sábado, 5 de fevereiro de 2011

"Hairspray" saiu dos palcos e chegou vibrante à tela


Dos Palcos às Telas
Opinião de filme musical
Título: Hairspray
Direção: Adam Shankman
Roteiro: Leslie Dixon
Elenco: Nikki Blonsky, Michelle Pfeiffer, John Travolta, Amanda Bynes, Christopher Walker, Queen Latifah, Elijah Kelley, Zac Efron e outros.
Distribuidora: New Line Cinema
Ano: 2007
Cotação: **** 1/2

Refilmagem do filme homônimo, de 1988, Hairspray chegou às telas em 2007 após se tornar um grande sucesso da Broadway nos anos 80, 90 e 2000. O filme se passa na cidade de Baltimore em 1962 e conta a história de Tracy Turnblad, uma adolescente acima do peso, ótima dançarina e cantora que sonha em se tornar uma das dançarinas do Corny Collins Show, o programa mais badalado de sua cidade. Tracy faz teste para entrar no programa e, após muita luta, consegue se tornar uma das dançarinas fixas do programa, no entanto terá de lidar contra Velma Von Tussle, produtora do programa, e sua filha Amber Von Tussle, que são contra sua entrada no programa e contra a integração racial, pela qual Tracy luta pelo respeito aos direitos e pelo o que é certo. A história de Hairspray é uma crítica muito bem humorada e divertida de uma sociedade conservadora da década de 60 que ainda tem sua base conservada hoje em dia.

O filme conta com um elenco de peso. No papel da mãe obesa de Tracy está um impagável John Travolta que, após diversas tentativas de emplacar um sucesso, encarna Edna Turnblad, mãe de Tracy que pesa em torno de 200 kg. A rigor, Travolta nunca conseguiu emplacar nenhum sucesso após os musicais Grease e Nos Embalos de Sábado à Noite. Hairspray foi o grande momento do ator. Outro nome que também brilha no filme é o de Michelle Pfeiffer na pele da vilã Velma Von Tussle. Michelle encarna uma vilã sexy e com grandes momentos, e mostra que é uma atriz que canta bem e não deve nada a nenhuma outra (isso fica provado em seu número solo, “Miss Baltimore Crabs”). Mas o grande sucesso de Hairspray não está em nenhum dos grandes nomes que compõem este espetáculo cinematográfico. O grande destaque é da estreante Nikki Blonsky, que vive a protagonista Tracy Turnblad. A atriz estreante é a grande surpresa do filme. Ela dança e canta muito bem, sem contar que convence sem nenhum problema que sabe atuar! Nikki dá um show também quando se junta a Amanda Bynes, que encarna a melhor amiga de Tracy, Penny Pingleton. Aliás, Amanda mostrou terna evolução em cena. A atriz mostrou carisma e muito domínio do canto e da dança. Outro que rende muito também é Elijah Kelley, que encarna um encantador Seaweed Stubbs. Aliás, todo o elenco que dá corpo à parcela negra dá um show. Destaque para a pequena Inez de Taylor Parks e para a Motormouth Maybelle de Queen Latifah, que evoluiu muito desde sua Mama Morton de Chicago em 2002. O nome que menos rende em todo o elenco é o de Zac Efron, que encarna o mocinho da trama, Link Larkin. Zac construiu um Link extremamente monótono, que lembra demais sua personagem na franquia High School Music. Não rende.

Elenco a parte, o que realmente torna Hairspray vibrante são suas canções. Já no número de abertura, “Good Morning Baltimore” já é possível se ter uma ideia do quanto o filme é vibrante. Todas as canções de Nikki são ótimas. Destaque para Michelle Pfeiffer em “Miss Baltimore Crabs” e para John Travolta em todas as suas cenas musicais. O ator consegue, enfim, um destaque. Há também “The Nicest Kid in Town”, cantada por James Marsden (o Ciclope da franquia X-Man) que tem bom desempenho na pele de Corny Collins. Há também Christopher Walken, que vive Wilburt, pai da protagonista. O ator tem um dueto singelo com John Travolta em “(You’re) Timeless to Me”. E, por fim, Queen Latifah, eu canta a divertida “Big, Blonde and Beautiful” (que conta com uma reprise sexy, num dueto de Michelle e Travolta) e a canção mais bela do filme: “I Know Where I’ve Been”. Emocionante. A fotografia é bela e os cenários são o único pecado. Todos parecem muito fantasiosos, nada realmente beira ao normal. Os figurinos estão ótimos, mas a maquiagem pesou a mão ao transformar Travolta em Edna. Ela mais parece uma boneca de porcelana em suas primeiras cenas.

Enfim, Hairspray é vibrante no palco e na tela. Ponto para Adam Shankman, que, salvas algumas ressalvas, mostrou-se competentíssimo ao refilmar o projeto de John Waters (que contou com um ótimo roteiro de Leslie Dixon, nesta nova versão). Na balança final, Hairspray pesa pelo lado da competência de um ótimo filme. Tão bom quanto o (ótimo) musical que o originou (trazido ao Brasil em 2009 e 2010 pelas mãos competentes de Miguel Falabella).

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