sábado, 12 de fevereiro de 2011

"Burlesque" decepciona, mas Cher emociona


Opinião de filme musical
Título: Burlesque
Direção: Steven Antin
Roteiro: Steven Antin, Susannah Grant e Keith Merryman
Elenco: Cher, Christina Aguilera, Stanley Tucci, Eric Dane e grande elenco
Cotação: ** 1/2

Uma das estréias mais aguardadas de 2010/ 2011, Burlesque chegou oficialmente às telas de cinemas brasileiros ontem, 11 de fevereiro de 2011. A promessa era a de que o drama musical reavivasse na memória de todos a qualidade dos antigos musicais que tinham o cenário burlesco como ponto de partida e chegada. Burlesque tenta e realmente se esforça, mas não chega lá. Os clichês nos quais o musical se afoga acabam por prejudicar o saldo final do filme.

O enredo conta a história de Ali/ Alice (Christina Aguilera), uma garota interiorana que decide deixar sua cidade e seguir em busca de seu sonho de ser uma grande cantora e dançarina. Ela acaba em Los Angeles e, em busca de uma oportunidade, se depara com o clube Burlesque Lounge, um antigo clube de sucesso que hoje dá seus últimos suspiros e tem como dona a dançarina aposentada, Tess (Cher), que batalha para manter o clube de pé enquanto tenta pagar suas contas. Ali se envolve com seu colega de quarto e de trabalho, Jack (Cam Gigandet) que, mesmo noivo, se apaixona pela moça. Ali também se envolve com o rico Marcus Geber (Eric Dane), que deseja a todo custo comprar o clube de Tess.

Enfim, a sinopse em si já é um grande clichê, mas tudo em Burlesque soa repetitivo. Parece um déjà-vu de filmes como O Diabo Veste Prada, Marley & Eu, Moulin Rouge e Cabaret. Stanley Tucci está extremamente repetitivo. Ele faz em Burlesque exatamente o que fez em O Diabo Veste Prada. Até a cena em que Sean (Stanley) dá as roupas para Ali é exatamente igual à cena em que sua personagem dava roupas à Andy (Anne Hatway) em O Diabo Veste Prada. Outro que também se repete é Eric Dane que, desde que assumiu o posto de um dos protagonistas de Grey’s Anatomy sempre faz a mesma coisa. Até em Marley e Eu o ator se repetiu. Agora, é difícil descobrir se o problema é a atuação dos atores, a direção que mostrou-se muito frouxa ou o roteiro sem imaginação. Vale ressaltar também a atuação sem sal de Christina Aguilera, que tem em Burlesque sua estreia nos cinemas. A cantora mesclou cenas sem nenhuma inspiração (como as que tenta ganhar um espaço ao sol em Burlesque ou quando flerta com Marcus) com cenas divertidas e bem trabalhadas (todas divididas com um hilário Cam Gigandet que, desde sua participação em The O.C tem dado um show em tudo que aparece – até no vergonhoso filme Crepúsculo). Christina tem ótimos momentos apenas quando coloca sua forte voz à cargo do filme. Não é à toa que das 10 canções ela cante 8. O único problema é ainda na direção quando Ali sonha passar do chão para os palcos cantando uma das canções das garotas. Momento á lá Roxie Hart em Chicago. Chegou a ser vergonhoso.

O filme realmente vale à pena pela ótima interpretação de Cher. Todos os momentos que exigem um teor de emoção mais aguçado ficaram para a hábil cantriz. Cher encarna uma Tess forte e interessante. Ela canta apenas duas canções e faz, sem nenhum esforço, que as canções sejam as melhores do filme. “Welcome to Burlesque” é a primeira canção que Cher canta e já dá toda a ideia do que se trata o musical. A cantora ainda passa por ótimos momentos, mas os melhores são quando vive um momento maternal com Ali e quando quebra o vidro do carro de Nikki (Kristen Bell). Cher realmente arrasa, até quando faz uma cena sem imaginação como a que canta “You Haven’t see the Last to Me” (que levou um Globo de Ouro de melhor canção) em uma grande cena cheia de emoção. Cher vale o filme.

Enfim, Burlesque é um filme repleto de clichês, mas, se você é fã do gênero burlesco vale à pena conferir pelos ótimos números musicais e pelos ótimos momentos de uma cantora que merece sempre mais, e viva Cher!

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