segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Lucina e Arthur no singelo sabor do show de Zélia




Opinião de show
Título: Pelo Sabor do Gesto
Artista: Zélia Duncan (com participações de Arthur Nestroviski e Lucina)
Local: Teatro do Sesc Pinheiro - SP
Data: 31 de janeiro de 2010
(em cartaz nos dias 05, 06 e 07 de fevereiro)
Cotação: *****
Fotos: Bruno Cavalcanti

18h, São Paulo entre a chuva e o temporal. Alguns pontos com garoa e outros pontos extremamente secos. Foi essa mudança climática que talvez tenha deixado o público que lotou o teatro do Sesc Pinheiros, na noite de domingo (31), ávido para ver o show de Zélia Duncan. Terceiro show da temporada de 6 dias que a cantora fará no Sesc da capital paulista, a noite foi abrilhantada pela singeleza e delicadeza de Zélia.

Pelo Sabor do Gesto, o show, é tão bom quanto (ou até melhor que) o ótimo disco que o deu origem (lançado em 2009 e se destacando como o melhor projeto do ano). O show é delicado, mas sem perder a veia pop e contemporânea que adorna toda a discografia de Zélia.

O show foi aberto com “Boas Razões” (versão de Zélia para canção francesa, da trilha do filme Les Chansons D’Amour), seguida de “Ambição” (Rita Lee) e um dos belos momentos tanto do álbum quanto do show, “Telhados de Paris”. A cantora soube criar intimidade com seu público, talvez por isso fosse tão nítida a emoção ao enfileirar “Se um Dia me Quiseres” e “Intimidade”. A cantora foi certeira. Hit do último álbum, “Tudo Sobre Você” agitou o público que aplaudiu efusivo logo aos primeiros acordes. Zélia pode. E tanto pode que sente total liberdade não só de tocar todas as faixas do álbum, como de apresentar canções “do fundo do baú” musical, como é o caso de “Felicidade”, a canção de Luiz Tatit levada por Zélia com muito bom humor. Ótimo momento. O roteiro do show é muito bem costurado, mérito também para a diretora do show, Ana Beatriz Nogueira. Inteligente foi enfileirar canções do novo álbum, mas sempre conhecidas pelo público. “Esporte Fino Confortável”, “Aberto”, “Se eu Fosse” e “Duas Namoradas”. Momento tão interessante quanto “Defeito 10: Cedotardar”, divertida canção de Tom Zé, também retirada do baú musical de Zélia. A cantora sabe contar histórias. E foi com bom humor e inteligência que apresentou “Todos os Verbos”, contando a história de como fez a canção inspirada na fala gestual. Tanto se inspirou que, ao final da canção, Zélia cantou usando libras (a fala gestual brasileira), um dos momentos de sensibilidade e delicadeza que fizeram deste show um dos melhores apresentados no ano de 2009. Momento mais intimista, o set que uniu “Pelo Sabor do Gesto” e “Os Dentes Brancos do Mundo” foi o mais emocionante do show, que contou também com homenagem ao cinqüentenário da carreira de Roberto Carlos. A cantora explicou a implicância que tem com grandes sucessos e por isso, e só por isso, decidiu escolher uma canção mais desconhecida do repertório do “rei”. Do mesmo disco de “Detalhes”, Zélia decidiu interpretar a interessante “I Love You”, samba buliçoso, mas com boa pegada pop. Outro dos momentos que faz com que os shows de Zélia Duncan sejam únicos. A cantora já tinha, desde o início do show, o público em sua mão. Então foi fácil manter a concentração em “Sinto Encanto” (com destaque para o ótimo jogo de luzes) e que os versos de “Flores” fossem cantados com intensidade pelo público que, em determinado da canção, jogou pétalas de rosas na cantora. Sensibilidade, essa é a palavra chave! “Nem Tudo” encerrou o show do modo que deveria: pra cima. Os versos: “nem tudo que acaba aqui deixa de ser infinito” foi repetido pelo público com a crença que o show de Zélia é, sim, infinito.

Quando já se imaginava que o show não poderia melhorar, Zélia provou o contrário. No BIS a cantora agradou a todos os fãs. Num longo BIS de 4 canções, Zélia cantou sozinha no violão o hit “Catedral”, deixando o público completamente embebedado de beleza. O show, já no final, contou com duas participações especiais. O primeiro convidado foi o violonista Arthur Nestrovski, que tocou seu delicioso violão enquanto Zélia interpretava “Janelas Abertas” (a canção de Tom Jobim e Vinicius de Moraes que Zélia gravou em seu ótimo álbum Eu me Transformo em Outras), foi um outro momento delicado que recebeu merecidos aplausos efusivos da platéia. A segunda convidada foi a cantora Lucina. Parceira recorrente na discografia de Zélia, Lucina fez belo dueto em “Eu não Sou Eu”, uma das canções mais belas, gravada por Zélia no álbum Pré-Pós-Tudo-Bossa-Band. A cantora ainda usou de bom humor quando um fã pediu “Alma”, antes do dueto. O pedido foi atendido apenas no número final, quando Zélia encerrou, junto à banda, um dos melhores shows já apresentados nos últimos tempos. Destaque também para a ótima banda (apresentada durante a execução de “Esporte Fino Confortável”).

Pelo Sabor do Gesto – o show, é uma das grandes belezas que Zélia Duncan tem para apresentar. Ótimo show que merece ser registrado em DVD. Valeu.


2 comentários:

João Garrido disse...

Excelentes comentários sobre um show que é INESQUECIVELMENTE maravilhoso! Parabéns!

Anônimo disse...

Querido, o seu comentário é chocante, simplesmente maravilhoso, realmente você descreveu de uma maneira tão singela e profunda se a gente fechar os olhos a gente consegue se sentir lá no meio da platéia, curtindo tudo de bom junto com ela.
Parabéns a ela pelo Show e a você pôr esse comentário lindo, na realidade sem comentários.... valeu.
Beijos com carinho.