sábado, 23 de abril de 2011

Gypsy Brasil 1 Ano: Gypsy


Há exato 1 ano aportou no Brasil a montagem do “musical perfeito”. A primeira montagem em terras tupiniquins ocorreu pelas mãos mais que talentosas da dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho. Eles tiveram a competência de encontrar os músicos perfeitos para executarem as canções perfeitas, as crianças perfeitas para dançarem as coreografias perfeitas, os atores perfeitos para darem vida aos coadjuvantes perfeitos e a atriz perfeita para dar vida à personagem perfeita. Claro que a atriz é Totia Meireles, a personagem é Mama Rose e o musical é Gypsy. O texto de Arthur Laurents com músicas de Jule Styne e letras de Stephen Sondheim estreou na Broadway no final da década de 50 e demorou mais de 40 anos para aportar no Brasil. No entanto, quando aportou, ficou para a história.
Fazer uma sinopse do musical é extremamente complicado, principalmente por ser uma história densa que gira em torno de uma personagem principal: Mama Rose! A personagem mais emblemática e difícil do teatro musical. Mama Rose equivale ao teatro musical o mesmo que Hamlet equivale ao teatro clássico. Portanto, como essa personagem é tão emblemática, me limitarei a contar sua história, deixando que a própria se entremeie com a estória do espetáculo. Em primeiro lugar a história contada em Gypsy é verídica, ou seja, Mama Rose realmente existiu. Se ela foi como é retratada no musical não sei, mas que sua intensidade e dramaticidade mereciam os palcos, isso é bem verdade. Rose tinha um sonho: transformar sua filha June em uma estrela. Ela colocava a garota para cantar em teatros, casas, no que fosse possível Rose fazia com que sua filha apresenta-se seu número acompanhada da irmã, Louise. Rose conhece Herbie e ambos iniciam um relacionamento que não passa de um relacionamento quase casual, afinal Rose recusa-se a casar até conseguir que sua filha alcance o estrelato. A história muda de figura quando June decide abandonar a mãe e foge ao lado de Tulsa (paixonite da irmã Louise) para tentar o estrelato por si própria. A perceber que suas chances estavam por um triz Rose decide mudar o foco do estrelato e lutar para que a filha Louise torne-se uma estrela do então já falido teatro de variedades. Quando, por descuido de Herbie, todos acabam num teatro burlesco Rose incentiva a filha a fazer uma ponta num espetáculo, incentivando-a mais tarde a fazer o espetáculo de strip-tease, mas sem tirar toda a roupa. Assim nasceu a strip-lady (método adotado por Dita Von Teese) e assim nasceu Gypsy Rose Lee, a striper norte americana que escreveu sua biografia e deu origem a este musical.
Nossa montagem estreou no Rio de Janeiro e depois veio aportar em São Paulo, no Teatro Alfa, onde tive a oportunidade de assistir nada mais nada menos que 12 vezes! Desde a pré-estreia até o quase penúltimo dia. Foi uma emoção atrás da outra. A produção brasileira é uma das mais caprichadas que tive a oportunidade de ver. Em vídeo vi montagens com Patti LuPone e Bernadette Peters e, confesso, nossa montagem, até em vídeo, me agradou mais. Nossa Mama Rose também me agradou muito mais. Totia Meireles deu vida a uma Rose simplesmente impossível de não se afeiçoar. Não dá para não entender e por vezes (muitas vezes) até torcer por Rose. Ela é a grande estrela e nós temos (nós seres humanos) a tendência de sempre torcer pela estrela principal. Essa é a mágica de Gypsy.
Este tornou-se meu musical favorito por muitos aspectos: a música simplesmente inebriante (impossível sair do primeiro ato sem cantarolar
“Everything Coming up Roses” e do final sem cantarolar “Rose’s Turn"), as coreografias sem igual (durante todo o primeiro ato a vontade que tive era a de subir no palco e começar a dançar junto – depois que assisti pela sétima vez já tinha decorado boa parte da coreografia), as personagens sem igual (quem sai do primeiro ato sem morrer de raiva da June? E ao final da peça sem um amor intenso pelas três stripers Mazzeppa, Tessie Tura e Electra?). Gypsy é perfeito e nossa montagem conseguiu transcender a perfeição da beleza de cenário, da exatidão da tradução de texto e letras, da execução das canções... Tudo isso capitaneado pela grande dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho. Só de citar o nome destes dois já se diz tudo.
O fato é que este é um musical perfeito que contou com um elenco perfeito. Uma Gypsy excepcional (a melhor que tive chance de ver) interpretada por Adriana Garambone, uma June realmente encantadora, interpretada pela querida Renata Ricci, um Herbie carismático e exato interpretado por Eduardo Galvão e uma Mama Rose inclassificável, impossível de descrever, interpretada pela diva mor Totia Meireles. E quando digo que sua Mama Rose é indescritível não exagero pelo fato de que ela realmente é. A emoção de Totia, sua maestria com a personagem feminina mais temida de todo o teatro musical, tudo isso é impossível de descrever em palavras. Sua Mamma Rose disputa o primeiro lugar (a meu ver) com a de Bette Midler e as de Ethel Merman e Patti LuPone. Mas Totia está acirrada com Bette que também é uma das melhores.
E é por esse amor a Gypsy, por este musical de grande excelência que entro em campanha: volta Gypsy. É um espetáculo que deveria voltar a entrar em cartaz e nunca mais sair. Mamma Rose é eterna. Ela merece ser eternizada também no Brasil, assim como Totia merece o Tony por sua Mama. “I have a dream, a wonderful dream” e o sonho é o retorno de Gypsy o mais rápido possível... com Totia como Mama, claro!


Gypsy

Um comentário:

Valdelice F. S. disse...

Totia... foi um arraso!!!! Amo muito!!!