sexta-feira, 29 de abril de 2011

Emocionante, “Evita” dá a Capovilla status de diva



Opinião de musical
Título: Evita
Letras: Tim Rice e Andrew Llloyd Webber
Versão brasileira: Cláudio Botelho
Direção: Jorge Takla
Elenco: Fred Silveira, Daniel Boaventura, Paula Capovilla e grande elenco
Local: Teatro Alfa – São Paulo
Data: 28 de abril de 2011 (em cartaz até 31 de junho)
Cotação: **** ½

Clássico musical de Andrew Lloyd Webber e Tim Rice, Evita volta ao Brasil após quase 30 anos da primeira montagem tupiniquim, que contou com a cantora Claudya no papel título. O musical conta a história de Eva Perón, primeira dama argentina casada com o ditador Juan Perón e imagem venerada na Argentina por sua ligação com o povo pobre, chamados de “descamisados”. O musical retrata Eva como o mito que de fato foi, a “santa Evita”, como fora chamada, mas não deixa de lado também as falcatruas feitas por seu marido e pela própria enquanto tinha o apoio popular.
A segunda versão brasileira conta com a direção de Jorge Takla (que trouxe grandes clássicos para o Brasil, como O Rei e Eu, West Side Story e My Fair Lady) e com a tradução do sempre hábil Cláudio Botelho que, especialmente em Evita, dá a prova definitiva de sua excelência como versionista. Mas a grande maravilha do musical está no elenco escolhido para viver os três protagonistas. Fred Silveira mostra-se muito seguro e dá provas de seu talento ao encarnar Che, personagem que funciona muitas vezes como a voz destoante do governo Peronista, muitas vezes como a consciência de Eva. O ator tem apenas grandes momentos ao narrar a história da primeira ama argentina desde sua infância simples até o galgar rumo a fama e glamour o lado de Jan Perón; Este vivido por um também seguro e talentoso Daniel Boaventura, que emociona e coloca seu carisma a cargo de uma personagem que, originalmente, mostra-se fria e consegue grandes momentos emocionando o publico, inclusive em seu bom número solo
“Ela é um Diamante”. Mas o grande destaque está mesmo em Eva Perón. Paula Capovilla foi escolhida pelo próprio Adrew Lloyd Webber para viver a mística personagem. A atriz prova a excelência de sua voz e interpretação ao encarnar uma personagem de tons diferenciados. Desde seu primeiro grande número, “Buenos Aires”, Paula já mostra a que veio. A atriz faz com maestria a passagem do tempo na vida de Eva Perón, desde a garota inocente e determinada aos 15 anos a vencer em Buenos Aires até a aproveitadora que usa seus amantes para subir na vida até se tornar uma estrela do rádio que luta contra a burguesia. Paula consegue momentos emocionantes e convincentes, principalmente ao conhecer Perón. Seu grande momento está mesmo em “Não Chores por Mim, Argentina”, o momento mais impactante do musical, hora pelo ótimo arranjo, hora pela surpreendente versão de Cláudio Botelho e hora pela interpretação emocionante (e emocionada) de Capovilla. Vale ressaltar também o cenário simples que conta com um grande telão cobrindo todo o palco e exibindo belíssimas imagens de arquivo de Eva. Fica na memória.
A direção competente de Jorge Takla, a bela cenografia, a excelente versão de Botelho, os arranjos, o elenco de apoio (outro show a parte, um elenco que prova a excelência brasileira para os grandes musicais), um ótimo Perón, um ótimo Che e a grande cereja deste bolo, Eva.
Evita dá, enfim, a Paula Capovilla o status de diva brasileira, entrando para o hall das grandes atrizes que viverão Eva dentro do cenário musical.

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