domingo, 13 de novembro de 2011

As Bruxas de Eastwick é espetáculo mágico e cômico


Espetáculo de John Dempsey e Dana P. Rowe inspirado no livro homônimo de John Updike, As Bruxas de Eastwick aportou no Brasil em agosto deste ano de 2011 na parceria inédita entre a produtora Time 4 Fun e a dupla de diretores Charles Möeller e Cláudio Botelho, referência do teatro musical no Brasil. O espetáculo estreou em Londres e teve poucas montagens pelo mundo, tendo aportado em países como Austrália, Rússia, República Tcheca e Estado Unidos numa montagem off-Broadway.

O espetáculo conta a história de três amigas (Alexandra, Jane e Sukkie) que vivem numa cidade interiorana nos Estados Unidos, comandada pela presidenta da sociedade de preservação, adepta aos bons modos e costumes, Felicia Gabriel. Mas a pacata cidade acaba por virar de ponta cabeça com a chegada de Daryl Van Horne, novo morador da cidade que realiza os sonhos mais secretos das três amigas, dando-as a felicidade que tanto desejavam.

Encabeçando o elenco principal estão Maria Clara Gueiros (Alexandra), Renata Ricci (Sukkie), Sabrina Korgut (Jane) e Eduardo Galvão (Daryl), além de ótima participação especial de Fafy Siqueira no papel de Felicia Gabriel. As três bruxas têm ótimo entrosamento em cena, cada qual com sua peculiaridade. Maria Clara Gueiros tem um tempo de comédia impagável, Renata Ricci tem ótima personalidade em cena e Sabrina Korgut se destaca por sua deliciosa voz, se sobressaindo encantando a plateia logo no primeiro número conjunto das três: “Ele é Meu”. Eduardo Galvão também se sai muito bem como Daryl, mostrando ser ótimo ator versátil ao encarnar um cafajeste diabólico que encanta o público logo de início. Mas é impossível não destacar de todo o elenco a maestria de Fafy Siqueira. A atriz se sobressai de todo o elenco por sua personalidade cênica, fôlego e voz característica. A atriz dá à vilã uma graça e leveza sem iguais. Sua parceria com Renato Rabello (intérprete de Clyde, seu marido) é mais uma graça do espetáculo. O ator também tem um tempo de comédia genial, colocando cacos deliciosos no espetáculo e formando uma dupla sensacional com Fafy.

O musical é regado a magia, mesmo sem ter, de fato, uma grande canção dentro de seu repertório, o espetáculo encanta principalmente pelos efeitos cênicos, que chegam a seu ápice no fim do primeiro ato, quando, alçadas por um cabo e favorecidas por bela iluminação, as bruxas voam pelo palco e por cima da plateia, gerando total efusão. Lindo.

A direção de Charles Möeller continua irretocável, conseguindo colocar cada ator em seu tempo devido. Apenas Galvão tem um ou outro erro dentro de sua personagem, mas nada que comprometa a construção genial do espetáculo. A tradução feita por Cláudio Botelho também favorece todo o elenco ao dar um toque abrasileirado ao espetáculo. Sem medir palavras ou “palavrões”, a tradução de Cláudio soa interessante e agradável aos ouvidos do espectador, que não vai ao teatro esperando ver um musical politicamente correto. E isso fica evidente em diversas canções, como “Dançar com o Demônio” (que sobressai André Torquato, talento descoberto em Gypsy) e “Podre” (solo derradeiro de Felicia Gabriel estrelado por uma genial Fafy Siqueira e um bêbado assassino, Clyde.)

Enfim, vale à pena ver As Bruxas de Eastwick se você quer rir, se divertir e se encantar sem ter de apelar ao politicamente correto. Valeu.

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