sábado, 1 de outubro de 2011

Hyldon: “Sou um compositor popular que acredita no que faz” – Em entrevista, a lenda do Soul nacional fala de sua tragetória musical.




Aos 7 anos de idade, o Baiano trocou a cidade de Senhor do Bonfim/BA para morar no Rio de Janeiro. Em 1965 sob influência dos Beatles, montou a banda “Os Abelhas” e passou a fazer vários shows em Niterói e cidades vizinhas. Em seguida, foi convidado a ser o guitarrista reserva da banda The Fevers. Aos 17 anos teve sua primeira música gravada e a partir daí começou a ser reconhecido também como compositor, gravando com nomes como Wilson Simonal e Jerry Adriani.

Passou a participar de produções musicais de grandes nomes da nossa musica, entre os quais Erasmo Carlos e Wanderléa. Seu primeiro disco "Na rua,na chuva, na fazenda" - mesmo nome de um de seus maiores Hits - foi lançado em 1975. No ano seguinte, chegava as lojas seu segundo trabalho "Deus, A natureza e a Música", um disco praticamente autoral que trouxe a parceria com Caetano Veloso - "Primeira pessoa do singular". Sua discografia ainda inclui os álbuns Nossa história de amor ( 1977), Sabor do Amor (1980), Coração Urbano (1987), Hyldon (1989), O vendedor de sonhos (2003) e Soul Brasileiro (2009), que será relançado este mês pelo seu selo DPA discos."Resolvi remexer, colocar guitarras, vocais e remixar, ficou outro disco", conta. Podemos destacar ainda duas coletâneas que são bastante vendidas até hoje: Velhos camaradas - Vol. 1 e 2, que reúne sucessos dele e de seus grandes parceiros musicais: Tim Maia e Cassiano. “O Tim foi meu grande Mestre e ter me tornado parceiro e amigo dele foi um presente dos Deuses”.


Considerado um dos maiores representantes da soul music no Brasil, Hyldon é o meu entrevistado da semana.


Priscila Toller : No início da carreira você chegou a ser meio que um integrante "Reserva" da Banda The Fevers. Como foi essa experiência?


Hyldon : Foi maneiro. Eu tinha 16 anos e as gravações eram com todos os músicos de uma vez, já que só haviam 2 canais. Me saí bem e passei a reserva oficial, até que uns 2 anos depois tomei meu próprio rumo e comecei a trabalhar independente dos Fevers, além de tocar nas bandas de vários artistas com Wilson Simonal, Toni Tornado, Os Diagonais e Tim Maia entre outros.


P. T : Em algum momento pensou em não seguir a carreira de cantor?


Hyldon : Nunca pensei em ser "cantor" eu queria gravar minhas músicas e do jeito fazendo os arranjos e tocando,juntando as três coisas que amo fazer ,cantar,compor e tocar.


P. T : Você foi parceiro do Tim Maia. Como era trabalhar com ele?


Hyldon: Era maravilhoso. Eu, antes de conhece-lo, já era amarrado em Soul Music e o Tim que havia morado nos USA durante 5 anos era a personificação do Harlem na minha frente, um cara que adorava passar seus conhecimentos. Gravei quase todos os discos dele da década de 70 tocando guitarra e tocava baixo nos shows. O Tim foi meu grande Mestre e ter me tornado parceiro e amigo dele foi um presente dos Deuses!


P. T : "Na rua, na chuva, na fazenda" é um HIT bastante conhecido do público. Os mais jovens a conheceram primeiramente na década de 90, pelo Kid Abelha. Quando fez essa canção, imaginava que faria tanto sucesso assim?


Hyldon : Sempre quando termino uma música acho que ela vai ser um grande sucesso. Sou um compositor popular que acredita no que faz e coloca a alma nisso.


P. T : Como surgiu a idéia de formar a Banda Zona Oeste?


Hyldon : A Banda Zona Oeste é a Banda que me acompanha nos shows há 7 anos. São músicos escolhidos a dedo, e a gente se junta pra se divertir, deixo eles bem à vontade. Tentamos mudar o nome pra Brasil Samba Soul mas não pegou internamente, continuamos chamando de Zona Oeste.


P. T : Você é um artista consagrado, com muitos anos de carreira e vários cds lançados. Como vê a presença de tanta gente jovem nos seus shows?


Hyldon : Maravilhoso,o Brasil tem a música mais rica do mundo e cada vez chega mais gente nova e talentosa,eu procuro acompanhar as novidades e interagir,assim ensino o pouco que sei e aprendo muito com eles.


P. T : Dos tempos de início de carreira, do que você mais sente saudade?


Hyldon : O tempo que tínhamos um disco novo como um Marvin Gaye ou Stevie Wonder. Era escutado milhares de vezes, era absorvido, hoje é muita música, o processo é mais de copiar ou samplear do assimilar. Mas não dá pra comparar, tem prós e contras.


P. T : Recentemente você compôs com a Céu e o Arnaldo

Antunes. Como foi fazer essa parceria?


Hyldon : Um experiência maravilhosa,a Céu eu acompanho desdo primeiro trabalho, adoro sua voz, sua maneira de compor, e o Arnaldo que vir a conhecer no Programa dele na MTV, o Gremio Recreativo, e nos tornamos amigos, aquele lance de afinidade,parece que nos conhecemos há séculos, começamos a compor e deu a maior liga, de repente descobri que a Céu faz aniversário no mesmo dia que eu,17 de abril,então ela se encaixou comigo e o Arnaldo e já compomos duas músicas lindas os três.


P. T : Fale um pouco sobre a Edição extra do CD “Soul Brasileiro”.


Hyldon : Estou finalizando esse disco que lancei em 2009 quase sem divulgação, resolvi remexer, colocar guitarras, vocais e remixar, ficou outro disco. Ainda tem uma faixa interativa - um vídeo clipe da música Brasilian Samba Soul dirigido pela Malú Schroeder, e aos quarenta e quatro do segundo tempo a MTV liberou uma música que fiz no programa do Arnaldo, o "Estão dizendo por aí". Então o disco que já tinha trinta e poucas participações (Chico Buarque,Zeca Baleiro,Carlinhos Brown,Roberto Frejat,Vercillo,Tunai,Carlos Dafé,Dalto dentre outros) ganhou mais 11 cabeças, a galera do Nação Zumbi (Dengue,lúcio Maia,Pupillo) Edgar Scandurra, Dustan Gallas, Gui e Rica Amabis, Céu, Karina Buhr, Arnaldo Antunes e o Seu Jorge. Soul Brasileiro - Edição Extra sai em outubro pelo meu selo a DPA Discos.


P. T : Como é ser um dos maiores representantes da Soul music no Brasil?


Hyldon : Fico muito honrado, mas, minha preocupação é estáantenado e produtivo.Em baile de cobra, sapo não dança.


(Por Priscila Toller)

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