terça-feira, 10 de novembro de 2009

Bethânia arma “festa do interior” em belo disco


Opinião de Cd
Título: Encanteria
Artista: Maria Bethânia
Gravadora: Quitanda/ Biscoito Fino
Cotação: **** 1/2

Encanteria é o nome do primeiro dos dois discos que Maria Bethânia lança neste ano de 2009 via Biscoito Fino. Diferente de seu gêmeo, Tua, Encanteria é um projeto pessoal de Bethânia, produzido por seu selo Quitanda. A idéia de Bethânia neste disco é focar a devoção à religião e a festa do interior. E Bethânia faz isso calcada, na maior parte, nas canções de Roque Ferreira. Das 11 canções, 4 são de Roque.

Bethânia abre o disco de forma contida, auxiliada apenas pelo som do piano para interpretar “Santa Bárbara” (Roque Ferreira). A segunda faixa do disco, também de Roque, já dá o tom festivo do disco. “Feita na Bahia” é um dos destaques do disco, relembrando as raízes baianas da abelha rainha. “Coroa do Mar” também não fica pra trás, mostrando sua importância na festa do interior montada por Bethânia.

A faixa-título, “Encanteria”, de Paulo César Pinheiro, é o destaque do disco. Assim como “Saudade Dela” (bela homenagem a Dona Edith do Prado, morta neste ano de 2009) se destaca pela bela letra e pela luxuosa presença de Gilberto Gil e Caetano Veloso. Inspirado, Paulo César Pinheiro colocou swingue em “Linha de Caboclo”, swingue que se diluiu em “Estrela”. A bela canção de Vander Lee é destaque na obra autoral do compositor e deu ao disco um ar romântico-festivo, relembrando as festas de São João do interior.

Os acertos do disco praticamente diluem os erros raramente perceptíveis. Se “Doce Viola” não é a composição mais interessante do maestro da cantora, Jaime Além, “Minha Rede” (Roque Ferreira) é um marco de beleza. Beleza que também está presente na citação popular de “Batatinha Roxa” (Domínio Público) durante a ótima “Ê Senhora” (Vanessa da Mata).

A festa de Bethânia perde a força e (mais uma vez) ganha a fé em “Sete Trovas”, mas, desta vez, a fé é na música. A canção (que é parceria de Consuelo de Paula, Etel Frota e Rubens Nogueira) se destaca como uma das mais belas do disco.

Bethânia armou com exatidão sua “festa do interior” e sua encanteria. Valeu.


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