quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Trilha de “Promises” se sustenta melhor fora de cena


Opinião de Cd
Título: Promises, Promises
Artista: Sean Hayes, Kristin Chenoweth, Tony Goldowyn, Katie Finneran e outros
Gravadora: Sony Music
Cotação: **** 1/2

Musical norte americano que cumpre concorrida temporada na Broadway neste ano de 2010, Promises, Promises teve sua (solar) trilha lançada em Cd pela gravadora Sony Music. O álbum, que não chegou ao Brasil, tem em seu “cast” o mesmo elenco da montagem norte americana, que tem como destaques a veterana Kristin Chenoweth e o estreante Sean Hayes (que debuta no teatro musical neste espetáculo, mas que já brilha na TV desde que foi coadjuvante da série Will & Grace). As canções de Burt Bacharach, Hal David e Neil Simon são, sem dúvida, o grande ponto alto do espetáculo, que conta a história de um empresário que se apaixona por sua secretária. Uma típica comédia norte americana que, apesar de clichê, parece ter funcionado.

Logo na abertura do álbum já é nítida a leveza e o tom sempre alegre (quase festivo) que pontua a maior parte da trilha. Sean Hayes sola a segunda canção, a boa “Half as Big as Life”, mostrando que tem bons dotes para o canto. São dele também os solos “Grapes of Roth” e “Upstairs” que apenas reiteram os dotes vocais do ator-cantor. Sean também não faz feio quando encara um singelo dueto com Kristin Chenoweth em “You’ll Think of Someone”. Kristin, aliás, é o grande destaque do álbum. Mesmo não se destacando no musical, a atriz-cantora consegue reinar soberana nesta trilha, visto que sola grandes temas como “I Say a Little Prayer”, “A House is not a Home”, “Knowing When to Leave” dentre outras. Aliás, as duas primeiras canções não faziam parte do roteiro original do musical, mas foram inseridas especialmente para que Kristin pudesse brilhar. Coisa que, em cena, não acontece, mesmo que “I Say a Little Prayer” seja um dos grandes destaques do álbum. Canções menores, “Where Can you Take a Girl” (interpretada por Brooks Ashmanskas, Peter Benson, Sean Martin Hingston e Ken Land) e “Whating Things” (por Tony Goldwyn) tem maior efeito em cena. Já “Turkey Lurkey Time” (Megan Sikora, Mayumi Miguel e Cameron Adams) soa divertida e festiva, mostrando que funciona também fora de cena. Dueto de Sean Hayes e Katie Finneran, “A Fact Can Be a Beautiful Thing” soa tão divertida em estúdio quanto ao vivo em cena. Mérito de Katie que, não apenas rouba a cena de Kristin, mas que também se mostra desenvolta e marca presença em sua única canção. Mais um solo marcante de Kristin é “Whoever You Are, I Love You” que apenas reitera a imagem de diva que a atriz conseguiu construir dentro do teatro musical ao longo dos seus 42 anos de vida. E é inacreditável que Kristin consiga manter em sua voz uma marca forte e intensa sendo discípula assumida do botox, que deixaram seu rosto com um ar lúdico, de boneca de cera. E é no final, com o estrondoso sucesso “I’ll Never Fall in Love Again” que Kristin, ao lado de Sean num ar meio bossa-nova, dá a cartada final e arrebata a qualquer um que ouça esta trilha. A canção é tão forte que, mesmo após o encerramento onde Sean sola a canção tema, “Promises, Promises”, a dupla volta para uma reprise de “I’ll Never Fall in Love Again” com direito a um tema instrumental jazzístico. Lindo.

Enfim, mesmo não sendo a melhor das comédias em cartaz (ou talvez não seja a melhor das comédias de Kristin Chenoweth), Promises, Promises vale muito pelo seu roteiro delicioso que, solar, está no tom certo.

Nenhum comentário: