você desencalha de vez. A pior parte vem nas terças de tarde e nos domingos de noite, quando todas as músicas, até aquelas que você nem gosta, te fazem lembrar de relacionamentos anteriores. E mais, dizem de todas as maneiras que todo mundo tem alguém para amar: menos você.
O mais legal da foça é... bom, não tem parte legal. O legal mesmo, é que ela passa. E você acorda, como se tivesse apenas cochilado. Porém, mais confiante, mais esperançosa, e mais bonita do que nunca. Você finalmente tem tempo para ler aquele livro que comprou, e redescobre como é divertido ir ao shopping e ao cinema sozinho. Sobra tempo para se cuidar, para estudar e para sair com aqueles amigos que você não via há um tempão. As pessoas novas voltam a aparecer, e as antigas passam a ter mais valor. As que estão ao seu lado então, ganham um bônus de 20 pontos por cada sorriso que arrancam de você. A vida está bem, você está ótima. Recupera as dp's, viaja, faz planos.
Mas sempre parece que falta alguma coisa. Daí vem aquele sopro gelado, ou aquela vontade de contar pra alguém como teu chefe te elogiou semana passada. E você se vê denovo sozinho, numa bela tarde, assistindo aos ótimos programas de domingo. É quando aquele cara da locadora te liga. Ou quando você resolve chamar aquele teu amigo bacana, que tua mãe gosta, pra dar uma volta. Você não quer namorar, não quer se envolver, não quer ter absolutamente nada com ninguém. Claro, está tudo ótimo. Somar alguém a essa rotina tranquila estragaria o resultado final, pra que arriscar?
Mas será que realmente é possível ser feliz assim? Solteirão? Sem ninguém para brigar e depois fazer as pazes? O que acontece, é que somos feitos de carne e osso. Não nascemos para sermos sozinhos. Acredito na singularidade, em pessoas que são felizes sozinhas, e quem disse que não são? A nossa vida não depende de outra pessoa para ser melhor. Aliás, depende: de nós mesmos. Mas confesso que ela não seria tão entusiasmante, nem tão turbulenta, nem teria a mesma graça, se não nos apaixonássemos. Ao menos que no lugar do coração você tenha um cubo de gelo, aí meu querido, você não entenderá nada do que eu quis dizer. Porque ser solteiro é ótimo, é maravilhoso conhecer, viajar, se entregar ao mundo, a várias pessoas. Só que aí você não ganhará flores, não conhecerá sogros, não terá um único alguém, não apresentará ao seu pai, não compartilhará... e o jeito vai ser esperar sozinho na fila do cinema.

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